sábado, 25 de julho de 2015






A CAMPANHA BRASILEIRA NO PAN 

O desempenho do Brasil nos XVII Jogos Pan-Americanos que estão sendo disputados em Toronto já supera as nossas expectativas, criando uma atmosfera positiva para o possa acontecer com os nossos atletas daqui a um ano nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
O quadro de medalhas dos Jogos se altera a cada hora, portanto o resultado definitivo somente será conhecido amanhã à noite. Quando, porém, esta matéria foi escrita, já havíamos alcançado a marca de 32 ouros, abaixo apenas dos Jogos disputados no Brasil em 2007 e no México em 2011, quando fechamos com a marca de 54 e 48 medalhas respectivamente. Entre ouro, prata e bronze, já conseguimos 114 medalhas, contra 161 de 2007 e 141 de 2011. Os números obtidos até aqui deverão subir, mas não chegarão a alcançar os dois recordes anteriores.
Os últimos dias de competição sempre reservam muitas emoções e vão proporcionar alguma possibilidade de melhorarmos o nosso índice porque estarão em disputa algumas competições nas quais tradicionalmente somos bastante competitivos no âmbito continental, como futebol, basquetebol, handebol, vôlei e canoagem.
Por outro lado, costumamos levar desvantagem em outras modalidades, como atletismo, beisebol e boxe, além de outros esportes pouco praticados por aqui como raquetebol, hóquei sobre grama e softbol.
Na prática poderemos apenas ser alcançados pela Colômbia e por Cuba, mas não alcançaremos os Estados Unidos, que estão liderando com folga, e o Canadá, que também leva grande vantagem e estatisticamente sempre se posiciona melhor do que o Brasil.
Nas quinze edições já disputadas, a melhor classificação alcançada pelo Brasil foi um segundo lugar em São Paulo-1963, seguida por quatro terceiros lugares – em Chicago-1959, Winnipeg-1967, Rio-2007 e Guadalajara-2011. Este terceiro lugar parece que vai se confirmando também em Toronto-2015.
Nossa participação mais fraca no Pan foi aquela disputada na Cidade do México-1955, onde ficamos em sétimo lugar e nos limitamos a 2 medalhas de ouro num total de 17 alcançadas, mas aquela foi a segunda edição dos Jogos e teve poucos participantes e pouca repercussão. Hoje, a três dias do final desta edição dos Jogos, os 114 pódios conquistados superam o nosso recorde histórico de medalhas, ficando apenas abaixo das marcas de 2007 e 2011.  
Esta marca nos glorifica dentro do limite das três Américas, mas parece não representar muito no contexto mundial, isto é, as dificuldades que iremos enfrentar nos Jogos Olímpicos serão gigantescas, mesmo tendo o Rio de Janeiro como sede, pois além dos americanos e canadenses teremos adversários do tamanho da China, Grã Bretanha, Rússia, Coréia do Sul, Alemanha, França, Itália, Austrália e Japão, somente para citar alguns que costumam ficar na nossa frente. Todos estes países nos suplantaram por ocasião dos Jogos de Londres-2012, última edição disputada, quando terminamos na modesta 22ª posição.
A quantidade total de 108 pódios alcançados pelo Brasil em 18 Olimpíadas realizadas, desde 1920 – a primeira da qual participou – é inferior à conseguida em cada um dos quatro últimos Pan-Americanos.
Nos últimos Jogos Olímpicos de Londres-2012 o Brasil conquistou apenas 3 medalhas de ouro (Sarah Menezes no judô, Arthur Zanetti na ginástica e a equipe do vôlei feminino), comprovando que a participação brasileira nas Olimpíadas tem sido opaca ao longo dos anos.
Até hoje, apenas 23 ouros olímpicos foram obtidos (com o recorde de 5 medalhas em Atenas-2004), e se compararmos com as marcas obtidas nos Jogos Pan-Americanos (401 ouros até hoje) podemos notar com um certo desânimo a diferença de nível entre as duas competições.
A falta de investimentos em novos atletas e em equipamentos e a ausência de uma política de troca de experiência com países que levam o esporte olímpico a sério será infelizmente sentida quando começarem as competições no Rio-2016.

 

(artigo publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 24/07/2015)

 

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