COMO NASCEM AS CANÇÕES
(Parte 7)
(Artigo escrito para a página da
Academia Poética Brasileira – https//www.facebook/com/academiapoetica/).
A
continuação da Parte 6 fala especificamente da “Ópera do Amor em Tempo de
Revolta”, com a transcrição das letras das músicas e narrativas, começando com
o prólogo (declamado). Pense o leitor num palco e numa encenação onde as palavras, os
gestos e a parte musical falam mais alto do que o cenário:
“Se toda gente soubesse
Das voltas que o mundo dá
Não faria tantas coisas
Para os outros, sem pensar
Saberia que seus atos
Serão pra História julgar
Das voltas que o mundo dá
Não faria tantas coisas
Para os outros, sem pensar
Saberia que seus atos
Serão pra História julgar
Se toda gente soubesse
Das voltas que o mundo teve
Saberia que essas lutas
Saberia que essas lutas
De revolta justa ou greve
Tiveram lugar nas terras
De dominadores breves
De dominadores breves
Se toda a gente soubesse
Que a História sempre repete
Cuidaria mais, que é fácil
Já estar no fim do reinado
E que a estação de mudança
Poderá já ter chegado”
Depois,
a apresentação (cantado):
“Esta história conta frases de amor
Conta fases de amor
Conta fatos da vida
Diz nos versos a dor
Do universo esquecido
Da existência sofrida
Do trabalhador
Esta é a história de uma parte do mundo
Onde o mundo é pequeno
E onde vive somente
Um oitavo da gente
Que lá dentro nasceu
Pois o resto morreu
E o restante não é
Mas a história de quem sofre e trabalha
E passa fome a migalhas
Também tem coração
Pois no peito balança
Tanto quanto o que alcança
Quem na vida não cansa
Quem tem sol, luxo e pão
Veja a história de quem morre criança
Ou fica adulto na infância
E não tem sol, luxo ou pão
No seu peito balança
Tanto quanto o que alcança
Quem da vida não cansa
Como o mestre Simão
Este é Simão, rei dos patrões
Aquele é João, seu empregado
Aquele é João, seu empregado
Simão é rico, dono do mundo
João é forte e trabalha muito
Simão tem tudo, leva boa vida
Dinheiro em banco, foto em jornal
Seus interesses não modificam
O esquema nacional
Dinheiro em banco, foto em jornal
Seus interesses não modificam
O esquema nacional
Elisa é bela, tem preconceitos
Por homens pobres, por homens pretos
Os dois do mundo se mantêm distantes
São omissos atuantes
Por homens pobres, por homens pretos
Os dois do mundo se mantêm distantes
São omissos atuantes
João tem braços e pouco dinheiro
Não tem sossego o ano inteiro
Não tem sossego o ano inteiro
E a noite sonha com a Maria que não
conhece
É como o dia de uma mudança que vai
chegar...”
Nesta
sequência muda a atmosfera e a cena, que segue com a canção “A Busca, a melodia
composta por Renato Winkler. A canção retrata os anseios de João (cantado):
“A Busca”
“Ah, esta eterna procura do que não se perdeu
A gente onde é que está?
Ah, esta sempre vontade se ser e de
saber
Tudo o que é e tem seu valor
É busca da gente em si mesma
É busca no tempo e no espaço
É busca do amor que não veio
Com a esperança de um dia encontrar
Ah, a procura daquela nova dimensão
A dimensão da paz
De tudo o que se quis um dia
A dimensão da paz
De tudo o que se quis um dia
De tudo o que se fez um dia
Pra ter aquela Maria..”
Quando
questionado pelos amigos, João explica os seus próprios questionamentos
(cantado):
“Se eu escuto é porque falam
Tenho que dizer que ouvi
Se eu vejo é porque fazem
Se eu vejo é porque fazem
Tenho que dizer que vi
Se esta voz não é só minha
Mas de muita gente aqui
Tenho que dizer no canto
Se esta voz não é só minha
Mas de muita gente aqui
Tenho que dizer no canto
Todo o grande desencanto”
Mais
adiante, João e os amigos comemoram o feriado – e a noite da véspera do feriado
– com as suas diversões (cantado):
“O Dia Mais
Lindo”
“O dia mais lindo do pobre é o feriado
Ele pode descansar
Saiu com os amigos, dormiu de madrugada
Não tem que levantar
Saiu com os amigos, dormiu de madrugada
Não tem que levantar
Esquece o relógio do ponto
Esquece o olhar do patrão
Esquece a sineta do almoço
Esquece a produção
Da porta do bar vê passeando na avenida
A gente bonita que tem alta posição
Vive imponente e na certa anda esquecida
Vive imponente e na certa anda esquecida
Que os dois vão repousar no mesmo chão
O dia mais lindo do pobre é o feriado
Ele pode descansar
Ganhando no mole o seu dia miserável
Que a lei mandou pagar
Feriado de santo de igreja
Ou com desfile musical
Mas vem a danada certeza
De o dia se acabar”
Aqui
começa a introdução ao romance (declamado):
“Se toda gente soubesse
Das voltas que o mundo dá
Saberia: o olhar, às vezes
Pode mais que a lei social
E que certas circunstâncias
Não cabe à gente criar
E que certas circunstâncias
Não cabe à gente criar
Se toda gente soubesse
Que o coração tem motivos
Pra bater mais forte ao peito
Que o coração tem motivos
Pra bater mais forte ao peito
Quando, em acordo consigo
Bate outro peito fremente
Vibrando ao toque preciso
Se toda gente soubesse
Do amor que constrói o mundo
Veria que não há nada
Que o faça modificar
Tomara todos pudessem
Ser felizes, par a par”
Tomara todos pudessem
Ser felizes, par a par”
SEGUE
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