ACONTECEU EM BRABADINA
(Excerto)
Agamenon Protinov arremessou seu
corpanzil e o seu braço esquerdo sobre o peito de Matael jogando-o contra a
balaustrada de madeira que cercava a ponte e girou nos calcanhares para
recomeçar a caminhada de volta, bradando ameaçadoramente – “...amanhã
conversamos!...”
“Volte aqui!!!” – berrou Matael como um
louco no silêncio da noite enquanto a mão, num gesto instintivo, buscava a faca
cujo aço agora brilhava na escuridão.
Com três passos resolutos, Matael
alcançou o senhor Protinov e puxou-o pelo ombro ficando mais uma vez frente a
frente com o guardião do tesouro de Brabadina.
“Elijah Matael, o que você está
fazendo!!???...” – gritou Agamenon Protinov enquanto sentia o golpe duro e frio
na barriga, o sangue esguichando aos borbotões, empapando o seu casaco e a
jaqueta do assassino.
Agamenon Protinov tombou ao chão
estrebuchando como um boi abatido, ganindo como um cachorro atropelado e a mão
direita ainda no bolso do casaco. O sangue agora se espalhava pelas tábuas que
serviam de assoalho para a ponte e pingava para dentro do rio como o vinho
derramado de uma taça.
Matael se apressou em apanhar as chaves
que procurava, e teve muito trabalho em abrir a mão do moribundo, que olhava
fixamente nos seus olhos com uma expressão de surpresa e de ódio.
Finalmente as chaves tilintaram em seu
poder, e estavam tão quentes que lhe ardiam na palma da mão manchada de sangue.
O senhor Protinov jazia agora imóvel,
com o olhar sem brilho fitando o nada.
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