OS FABRICANTES DE RESULTADOS
Há muito tempo eu não
abordava em meu artigo um tema tão eterno quanto prosaico – “Incompetência ou
má fé”: “A influência de uma má arbitragem no resultado dos jogos de futebol e
na consequente conquista de títulos”, caput e subtítulo apropriados para uma
defesa de tese de doutorado sobre o assunto “Esporte – Decência, Honestidade e
Moralidade”.
A ocasião, no entanto, se
tornou propícia neste momento, tal o montante de erros observados nas três
últimas rodadas do Campeonato Brasileiro em vigência, beneficiando
flagrantemente uns e prejudicando outros, deliberadamente ou não, mas
provocando uma sensível mudança nas primeiras posições, a ponto de distanciar
clubes que estavam lutando pari passu para uma diferença de quatro pontos ou
mais.
A reclamação é geral, mas
um ou outro time se cala, aplaude os pontos conseguidos de forma não muito
honesta e os seus torcedores se divertem com a “choradeira” dos demais.
Infelizmente, este é o
Brasil que reclama dos políticos e dos empresários corruptos.
Vou omitir o nome dos
santos e dos milagres, na certeza de que aqueles que têm pecados a confessar sabem
que é a eles que me refiro, e de que sentirão algum dia o peso da consciência.
Quanto aos que foram injustiçados pelo mau desempenho da arbitragem – inclua-se
aí o árbitro principal e os árbitros assistentes (tempos atrás chamados de juiz
e bandeirinhas) – meus respeitos pela indignação que sentem por terem sido
lesados.
Pode até ser compreensível
que um cidadão que corre quase quinze quilômetros por todo o campo enquanto a
bola vai e vem com velocidade e enquanto jogadores cheios de malandragem fazem
de tudo para ludibriá-lo cometa um equívoco aqui e ali. Mas é intolerante
quando este equívoco se repete com uma constância irritante, muitas vezes beneficiando o mesmo lado, e parte de um
cidadão que deveria ter sido treinado apenas para ser o mediador de uma partida de
futebol, sem a necessidade de ser arrogante, injusto e prepotente.
Os árbitros tomam decisões
discutíveis mesmo estando a trinta metros do lance, muitas vezes contestando a
opinião do assistente ou do quarto árbitro (havia me esquecido dele) que têm a
visão mais privilegiada do que a dele. Ou fecham os olhos para irregularidades
grosseiras usando sem qualquer critério pesos e medidas diferentes.
Truculento, o homem de
preto (que agora enverga o vermelho, o azul ou o amarelo, mudando a cor da
camisa, mas não mudando a atitude) condena ao cartão vermelho tanto as jogadas
mais violentas ou as reclamações mal educadas quanto uma simples disputa de bola
ou um pedido de explicação, dependendo do jogador e do time em questão.
Vozes benevolentes surgem
a seu favor, com a velha ladainha de que “errar é humano”.
Sem dúvida, errar é
humano, mas há erros toleráveis e erros intoleráveis.
Atendo-nos ao futebol, o
goleiro pode tomar um frango, o cobrador pode perder um pênalti, o articulador pode
errar um passe a dois metros do companheiro. Mas se o goleiro tomar dez
frangos, o cobrador perder dez pênaltis e o articulador errar dez passes em uma
pequena sequência de jogos ele é sacado do time e vai para o banco de reservas.
O árbitro, porém, pode
errar à vontade, e quanto mais erra mais parece ser respeitado pela Comissão de
Arbitragem. Seu prêmio maior é ser rotulado “árbitro Fifa”, como se a sigla
Fifa pudesse representar qualquer coisa de respeitável nos dias corruptos que
vivemos.
Uma arbitragem suspeita
pode inverter resultados, criar campeões, punir inocentes, invalidar o conceito
de justiça no esporte e provocar enorme prejuízo financeiro para clubes que
investem pesado e podem se ver alijados do prêmio maior de uma conquista, tanto
esportiva quanto financeiramente falando.
Há que se punir
os árbitros adequadamente com afastamento temporário, rebaixamento para apitar jogos de
categorias inferiores e desconto pecuniário, para que Suas Senhorias prestem
mais atenção no que fazem, tenham a humildade de reconhecer seus erros e
exerçam o seu trabalho com mais responsabilidade.
Nota: Este artigo foi
escrito em homenagem aos árbitros Dewson Fernando Freitas (PA), Luiz Flávio de
Oliveira (SP) e Leandro Pedro Vuaden (RS) e seus respectivos auxiliares, que
com suas atuações de segunda categoria conseguiram acender toda esta polêmica.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 21/08/2015)
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