PÁGINAS ESCOLHIDAS
O FANTASMA DA FM (1992)
(Augusto Pellegrini)
A INVEJA
A sabedoria popular
esculpiu duas frases antológicas, dedicadas àqueles que têm inveja de tudo e de
todos, o que a cada dia vai levá-los mais e mais para o menos e menos.
Essas frases retratam com fidelidade o pensamento de certos seres negativos que
acham que os outros vivem num mar de rosas, besuntados pelo néctar dos deuses, e
que jamais enfrentam desarranjos intestinais ou cobrança de dívidas, sem
lembrar que onde há néctar pode haver formigas, e onde há rosas pode haver
espinhos.
Um dos pensamentos, de profundidade bogartiana, diz que – com o perdão da má
palavra – “comer mamãe todo mundo quer, mas dar pro papai ninguém quer” – com a
conotação derivativa de “pimenta nos olhos dos outros não arde”.
O outro pensamento é uma espécie de bordão utilizado pelos boêmios bebedores e
nos ensina que “todo mundo vê as cachaças que eu tomo, mas ninguém sabe dos
tombos que eu levo” – na mesma linha de atuação de “você pensa que é mole?”
O invejoso tem por princípio achar que o seu mundo seria melhor se ele fosse o
outro. Enxerga mais do que vê, tem os olhos maiores que a barriga, a galinha do
vizinho é sempre mais gordinha e somente as suas uvas estão verdes.
A inveja é mentora de pelo menos três dos mandamentos – não roubar, não desejar
a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias – isto é, estabelecendo uma
média ponderada, a inveja já nos dá trinta por cento do caminho do inferno.
Boa sorte.
(Análise
psico-filosófica do efeito da inveja da vida das pessoas)
Nenhum comentário:
Postar um comentário