ELE VOLTOU!
O
professor está de volta, e teve um Maracanã lotado para recepcioná-lo, bem do
jeito que ele gosta. Mais de 40 mil torcedores estavam tão animados que nem pareciam
preocupados em saber que o time ocupava naquele momento a última posição no
Campeonato Brasileiro deste ano.
É
claro que os ingressos estavam mais baratos, mas nem isto serve pra diminuir a
importância da presença de Vanderlei Luxemburgo.
Justiça
seja feita, o folclore do futebol não seria o mesmo sem a sua presença, com os
seus aforismos, as suas lógicas ilógicas e a sua postura de imperador romano.
O
professor deixou de lado o terno da Armani que costumava vestir para mostrar um
visual à europeia e adotou o mesmo uniforme usado pelo resto da comissão
técnica, um indício positivo de que sua mania de grandeza pode ter
arrefecido.
Rubro-negro
declarado, seu maior desejo como treinador é fazer do seu Flamengo um grande
campeão e depois se aposentar cheio de louros.
Uma
das vantagens do professor é não inventar muito. Com ele, os jogadores
normalmente atuam em posições definidas, existem os titulares e os reservas
naturais e qualquer novo esquema tático revolucionário passa longe da sua
prancheta.
Uma
das desvantagens, no entanto, é a sua autoestima exacerbada. Além de ser o
líder, ele tem a necessidade de ser a figura mais importante do grupo, e apenas
em raríssimas ocasiões conseguiu comandar um elenco de estrelas sem entrar em
atrito com Deus e o mundo, como em 1993, quando liderou o Palmeiras de Edmundo,
Evair, Antonio Carlos e Edilson e se saiu muito bem.
Também
tem a seu desfavor o fato de não ter se reciclado nos últimos anos, por achar
talvez que não tem mais nada para aprender, erro comum aos treinadores brasileiros,
que teimam em virar a cara para os novos conceitos.
Esta
é a quarta vez que Vanderlei Luxemburgo dirige o Flamengo, onde nunca conseguiu
fazer muito sucesso.
Em
1991, ele comandou o time em 52 oportunidades, lançou diversos jogadores
importantes – Marcelinho, Djalminha, Paulo Nunes, Zinho – mas não ganhou nenhum
título. Em 1995 foram apenas 48 jogos, mesmo comandando “o ataque dos sonhos” –
Romário, Edmundo e Sávio. A guerra de egos com Romário, a briga com alguns
dirigentes e a perda da Taça Guanabara foram responsáveis pela sua saída, a
pedido da torcida. Em 2010 Luxemburgo foi contratado para salvar o clube do
rebaixamento, como agora, e chegou a ganhar o título carioca de 2011. Depois de
um ano à frente do elenco e 98 jogos disputados, acabou caindo devido a sérias divergências
com alguns diretores e de problemas criados com Ronaldinho Gaúcho, a estrela do
time, tudo somado ao desgaste da então presidente Patrícia Amorim.
Nesta
sua nova investida Luxemburgo vai tentar reinventar o futebol brasileiro que está
atualmente com a sua autoestima em baixa. Mais do que isso, vai tentar fazer o
Flamengo voltar a ser um time respeitado, como há muito tempo não o é. E, mais
ainda, vai tentar fazer o seu nome ser mais uma vez levado em conta quando se
fala em técnico de ponta.
Em
primeira instância, sua chegada fez bem tanto para ele, que andava arredio
depois de um pífio aproveitamento de 38% no Fluminense em 2013, como para o
clube, que há oito jogos não sabia o que era fazer três pontos – uma das razões
pela sua incômoda posição na tabela.
Resta
saber se esta parceria vai continuar dando certo.
Pelo
que se observou, a equipe evoluiu e criou um novo ânimo, mas ainda está longe
de apresentar um futebol de qualidade. Num jogo às vezes medíocre e jamais
brilhante, o gol isolado de Alecsandro foi a única coisa de qualidade que
realmente aconteceu.
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