PÁGINAS ESCOLHIDAS
Do
livro O BRUXO DE CONCEPCIÓN (2011)
(Augusto Pellegrini)
O GATO CINZA
Louco não sou, e podem crer
que disto eu tenho certeza.
Então, é possível a um louco possuir consciência e às vezes duvidar do que ouve
e do que vê, como qualquer indivíduo tido como normal?
É possível a um louco se questionar, e questionar os outros?
Pois bem, eu me questiono a cada instante e a cada fato, ao ver e ouvir as
coisas mais insanas, tecendo a crítica e a autocrítica, e rotulando os
acontecimentos e as pessoas, coisas que somente aquele que não é louco consegue
fazer com ordem e método.
É claro – dirão – não só os loucos, mas também os bêbados, os fracos, os
covardes, os mentirosos, os assassinos premeditados e os psicopatas dizem a
mesma coisa, jamais admitindo ser aquilo que na verdade o são, quer para preservar
o respeito da sociedade hipócrita ou quer por serem coniventes com a sua falsa
verdade.
O fato é que eu posso ter cá as minhas esquisitices, mas louco,
definitivamente, não sou.
Tenho, sim, por força da experiência e da convivência, a perspicácia mais aguda
e a interpretação mais rápida do que a maioria daqueles que me cercam.
Inclusive o gato cinza.
(A história do gato assombrado que fugiu voando pela
janela)
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