A HISTÓRIA SE REPETE
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A
história se repete. Eis uma verdade absoluta que rege todos os campos da humanidade.
E isto acontece em circunstâncias de acertos e erros, virtudes e
defeitos, qualidades e desvios, pois o que conta é a personalidade dos
protagonistas.
Em
1973 a seleção brasileira fazia uma excursão à Europa como preparação para a
Copa da Alemanha que seria disputada um ano depois.
Depois
de algumas atuações abaixo da crítica que culminaram com uma derrota para a
Suécia em Estocolmo, os jogadores se sentiram injustiçados pelas críticas dos
jornalistas e resolveram reagir, negando qualquer conversa com a imprensa.
O
ato teve o apoio do treinador Zagallo e foi publicado sob o nome de Manifesto
de Glasgow, cidade escocesa onde a seleção se encontrava para enfrentar a
Escócia (o Brasil venceu jogando mal graças a um gol contra).
O
manifesto acusava a imprensa de deturpar fatos, divulgar notícias falsas e criar
um clima negativo, e informava sobre a decisão de não mais conceder entrevistas
a qualquer órgão da imprensa escrita, falada e televisada “até que se modifiquem
os atuais procedimentos”.
Em
represália, alguns órgãos de imprensa ao citarem a escalação do time ou as
atividades de treinamento deixaram de mencionar os nomes dos jogadores,
limitando-se a dizer “o goleiro do Palmeiras”, “o lateral do Fluminense”, o
“atacante do Botafogo”, e daí por diante.
Assim, na
briga entre jogadores e a imprensa quem saiu perdendo foi o leitor, o ouvinte e
o telespectador.
Isto
voltou a acontecer em outras ocasiões não apenas com o futebol brasileiro, mas
também no francês e no italiano, sempre com muita repercussão negativa.
Outras
situações desagradáveis ocorreram com o capitão Dunga, ao levantar o troféu de campeão na
Copa de 1994 proferindo palavrões contra a imprensa, e com o técnico Zagallo
durante a Copa América de 1997, quando o Brasil ganhou o título e ele proferiu
a sua frase lapidar “vocês vão ter que me engolir!”
Técnicos
e jogadores de futebol devem ter em mente três coisas fundamentais, todas tão
verdadeiras quanto a assertiva do título deste artigo.
Em
primeiro lugar, eles são seres humanos sujeitos a erros e acertos, ou seja, podem
ser aplaudidos no caso dos acertos e criticados no caso dos erros.
Em
segundo lugar, eles são esportistas, e o esporte pressupõe que você pode
vencer, perder ou – como no caso do futebol – empatar. Um esportista deve lutar para vencer, mas
estar preparado para perder, e deve saber que louros não são eternos.
Finalmente,
eles são pessoas públicas, e pessoas públicas devem estar preparadas para
enfrentar o público nos bons e nos maus momentos.
Assim,
é inconcebível que após ser eliminado do Campeonato Paulista para o Palmeiras nos
pênaltis, jogadores e membros da comissão técnica do Corinthians se recusassem
a falar com a imprensa após o jogo e na reapresentação no dia seguinte. Entre
eles o grande filósofo Tite, que costuma ser o pai da verdade quando o time
ganha, e o loquaz e falastrão Vágner Love, com o seu caprichado marketing
pessoal e sua simpatia cativante, quando lhe convém.
O
jogador tinha inclusive agendada uma entrevista no programa “Bem, Amigos” da SporTV, que
seria conduzida pelo apresentador Luiz Roberto na segunda-feira após o jogo,
mas não deu as caras no estúdio, evidenciando muita falta de respeito para com
a emissora e com o telespectador corintiano.
Comenta-se
que a atitude dos jogadores foi orientada pelo técnico Tite, aquele mesmo que a
imprensa considera um pessoa equilibrada e acima de qualquer suspeita.
(Artigo publicado no caderno SuperEsportes do
jornal O Imparcial de 24/04/2015)
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