O FUTEBOL DO AMANHÃ
(ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES”
DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 22/01/2015)
O Campeonato
Sul-Americano de Futebol Sub-20 é um tradicional torneio que existe desde 1954
e é organizado pela Conmebol – Confederação Sul-Americana de Futebol que, como
o próprio nome indica, reúne jogadores jovens dos países da América do Sul.
Até agora
foram realizadas 26 disputas, sem muito respeito à periodicidade (apenas a
partir de 1995 é que ele é jogado a cada dois anos). Mesmo assim, mantém uma boa
média, pois o torneio tem sido disputado a cada 2,3 anos.
O Brasil vem
reinando com folga no alto do pódio, pois conquistou 12 títulos, contra 7 do
Uruguai, 4 da Argentina, 2 da Colômbia e 1 do Paraguai.
Por estranho
que possa parecer, nenhuma das edições do torneio foi realizada no Brasil, isto
é, o Brasil é o único dos 10 países que compõem a Conmebol que jamais sediou o
torneio.
Um dos
motivos desta ausência é que os dirigentes brasileiros de uma forma geral
ignoram torneios amadores, assim como não dão muito valor ao Torneio
Pré-Olímpico e aos próprios jogos de futebol das Olímpíadas, provavelmente porque
eles têm uma importância financeira menor.
Assim, nunca
houve por parte da CBF (e do próprio governo) o mesmo empenho mostrado com respeito
à realização da Copa do Mundo ou aos Jogos Olímpicos como um todo, onde se
misturam interesses políticos, turísticos, particulares, e até esportivos.
Além do mais,
ao contrário do que acontece em países como Espanha, Alemanha, Itália e
Argentina, nunca houve no Brasil uma atenção maior para as categorias de base e
chega a ser realmente fantástica a qualidade individual dos nossos jovens que,
jogados à própria sorte, sem acompanhamento escolar, médico, físico, técnico e
psicológico, ainda conseguem se sobressair no mercado profissional, alguns até
com louvor.
A primeira
edição do Campeonato Sul-Americano Sub-20 foi realizada na Venezuela, para
jogadores com a idade limite de até 19 anos, e durante sete edições teve um
valor puramente simbólico. A partir de 1977, porém, o torneio passou a
classificar as melhores seleções para o Campeonato Mundial Sub-20 da Fifa, e aí
aumentou o seu pedigree.
A partir de
1988, no torneio que foi disputado na Argentina, o limite de idade foi elevado
para 20 anos e isso se mantém até hoje.
As seleções
são divididas em dois grupos de cinco, classificando-se as três melhores de
cada grupo para a disputa de um hexagonal por pontos corridos, sem a
tradicional partida final em disputa pelo título ou pelo terceiro lugar.
O Brasil vai
caminhando em direção à classificação, com duas vitórias contra Chile e
Venezuela e uma derrota contra os uruguaios, donos da casa.
Mas a seleção
brasileira precisa melhorar seu rendimento no torneio hexagonal se estiver
pretendendo alguma coisa.
Nota-se no time dos
meninos as mesmas falhas estruturais encontradas na seleção principal, o que
confirma a necessidade de uma chacoalhada geral nos nossos conceitos se
quisermos chegar a algum lugar no futuro.
Na derrota
para o Uruguai tomamos o que se chama de “nó tático” simplesmente porque os
uruguaios mostraram um futebol de toques rápidos, organizado e taticamente
disciplinado.
O que não é
novidade.
Os amistosos
que as equipes brasileiras estão fazendo neste início de temporada mostram
exatamente isso. Adversários nem sempre tecnicamente brilhantes dão uma aula de
administração e postura dentro de campo, contrastando com o futebol sem
objetividade que estamos mostrando.
Temos muito
trabalho pela frente e precisamos ter a humildade necessária para encarar os
fatos.
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