segunda-feira, 4 de maio de 2020






JONAS E SUELI
CENAS DE UMA CIDADE EM TEMPOS DE QUARENTENA

Toc! Toc! Toc!
“Quem é?”
“Jonas”
“Jonas de quê?”
Impaciência...
“Jonas Pacheco, seu marido!”
Um, dois, três segundos.
De novo – Toc!Toc!Toc!
Tensão...
“Repita a batida em código!”
Toc Toc! Rec...rec...rec  (arranhando com as unhas) Toc Toc! Rec...rec...rec
“Qual é a senha?”
“O gato comeu o peixe do aquário da vizinha”
Aguardando a contrassenha...
...“A vizinha da direita ou a vizinha da esquerda?”
Silêncio...
...“A vizinha do andar de cima”
Mais uma pausa.
Suspense...
“OK. Espere que vou abrir a porta”
Tira a tranca, abre dois cadeados, destrava a tramela e passa a chave na fechadura tetra.
O marido olha para trás, para um lado e para o outro, ansioso.
Suspense...
A porta enfim se abre, ele entra rapidamente, sem olhar para trás, e diz.
“Tudo bem, Sueli, amanhã é a sua vez de colocar o lixo na rua!!!”

(Original escrito em 2013 por causa da violência urbana)


Nenhum comentário: