DUNGA NA FRIGIDEIRA
Segunda-feira, dia 16 de
novembro, o programa Bem Amigos, da Rede Globo, comandado pelo decano dos
esportes globais Galvão Bueno, fará uma transmissão especial e exclusiva,
transmitindo diretamente de Salvador na véspera do jogo Brasil x Peru que
marcará a quarta exibição brasileira nas Eliminatórias da Copa 2018.
Para participar do
programa, a produção convidou o ex-centroavante Careca, que será o assistente
pontual de Dunga nesta rodada – uma excentricidade imposta pelo treinador para
ter entre os atuais comandados algum jogador que tenha feito a diferença em alguma
fase positiva da seleção no passado.
Foi gerada uma incerteza
sobre a presença de Careca junto à equipe da Globo, pois a relação entre a
emissora e a CBF azedou devido a uma notícia ventilada pelo experiente repórter
Raul Quadros durante a transmissão de uma partida pelo campeonato francês: a
CBF estaria cogitando a saída de Dunga do comando técnico da seleção.
O coordenador de seleções
Gilmar Rinaldi ficou profundamente irritado com a notícia e em princípio vetou
a presença de Careca no programa, exigindo uma explicação sobre de onde teria
partido o boato.
Galvão contra-atacou bem a
seu estilo e declarou alto e bom tom que o repórter tem credibilidade e que um
jornalista jamais revela a fonte das suas notícias.
Antes que a coisa chegasse
e explodir, Gilmar concedeu uma entrevista ao Seleção SporTV e disse ter havido
“um problema de comunicação” e que Careca poderia participar sem problemas do
programa. Só saberemos quando segunda-feira chegar.
Contratempos como esse
fazem parte da democracia do esporte e acontecem aqui e acolá, com notícias,
desmentidos, acusações, desculpas e retratações, de modo que o problema em si
parece estar superado.
Resta no entanto aquele
mosquito que continua zumbindo no ouvido da gente e reforça a possibilidade de
Marco Polo Del Nero – já muito incomodado com os seus problemas pessoais –
estar insatisfeito com o que a seleção vem apresentando desde a Copa América e ter
conversado com um ou outro conselheiro sobre uma mudança na comissão técnica que
pudesse trazer o gás necessário para uma renovação de conceitos, inclusive os
da opinião pública a seu respeito – dele, presidente.
Na verdade, saiu Felipão e
entrou Dunga, mas o conceito futebolístico continuou o mesmo – a dependência
exclusiva de um só jogador, um meio campo travado e pouco criativo e os
atacantes tentando acertar por meio de jogadas individuais.
Dunga está mais manso e
menos arrogante, mas o que conta no momento não é a sua personalidade e sim a
sua qualificação como técnico de uma seleção do porte do Brasil.
Del Nero deve estar atento
no Campeonato Brasileiro, e percebido que a bola da vez é Tite.
Afinal, mesmo com o
Corinthians contando com um elenco não tão melhor que os demais concorrentes,
ele consegue extrair um futebol técnica e taticamente superior a ponto de
livrar uma dezena de pontos sobre o segundo colocado e de garantir o título bem
antes do campeonato acabar.
É de se esperar que Tite
seja mais cedo ou mais tarde convidado para suceder Dunga, e que esta
substituição apenas não ocorrerá se Dunga conseguir dar rapidamente um padrão
ao time que coloque o Brasil no patamar do respeito ao qual estamos habituados,
ou que Tite faça o que fez Muricy quando treinava o Fluminense – disse não à
CBF e viu sepultada qualquer chance futura de ser chamado algum dia.
Dunga tem uma boa
oportunidade de melhorar a sua imagem e se defender dos críticos palacianos se
tiver sapecado a Argentina na partida de ontem à noite em Buenos Aires e não
passar nenhum aperto contra o Peru na próxima terça-feira em Salvador.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 13/11/2015)
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