ALEMANHA 3 x 1 BRASIL
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 20/01/2015)
Dias
atrás, as redes sociais postaram uma piada que podia não ser engraçada, mas não
deixava de ser alarmante. Alguém reproduzia palavras, frases e nomes que
estavam entre os mais ouvidos e pronunciados no Brasil em 2014, estando entre
elas termos como protesto, crescimento zero, inflação, corrupção, Petrobrás, institutos
de pesquisa, eleições e... gol da Alemanha!
Pode
parecer brincadeira, mas cada uma destas palavras encerra um drama, uma
angústia, um alerta ou um questionamento.
Como
a nossa praia é o esporte, vou deixar de lado tudo o que se refere à política,
economia ou comportamento e me fixar somente na dolorosa constatação de uma
goleada impiedosa, embora nem tanto inesperada, que se abateu sobre o nosso
orgulho nacional.
Em
abril de 2013, o ex-lateral alemão Paul Breitner, campeão mundial em 1974 e
atual comentarista de TV, esteve no Brasil e foi entrevistado no programa Bola
da Vez na ESPN. Na ocasião, o antigo craque da seleção, do Bayern Munich e do
Real Madrid declarou que “os brasileiros precisam aceitar que estão jogando um
futebol do passado”. Ele disse que nós precisávamos “seguir o exemplo da
Alemanha que, após perder a final para o Brasil na Copa de 2002, resolveu mudar,
planejar”, e que a Alemanha era a favorita para ganhar a Copa de 2014.
Muita
gente não gostou das declarações do alemão, que foi chamado de presunçoso e
ultrapassado.
Afinal,
o que é que esses “cinturas duras” que sempre privilegiaram o preparo físico em
detrimento da malícia, da ginga e da individualidade, marcas registradas do
futebol brasileiro – que não seria pentacampeão por acaso – tinham para nos
ensinar?
Não
sei, nem vou entrar em detalhes, mas a história acabou dando razão a Breitner.
Na
concepção tupiniquim, o favorito para a Copa de 2014 era o Brasil, não apenas
por jogar em casa, ajudado pelo calor dos trópicos e pelo calor ainda maior do uma
torcida espalhada de norte a sul, numa onda verde-amarela que iria apequenar e
varrer todos os seus adversários, mas também porque aqui se jogava “o melhor
futebol do mundo”.
A
vitória grandiosa por 3x0 na Copa das Confederações de 2013 sobre a Espanha, então
campeã do mundo, era mais do que uma constatação de que o bicho viria mesmo pra
pegar.
Mas
o futebol envolvente, altamente técnico e ao mesmo tempo competitivo
desenvolvido pelos germânicos acabou mostrando naquele momento a que eles
vieram, e os resultados não custaram a aparecer.
Os
responsáveis pelo nosso futebol continuam achando que tudo não passou de mera
falta de sorte, mas a gente continua assistindo no momento um futebol
brasileiro tecnicamente menor se comparado com o que é apresentado em outros
países.
O
ano foi iniciado com mais uma vitória alemã.
Representado
por Corinthians e Fluminense na Florida Cup, o Brasil perdeu três jogos contra
um para os alemães representados pelo Bayern Leverkusen e Colonia FC, respectivamente
terceiro e décimo-primeiro colocados da Bundesliga 2014-2015 (o Colônia
conquistou o título da Florida Cup por ter conseguido o maior numero de pontos nas partidas
disputadas).
É
bem verdade que os times brasileiros estão iniciando a temporada ainda desentrosados
e testando novos jogadores, mas é também verdade que os alemães, embora em meio
de temporada, saíram de uma temperatura negativa para enfrentar o calor da
Flórida e dosaram o seu esforço distribuído entre o estádio de futebol
americano de Jacksonville e as delícias turísticas que vão desde a praia de
Atlantic Beach até o irrecusável chope do Beer and Margueritas.
E
mesmo assim ganharam por 3x1.
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