quinta-feira, 31 de julho de 2014






                                                              ELE VOLTOU!

 (ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 31/07/2014)

O professor está de volta, e teve um Maracanã lotado para recepcioná-lo, bem do jeito que ele gosta. Mais de 40 mil torcedores estavam tão animados que nem pareciam preocupados em saber que o time ocupava naquele momento a última posição no Campeonato Brasileiro deste ano.
É claro que os ingressos estavam mais baratos, mas nem isto serve pra diminuir a importância da presença de Vanderlei Luxemburgo.
Justiça seja feita, o folclore do futebol não seria o mesmo sem a sua presença, com os seus aforismos, as suas lógicas ilógicas e a sua postura de imperador romano.
O professor deixou de lado o terno da Armani que costumava vestir para mostrar um visual à europeia e adotou o mesmo uniforme usado pelo resto da comissão técnica, um indício positivo de que sua mania de grandeza pode ter arrefecido. 
Rubro-negro declarado, seu maior desejo como treinador é fazer do seu Flamengo um grande campeão e depois se aposentar cheio de louros.
Uma das vantagens do professor é não inventar muito. Com ele, os jogadores normalmente atuam em posições definidas, existem os titulares e os reservas naturais e qualquer novo esquema tático revolucionário passa longe da sua prancheta.
Uma das desvantagens, no entanto, é a sua autoestima exacerbada. Além de ser o líder, ele tem a necessidade de ser a figura mais importante do grupo, e apenas em raríssimas ocasiões conseguiu comandar um elenco de estrelas sem entrar em atrito com Deus e o mundo, como em 1993, quando liderou o Palmeiras de Edmundo, Evair, Antonio Carlos e Edilson e se saiu muito bem.
Também tem a seu desfavor o fato de não ter se reciclado nos últimos anos, por achar talvez que não tem mais nada para aprender, erro comum aos treinadores brasileiros, que teimam em virar a cara para os novos conceitos.
Esta é a quarta vez que Vanderlei Luxemburgo dirige o Flamengo, onde nunca conseguiu fazer muito sucesso.
Em 1991, ele comandou o time em 52 oportunidades, lançou diversos jogadores importantes – Marcelinho, Djalminha, Paulo Nunes, Zinho – mas não ganhou nenhum título. Em 1995 foram apenas 48 jogos, mesmo comandando “o ataque dos sonhos” – Romário, Edmundo e Sávio. A guerra de egos com Romário, a briga com alguns dirigentes e a perda da Taça Guanabara foram responsáveis pela sua saída, a pedido da torcida. Em 2010 Luxemburgo foi contratado para salvar o clube do rebaixamento, como agora, e chegou a ganhar o título carioca de 2011. Depois de um ano à frente do elenco e 98 jogos disputados, acabou caindo devido a sérias divergências com alguns diretores e de problemas criados com Ronaldinho Gaúcho, a estrela do time, tudo somado ao desgaste da então presidente Patrícia Amorim.
Nesta sua nova investida Luxemburgo vai tentar reinventar o futebol brasileiro que está atualmente com a sua autoestima em baixa. Mais do que isso, vai tentar fazer o Flamengo voltar a ser um time respeitado, como há muito tempo não o é. E, mais ainda, vai tentar fazer o seu nome ser mais uma vez levado em conta quando se fala em técnico de ponta.
Em primeira instância, sua chegada fez bem tanto para ele, que andava arredio depois de um pífio aproveitamento de 38% no Fluminense em 2013, como para o clube, que há oito jogos não sabia o que era fazer três pontos – uma das razões pela sua incômoda posição na tabela.
Resta saber se esta parceria vai continuar dando certo.
Pelo que se observou, a equipe evoluiu e criou um novo ânimo, mas ainda está longe de apresentar um futebol de qualidade. Num jogo às vezes medíocre e jamais brilhante, o gol isolado de Alecsandro foi a única coisa de qualidade que realmente aconteceu.

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