PÁGINAS ESCOLHIDAS
O
FANTASMA DA FM (1992)
(Augusto Pellegrini)
O ORGULHO OU SOBERBA
A primeira
coisa que me vem à mente é que a palavra mal-usada (ou bem-usada, dependendo do
caso) pode mudar totalmente o sentido do pecado, transformando-o em virtude, e fazendo
com que muita gente deseje ser não um pecador, mas um objeto do seu predicado
ou, quem sabe, o próprio sujeito.
Assim, quando se diz que Frederico tem orgulho da inteligência do seu cachorro
Pazzo não se pratica nenhum pecado – a não ser quando o cachorro Pazzo deixa de
ser inteligente e abocanha os dedos de Frederico junto com o pedaço de carne
que o dono lhe oferece. Nessa situação, Frederico deixa de ter orgulho e
incorre num outro pecado – a ira.
Também quando se afirma de Doralice tem uma bunda soberba, não existe menção
alguma sobre o ar de superioridade que suas protuberâncias possam ter em relação
à magra Henriqueta, mas sim à crescente admiração que seu caminhar regurgitante
provoca, mas aqui também estamos falando de um outro pecado.
Na verdade, orgulho lembra o samba de Billy Blanco que “não fala com pobre, não
dá mão a preto nem carrega embrulho” – até que algum dia cai do alto e termina
com terra por cima e na horizontal.
(Um pequena
análise sobre o orgulho, ou soberba, como queiram)
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