A CAMPANHA BRASILEIRA NO PAN
O desempenho do Brasil nos
XVII Jogos Pan-Americanos que estão sendo disputados em Toronto já supera as nossas
expectativas, criando uma atmosfera positiva para o possa acontecer com os
nossos atletas daqui a um ano nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
O quadro de medalhas dos
Jogos se altera a cada hora, portanto o resultado definitivo somente será
conhecido amanhã à noite. Quando, porém, esta matéria foi escrita, já havíamos
alcançado a marca de 32 ouros, abaixo apenas dos Jogos disputados no Brasil em
2007 e no México em 2011, quando fechamos com a marca de 54 e 48 medalhas
respectivamente. Entre ouro, prata e bronze, já conseguimos 114 medalhas,
contra 161 de 2007 e 141 de 2011. Os números obtidos até aqui deverão subir,
mas não chegarão a alcançar os dois recordes anteriores.
Os últimos dias de
competição sempre reservam muitas emoções e vão proporcionar alguma
possibilidade de melhorarmos o nosso índice porque estarão em disputa algumas
competições nas quais tradicionalmente somos bastante competitivos no âmbito
continental, como futebol, basquetebol, handebol, vôlei e canoagem.
Por outro lado, costumamos
levar desvantagem em outras modalidades, como atletismo, beisebol e boxe, além
de outros esportes pouco praticados por aqui como raquetebol, hóquei sobre
grama e softbol.
Na prática poderemos apenas
ser alcançados pela Colômbia e por Cuba, mas não alcançaremos os Estados
Unidos, que estão liderando com folga, e o Canadá, que também leva grande
vantagem e estatisticamente sempre se posiciona melhor do que o Brasil.
Nas quinze edições já
disputadas, a melhor classificação alcançada pelo Brasil foi um segundo lugar
em São Paulo-1963, seguida por quatro terceiros lugares – em Chicago-1959, Winnipeg-1967,
Rio-2007 e Guadalajara-2011. Este terceiro lugar parece que vai se confirmando
também em Toronto-2015.
Nossa participação mais
fraca no Pan foi aquela disputada na Cidade do México-1955, onde ficamos em
sétimo lugar e nos limitamos a 2 medalhas de ouro num total de 17 alcançadas,
mas aquela foi a segunda edição dos Jogos e teve poucos participantes e pouca
repercussão. Hoje, a três dias do final desta edição dos Jogos, os 114 pódios
conquistados superam o nosso recorde histórico de medalhas, ficando apenas
abaixo das marcas de 2007 e 2011.
Esta marca nos glorifica
dentro do limite das três Américas, mas parece não representar muito no contexto
mundial, isto é, as dificuldades que iremos enfrentar nos Jogos Olímpicos serão
gigantescas, mesmo tendo o Rio de Janeiro como sede, pois além dos americanos e
canadenses teremos adversários do tamanho da China, Grã Bretanha, Rússia,
Coréia do Sul, Alemanha, França, Itália, Austrália e Japão, somente para citar
alguns que costumam ficar na nossa frente. Todos estes países nos suplantaram por
ocasião dos Jogos de Londres-2012, última edição disputada, quando terminamos
na modesta 22ª posição.
A quantidade total de 108 pódios
alcançados pelo Brasil em 18 Olimpíadas realizadas, desde 1920 – a primeira da
qual participou – é inferior à conseguida em cada um dos quatro últimos
Pan-Americanos.
Nos últimos Jogos
Olímpicos de Londres-2012 o Brasil conquistou apenas 3 medalhas de ouro (Sarah
Menezes no judô, Arthur Zanetti na ginástica e a equipe do vôlei feminino),
comprovando que a participação brasileira nas Olimpíadas tem sido opaca ao
longo dos anos.
Até hoje, apenas 23 ouros olímpicos
foram obtidos (com o recorde de 5 medalhas em Atenas-2004), e se compararmos
com as marcas obtidas nos Jogos Pan-Americanos (401 ouros até hoje) podemos notar
com um certo desânimo a diferença de nível entre as duas competições.
A falta de investimentos
em novos atletas e em equipamentos e a ausência de uma política de troca de
experiência com países que levam o esporte olímpico a sério será infelizmente
sentida quando começarem as competições no Rio-2016.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 24/07/2015)
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