sábado, 2 de abril de 2016






SINAL DE ALERTA


Depois de disputar seis pontos e conseguir ganhar apenas dois em mais uma etapa de duas rodadas das Eliminatórias para a Copa 2018, e seleção brasileira cai para a sexta colocação e deixa o País do Futebol com a pulga atrás da orelha.
Pela primeira vez na história chegamos a tal situação, e pela primeira vez na história, disputado um terço do torneio, com seis rodadas já realizadas conseguimos ganhar apenas dois jogos – Peru e Venezuela – realizados em Fortaleza e em Salvador . Muito pouco.
Os quatro primeiros colocados se classificam automaticamente e a quinta vaga será disputada na repescagem.
É muito cedo para entrar em desespero, e a distância entre as rodadas (as duas próximas serão apenas em setembro) dá tempo de sobra para que todos repensem as suas estratégias e as suas convocações, mas a situação é pelo menos incômoda.
O Brasil está jogando mal, mostrando sérios problemas defensivos, com um meio de campo botinudo e sem postura, e continua dependendo das individualidades para sobreviver no ataque.
E os problemas se acumulam.
Há boatos de que estaria havendo uma certa desarmonia entre o técnico Dunga e alguns jogadores que dividem a liderança do grupo, ou seja, a comissão técnica não é mais unanimidade entre os jogadores e a Família Dunga já não funciona  como era esperado.
Com a CBF sem comando e algumas missões de resgate que temos pela frente, os problemas tendem a se avolumar e a coisa pode sair do controle.
Em junho a seleção principal se apresentará na edição especial da Copa América nos Estados Unidos onde o Brasil é cabeça de chave ao lado do México, da Argentina e da seleção local, com a participação de 16 países.
Este torneio, além da sua importância natural, servirá como prova de fogo para o técnico Dunga, que se verá numa encruzilhada: deverá convocar uma base jovem para obter o entrosamento necessário para a disputa do ouro olímpico, abrindo mão das ambições do torneio, ou deverá convocar a seleção das Eliminatórias visando aprimorar o conjunto e testar novas opções?
Uma coisa não deveria invalidar a outra, fosse o técnico olímpico outro que não Dunga, que ao querer abraçar o mundo com as pernas e braços corre o risco de uma lombalgia ou uma distensão muscular.
O ideal seria um técnico específico para os Jogos Olímpicos que levasse a seleção a uma série de amistosos ou pequenos torneios de preparação durante junho e julho, e um técnico para a seleção principal que verificasse com exatidão o comportamento dos jogadores no Brasil e no exterior antes de convocá-los.
As duas recentes exibições contra o Uruguai em Recife e contra o Paraguai em Assunção nos deram de presente dois empates imerecidos.
O Uruguai, depois de um primeiro tempo irregular a atípico, sofrendo um gol aos 40 segundos, ditou as normas no segundo tempo graças a um banho tático dado pelo seu técnico Oscar Tabárez, empatou o jogo e só não virou porque faltou tempo. Tivesse o jogo mais dez minutos...
Contra o Paraguai deu-se o processo inverso.
Os guaranis, avassaladores fizeram dois gols e perderam outros tantos e ao tomarem um frango do seu goleiro perderam a concentração, cansaram, deram espaço e o Brasil chegou ao empate e só não ganhou porque a seleção canarinho é de fato muito fraca ou está muito mal dirigida. Talvez tenha faltado o “efeito Neymar”, ausente por suspensão.
É de se imaginar que esta não é a hora correta de trocar de técnico, o que poderá acontecer depois de um eventual fracasso na Copa das Confederações, nas Olimpíadas e na volta das Eliminatórias, já na segunda quinzena de setembro.
Temos sorte em disputar as Eliminatórias Sul-Americanas, bem mais fáceis que as europeias. Na Europa, com esse futebolzinho, Dunga não conseguiria levar a seleção à terra da perestróica nem na repescagem.


(artigo publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 01/04/2016)

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