segunda-feira, 14 de outubro de 2019





LESÃO NO ADUTOR

Durante cerca de vinte e cinco anos escrevi crônicas esportivas semanais publicadas nos jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial. Encerrado o ciclo, ainda me vejo às vezes cobrado por antigos leitores cujas ideias se afinavam com as minhas.  
De conversa em conversa, resolvi então especular sobre um fato que está chamando a minha atenção ultimamente, tanto aqui como no exterior.
Antes, porém, alguns prolegômenos:
O futebol moderno, inventado em um “pub” londrino em 1863 (e não num ginásio esportivo, como muita gente pensa) procurava aliar lazer e atividade física para a juventude britânica, mediante o estabelecimento de algumas regras, isto é, em princípio, o futebol era uma atividade lúdica por excelência.
Com o passar do tempo as regras foram se modificando, a forma de jogar foi aprimorada, os organizadores criaram novas concepções de jogo, começaram a surgir jogadores mais talentosos que outros e o que era lazer passou a ser esporte de competição.
No meio desta (r)evolução, alguém percebeu a necessidade de que o esporte fosse profissionalizado, e mais adiante alguém também percebeu que com uma administração mais planejada e organizada, o antigo lazer poderia se transformar numa autêntica máquina de fazer dinheiro.
O mercantilismo tomou conta do futebol, e os clubes passaram a contar no seu elenco – além dos jogadores, do técnico e do massagista – com uma variada gama de profissionais especializados em esporte – médicos, advogados, psicólogos, agentes de marketing, matemáticos, relações públicas, assessores de imprensa, técnicos em informática e ...fisioterapeutas.
É aí que mora o busílis. Nunca, em tempo algum, foram observadas tantas lesões na coxa (distensão do músculo adutor) como atualmente, tanto na América como na Europa (não temos informações sobre o que acontece na África, na Ásia ou no Oriente Médio, mas como existem muitos técnicos e fisicultores do Ocidente trabalhando por lá acreditamos que o panorama não muda).
Afinal, o que está havendo com a preparação física dos atletas? A carga exigida pelos fisicultores está excessiva ou as partidas estão a cada dia sendo disputadas com mais intensidade? Os atletas não estão tomando o devido cuidado em preservar a forma física ou existe algum problema com medicamentos ou alimentação? As “baladas” fazem parte do que é clinicamente aceito?
Não acho que a mídia esportiva está dando a devida importância para o caso, porque raramente alguém toca no assunto, mas para os clubes é fundamental que este problema seja solucionado porque estão envolvidos, entre outras coisas, salários altíssimos de jogadores que ao se lesionarem passam a fazer parte do passivo de um investimento de milhões, sejam reais, dólares ou euros.
O que pode fazer uma emissora de rádio se os seus locutores começarem a ficar constantemente roucos ou afônicos?        


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