TOLERÂNCIA ZERO
Tardiamente,
o Brasil começa a se mobilizar para enfrentar a onda de violência generalizada
que vem se espalhando pelo país como erva daninha.
Não
se sabe se as nossas autoridades estão mais preocupadas com o bem estar do
cidadão ou com a imagem do país em um período que antecede um boom inédito de turistas por causa da
Copa do Mundo, mas o fato é que finalmente parece que começaram a se mexer.
Hoje,
com a globalização da notícia e a instantaneidade das redes sociais, muitas
vezes mais precisas e mais rápidas do que o jornalismo convencional, em poucos minutos
o mundo fica sabendo de um camarada que se atira da sacada de um shopping center
da China após ter se desentendido com a mulher por causa de compras, ou de mais
um maluco que sai dando tiros em uma escola nos Estados Unidos, ou ainda um
turista canadense que é assassinado em um assalto em plena estrada de Santos,
aquela mesma imortalizada por Roberto Carlos.
A
imprensa estrangeira está dando muita ênfase aos arrastões nas praias do Rio de
Janeiro, aos problemas com turistas que são assaltados em São Paulo, Salvador
ou Recife, a assaltos seguidos de estupro em vans que fazem o trajeto
Rio-Niterói, e à falta de direção das balas perdidas que descem os morros
cariocas sem a menor cerimônia, seja tudo isso fruto de exagero ou não.
Não
se sabe ainda quais serão as providências que serão tomadas nem a extensão da
punição dos que são até agora beneficiados pela impunidade, mas parece que
estamos dando um passo à frente.
Tomara
que este passo à frente não seja dado, como diz a piada, em direção a um abismo,
e tomara também que – o que parece ser uma infeliz consequência de certas práticas
brasileiras – este passo não venha significar mais tarde dois passos para trás.
Pela
primeira vez o Estado resolveu intervir pra valer e colocou ninguém menos do
que o Ministro da Justiça para comandar, organizar ou intermediar os trabalhos
– isto ainda não ficou muito claro.
O
fato é que são prometidas diversas ações, a maioria delas criando órgãos
reguladores, jurídicos ou penais que esperamos não esbarrem na lentidão dos
processos no Brasil e nos famosos recursos que muitas vezes favorecem os
criminosos.
No caso dos arruaceiros, a justiça deve ser rápida e sumária, ou o remédio não fará efeito.
No caso dos arruaceiros, a justiça deve ser rápida e sumária, ou o remédio não fará efeito.
A
já tardia decisão foi tomada em função dos incidentes de Joinville, onde
imperou uma selvageria poucas vezes retratada ao vivo pela televisão.
Entrou
novamente na pauta da discussão a necessidade de catalogar os delinquentes num
álbum que tenha abrangência nacional e obrigá-los, nos dias de jogos dos seus
times, a se apresentarem a uma delegacia duas horas antes do início do jogo
sendo liberados apenas duas horas após o seu término. A prestação de serviços
comunitários durante algumas horas por semana também faz parte do projeto, sempre
que o sujeito seja identificado pelas câmaras do estádio ou fora dele cometendo
algum ato lesivo a algum indivíduo ou ao patrimônio, seja ele público ou
privado.
Mas
este rigor com o vandalismo não deve se prender apenas ao futebol.
Os
bárbaros que se travestem de manifestantes para quebrar vitrines, fachadas,
bancas de revistas e paradas de ônibus, e que lançam rojões, pedras e coquetéis
Molotov também devem passar pelo mesmo tratamento.
A
violência gratuita não pode ser aceita de forma alguma, seja seu pano de fundo
as divergências entre torcedores ou diferentes posicionamentos ideológicos.
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