segunda-feira, 6 de janeiro de 2020





ABSTRATO
(Augusto Pellegrini)

Um arranjo de flores pousa sobre o toucador
Enquanto o quarto é mergulhado na penumbra
Provoca em meu olhar imagens mentirosas
E forma formas deformadas em seu derredor

Ora vejo um gato, silencioso, arguto e atento
Depois o gato se transforma em porco
Mas basta apenas o sopro de um leve vento
Para que a imagem se transforme de repente

Agora flana e dança como uma bandeira
Com as cores desmaiadas de vermelho e branco
Diante do espelho espanta o meu espanto
Até que a imagem se transmude enfim inteira

O pleno dia surge, e então a claridade
Põe um ponto final no meu caleidoscópio
Tudo era fantasia, apenas flores mortas de machê
Na luz da manhã, um duro golpe de realidade

Janeiro 2020

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