O IMPROVISO NO JAZZ
(Augusto Pellegrini)
(Parte 2)
A improvisação
é uma forma de o intérprete apresentar a música, na qual ele busca impor uma identidade
própria, de acordo com o seu feeling
do momento.
Isto significa
que dependendo daquele instante, da disposição, do humor e do estado de
espírito em que se encontra, o mesmo intérprete pode apresentar diferentes
maneiras de se expressar em diferentes ocasiões, exibindo improvisos diferentes
para a mesma música. Isto significa também que um improviso quase nunca é repetido
nos detalhes pelo mesmo músico quando de diferentes apresentações da mesma
música, mesmo se ele estiver se apresentando com os mesmos músicos.
Como já foi
ressaltado, a improvisação pode nascer tanto da habilidade técnica e da sensibilidade
que o músico tenha para executar sua interpretação, como de alguma dificuldade
que ele possa ter para desenvolver ipsis litteris aquilo que foi escrito pelo
compositor. Assim, ele acaba alterando a linha melódica original, e ao fazê-lo acaba
muitas vezes, com a sua releitura, compondo uma nova melodia, diversa daquela
que foi escrita, embora feita sobre a mesma base harmônica.
Ao contrário do
que muita gente pode pensar, a improvisação não acontece apenas com o jazz ou
com a música popular moderna.
Muitas músicas
que hoje chamamos de erudita, mas que podiam ser consideradas “música popular”
na época em que foram compostas, também são pródigas em improvisação, pois
frequentemente sofrem modificações no andamento e na melodia nas mãos dos
solistas.
O piano de
Lizst, Chopin ou Mozart ou o violino de Paganini frequentemente traduziam
diferentes variações sobre um mesmo tema, podendo tornar a mesma música mais
alegre, mais contemplativa, mais agressiva ou mais romântica, dependendo do
desejo do executante.
Estas
improvisações, no entanto, nada tinham de jazzistas e muitas vezes não eram
exatamente improvisações, mas formas estudadas de executar a melodia e de explorar
o mesmo tema em tonalidades maior/menor em diferentes situações.
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