quinta-feira, 18 de dezembro de 2014





BRASILEIROS NA EUROPA  

 (ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 18/12/2014) 

Um estudo recente mostra que os jogadores brasileiros já não são chamados de “os reis do futebol” e que pouco a pouco vão sendo substituídos nas grandes equipes europeias por africanos, europeus e outros latino-americanos.
Na verdade, não é preciso fazer um grande esforço para constatar este estudo, bastando somente acompanhar os campeonatos nacionais do Velho Mundo ou os jogos da Champions League pela televisão.
É claro que ainda existe uma boa porção de brasileiros atuando por aquelas plagas, mas parece que eles não conseguem exercer o mesmo fascínio de outros tempos e, exceção feita a Neymar, não chegam a ser considerados jogadores fora de série pela torcida e pela imprensa local.
O futebol europeu evoluiu como um todo, no sentido de estratégia e gerenciamento. Os clubes mantêm os olhos abertos para os quatro cantos do mundo a fim de observar jogadores e, ao lado da habilidade no trato da bola, sempre necessária porque pode decidir partidas, eles analisam os  fundamentos e a inteligência espacial do jogador, ao se desmarcar e ao perceber quem está desmarcado.
Por isso, os clubes exibem na mesma equipe a postura do jogador alemão, a malícia do brasileiro, a picardia do argentino, a disciplina tática do espanhol, o desprendimento do africano e por aí vai, com a finalidade de oferecer ao público mais do que um espetáculo, mas um espetáculo vitorioso.
E, para aqueles que gostam de números, podemos adiantar que, considerando nove dos principais clubes da Europa – Barcelona, Real Madrid, Bayern Munich, Chelsea, Manchester United, Manchester City, Juventus, Roma e PSG – existe uma quantidade de 25 jogadores brasileiros (dos quais apenas 10 podem ser considerados titulares absolutos) contra 120 outros estrangeiros vindos de diversas partes do mundo.
Isto corresponde a cerca de 21% de mão-de-obra (ou pé-de-obra, se preferirem), o que seria até um numero aceitável se não estivesse oscilando a cada temporada.
Se levarmos em conta porém de que apenas 10 destes 25 são titulares costumeiros – nominalmente Neymar, Daniel Alves, Marcelo, Oscar, Ramires, Willian, Thiago Silva, Marquinhos, Lucas e David Luiz – o percentual cai para 8%.
Os outros estrangeiros que atuam nesses times são distribuídos em 84 europeus, 24 sul-americanos, 9 africanos, 2 centro-americanos e 1 jogador da Oceania.
Os maiores exportadores, depois do Brasil, são a Espanha (com 15 jogadores) e a França e Argentina (com 14 jogadores cada um).
Os técnicos europeus são unânimes em afirmar que não é exatamente qualidade o que está faltando ao jogador brasileiro, mas principalmente disciplina, espírito de equipe e seriedade.
Como alguns dos nossos craques ainda estão procurando mostrar as razões da sua contratação – caso de Casemiro, Douglas, Bernard, e Lucas Piazon, por exemplo – os jornais europeus continuam colocando em questão os altos valores gastos e a competência de quem os contratou.
O fato é que a Europa já foi o palco de muito brasileiro bom de bola, desde os tempos de Julio Botelho, Mazzola e Evaristo Macedo, passando por Falcão, Romário, Ronaldo e Ronaldinho, todos reverenciados até hoje.
Alguns se naturalizaram, caso do maranhense-belga Oliveira, do alemão Cacau, do espanhol Diego Costa, do português Pepe e do croata Eduardo da Silva. Deco chegou a defender a deleção portuguesa, pois tinha dupla cidadania, e Sonny Anderson poderia ter defendido a seleção da França se tivesse se naturalizado.

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