segunda-feira, 22 de junho de 2020




SINFONIA NOTURNA
(Augusto Pellegrini)

Ao acender o abajur na mesa de cabeceira
Sentiu na alma uma imensa alegria
A luz com seu fulgor se espalhou pelas beiras
E pôs fim às sombras, como se fosse dia

Observou na mesa os livros que ama ler
Que falam para a sua alma e que lhe dão prazer
Os personagens, todos juntos, lhe fazem companhia
Na solidão da madrugada que ora se inicia

Sentiu o ar da noite entrar pela janela aberta
E ouviu o canto musical e único do vento
Com mil imagens feitas no seu pensamento
Até cerrar os olhos na noturna sesta

À noite, a natureza impera nua, pura e solta
Insetos de asas vão em vêm, fazem a festa
E o gato, enrodilhado no lençol da cama
Faz companhia ao dono, como um cão de escolta

Então, luz apagada, começam a surgir os sonhos
E aí o inverossímil cresce por inteiro
O gato já mudou de lado, e o travesseiro
Guarda o calor do rosto suado e dos seus poros

Amanhece, a luminosidade atravessa a janela
A sinfonia noturna toda se modificou
O gato não mais dorme, tristonho olha a tigela
E aguarda que o dono ponha leite dentro dela


Dezembro 2018






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