SER OU NÃO SER GRANDE
Mas essa
discussão não é tão fácil assim, pois ser ou não ser grande não depende da
simpatia que se pode ter por determinado clube. A coisa vai mais além.
Pra começo de
conversa, o fato de o clube ser ou não ser grande pode estar condicionado a aspectos
geográficos. O Sampaio Correia, por exemplo, é grande no Maranhão, mas não é
grande no Brasil, por uma simples questão de comparação e referência. O mesmo
pode ser dito do Ceará, do Paysandu e do Santa Cruz, só pra citar alguns casos.
Outra coisa
que não deve ser confundida é clube grande e time grande. O Fluminense que
disputou a série C do Campeonato Brasileiro de 1999 sempre foi e continuou
sendo um clube grande, mas as circunstâncias daquele momento o transformaram em
um time pequeno.
O
tradicionalmente pequeno São Caetano, por outro lado, foi um grande time na
Copa Libertadores 2002, quando foi o vice-campeão.
Por ser um
grande clube o Fluminense logo ascendeu à Série B e provou ser “mais grande”
ainda quando passou da Série B para a Série A sem fazer nenhum vestibular,
convidado que foi pelo Clube dos 13, do qual fazia parte.
À parte a
gozação das torcidas adversárias, o fato de ser rebaixado não tira a grandeza
se um clube grande.
Clubes como
Atlético Mineiro, Botafogo, Corinthians, Fluminense, Grêmio, Palmeiras e Vasco
já curtiram o andar de baixo, mas todos sobreviveram aos ferimentos e continuam
grandes.
Este é um
fenômeno presente no futebol de muitos países – Alemanha, Argentina, Espanha,
França, Inglaterra e Itália, entre os mais cotados – entre eles verdadeiras
potências como Juventus, Milan, Manchester United, Liverpool e River Plate. Mas
com exceção de uns dois ou três que se foram para não mais voltar, os grandes
que são grandes sempre continuam muito vivos, disputando inclusive Copas continentais
e acumulando títulos nos seus países.
O que na
verdade diferencia um clube grande de um não grande são outros fatores.
Em primeiro
lugar, vale a tradição. Os clubes verdadeiramente grandes não são vencedores
circunstanciais, são vencedores habituais e de alguma forma já escreverem o seu
nome nos grandes torneios nacionais e internacionais.
Um clube
grande também se revela tendo como base o número de torcedores que eles têm em
todo o país. Os dez maiores clubes do Brasil, segundo este critério, são
Flamengo (com 32,5 milhões de aficionados), Corinthians (27,3), São Paulo
(13,6), Palmeiras (10,6), Vasco (7,2), Atlético Mineiro (7,0), Cruzeiro (6,2),
Grêmio (6,0), Internacional (5,6) e Santos (4,8). Antes que alguém pergunte, Fluminense e
Botafogo vêm a seguir com 3,6 e 3,4 respectivamente (dados atualizados de
pesquisa Lance!-IBOPE).
Coincidência
ou não, os dez clubes com maior torcida são aqueles que alcançaram um ranking
internacional mais destacado, com conquistas de torneios continentais e
mundiais.
Outra coisa
que mede o tamanho de um clube é o investimento que ele tem condições de fazer.
Mesmo quando estão em condições financeiras desfavoráveis estes clubes têm
crédito junto às instituições bancárias e podem fazer as loucuras que quiserem
que sempre terão respaldo. Com isso, contratam jogadores e técnicos pagando
salários altíssimos, levam mais público aos estádios e conseguem patrocinadores
de renome, alimentando a cadeia financeira que os mantêm na categoria de clube
grande mesmo se momentaneamente estiverem abaixo da crítica ou mesmo
rebaixados.
Um clube
grande se cerca de estrutura física e humana de primeiro mundo, tem seu nome
reconhecido no exterior e uma cobertura toda especial da imprensa, mesmo quando
isso signifique expectativas e cobranças por um bom desempenho e boas
campanhas.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Impacial de 02/05/2015)
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