MENTIR… MENTIR…
(Augusto Pellegrini)
A vovó sempre dizia usando letras
garrafais
Não minta, menino, é feio, mentir é feio demais
Mas a vida segue em frente e a humanidade não aprende
Pois a mentira compensa, e a verdade não
vende
Passamos a vida inteira cultivando a
malandragem
Em qualquer atividade, cara de pau e coragem
Desde o camelô da feira até o governador
Todo mundo é incentivado a mentir – e com fervor
Mentem nos livros de História, mentem no
peso do arroz
Mentem em anúncios impressos, mentem agora e depois
Mentem em seus discursos pífios antes de serem eleitos
E o fazem com despudor, deputados e prefeitos
Há a mentirinha boba, que a ninguém
prejudica
E a mentira conveniente, que exige pulitrica
Há a mentira maldosa, feita para destruir
E a mentira vantajosa, feita para usufruir
Mente o mendigo da esquina, mente o
administrador
Pra cuidar do paciente, às vezes, mente o doutor
Mente o ladrão à polícia, mente a
polícia ao ladrão
Mente a casta namorada, mente o fiel, mente o rufião
A humanidade aprendeu que o certo é
contar lorota
Pensando em levar vantagem, pois o outro é um idiota
E assim vão levando a vida com a mentira
de permeio
Mesmo a vovó repetindo que mentir é muito feio
Setembro de 2022
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