domingo, 3 de maio de 2015

                                    


                                                    SER OU NÃO SER GRANDE

 Desde que o mundo é mundo as pessoas – eu me refiro àqueles que se interessam pelo futebol – tentam definir o que seria um clube grande e o que seria um clube pequeno.
Mas essa discussão não é tão fácil assim, pois ser ou não ser grande não depende da simpatia que se pode ter por determinado clube. A coisa vai mais além.
Pra começo de conversa, o fato de o clube ser ou não ser grande pode estar condicionado a aspectos geográficos. O Sampaio Correia, por exemplo, é grande no Maranhão, mas não é grande no Brasil, por uma simples questão de comparação e referência. O mesmo pode ser dito do Ceará, do Paysandu e do Santa Cruz, só pra citar alguns casos.
Outra coisa que não deve ser confundida é clube grande e time grande. O Fluminense que disputou a série C do Campeonato Brasileiro de 1999 sempre foi e continuou sendo um clube grande, mas as circunstâncias daquele momento o transformaram em um time pequeno.
O tradicionalmente pequeno São Caetano, por outro lado, foi um grande time na Copa Libertadores 2002, quando foi o vice-campeão.
Por ser um grande clube o Fluminense logo ascendeu à Série B e provou ser “mais grande” ainda quando passou da Série B para a Série A sem fazer nenhum vestibular, convidado que foi pelo Clube dos 13, do qual fazia parte.
À parte a gozação das torcidas adversárias, o fato de ser rebaixado não tira a grandeza se um clube grande.
Clubes como Atlético Mineiro, Botafogo, Corinthians, Fluminense, Grêmio, Palmeiras e Vasco já curtiram o andar de baixo, mas todos sobreviveram aos ferimentos e continuam grandes.
Este é um fenômeno presente no futebol de muitos países – Alemanha, Argentina, Espanha, França, Inglaterra e Itália, entre os mais cotados – entre eles verdadeiras potências como Juventus, Milan, Manchester United, Liverpool e River Plate. Mas com exceção de uns dois ou três que se foram para não mais voltar, os grandes que são grandes sempre continuam muito vivos, disputando inclusive Copas continentais e acumulando títulos nos seus países.
O que na verdade diferencia um clube grande de um não grande são outros fatores.
Em primeiro lugar, vale a tradição. Os clubes verdadeiramente grandes não são vencedores circunstanciais, são vencedores habituais e de alguma forma já escreverem o seu nome nos grandes torneios nacionais e internacionais.
Um clube grande também se revela tendo como base o número de torcedores que eles têm em todo o país. Os dez maiores clubes do Brasil, segundo este critério, são Flamengo (com 32,5 milhões de aficionados), Corinthians (27,3), São Paulo (13,6), Palmeiras (10,6), Vasco (7,2), Atlético Mineiro (7,0), Cruzeiro (6,2), Grêmio (6,0), Internacional (5,6) e Santos (4,8).  Antes que alguém pergunte, Fluminense e Botafogo vêm a seguir com 3,6 e 3,4 respectivamente (dados atualizados de pesquisa Lance!-IBOPE).
Coincidência ou não, os dez clubes com maior torcida são aqueles que alcançaram um ranking internacional mais destacado, com conquistas de torneios continentais e mundiais.
Outra coisa que mede o tamanho de um clube é o investimento que ele tem condições de fazer. Mesmo quando estão em condições financeiras desfavoráveis estes clubes têm crédito junto às instituições bancárias e podem fazer as loucuras que quiserem que sempre terão respaldo. Com isso, contratam jogadores e técnicos pagando salários altíssimos, levam mais público aos estádios e conseguem patrocinadores de renome, alimentando a cadeia financeira que os mantêm na categoria de clube grande mesmo se momentaneamente estiverem abaixo da crítica ou mesmo rebaixados.
Um clube grande se cerca de estrutura física e humana de primeiro mundo, tem seu nome reconhecido no exterior e uma cobertura toda especial da imprensa, mesmo quando isso signifique expectativas e cobranças por um bom desempenho e boas campanhas.

 

 

 

(artigo publicado no caderno Super Esportes do jornal O Impacial de 02/05/2015)

 

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