ENTRE O CINZA E O COR-DE-ROSA
(Augusto
Pellegrini)
Olho o mundo
cor-de-cinza
Com minhas lentes cor-de-rosa
E tento, com este artifício
Transformar todo esse vício
Em uma coisa vistosa
Mas quando ele
é cor-de-rosa
E olhado com lentes cinza
Ele vira coisa à toa
pois transforma as coisas boas
Num cenário de ranzinzas
Pessoas más e
invejosas
Vistas no rosa das lentes
Deixam de ser perigosas
Ficam dóceis e decentes
E as pessoas de
alta estima
Se vistas na cor cinzenta
Conseguem ser confundidas
Com uma alma peçonhenta
Tudo em volta é
desespero
Mas meus óculos me falam
Pois convertem desmazelo
Em flores que amor exalam
Estes óculos de
cores
Podem mudar a consciência
Transformando ódio em amor
E impiedade em clemência
Comecei a busca
rósea
De um tesouro à deriva
Pra tornar mais atrativa
Esta vida de problemas
Me vi vivendo o dilema
Entre o fato e a expectativa
O que achei,
lado cinza
Foi um destino, era incerto
Fui em frente, peito aberto
Não passei do desejado
Recuei, amedrontado
Sem ter salvação por perto
Foi terrível a
experiência
De ver dois lados diversos
De uma só realidade
A partir da cor da lente
Vi dois mundos diferentes
A mentira e a verdade
Outubro 2018
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