quinta-feira, 12 de novembro de 2020

 


VERSOS MENTIROSOS

(Augusto Pellegrini) 

Hoje eu tenho os olhos secos
E sinto a garganta ardida
De tanto chorar, aos gritos
Lamentando a tua partida
 

E sinto falta da chuva
Embora não goste dela
Porque a chuva me recorda
Tua imagem na janela
 

Os poetas exageram
E falam coisas que não sentem
Na verdade não se importam
Em demonstrar o quanto mentem

Em nome do ineditismo
E da pura alegoria
Do vazio escrevem lirismo
Se tristes, impõem alegria 

Um exemplo deste assunto
Na verdade, um exagero
Vem na intenção destes versos
Com molho e algum tempero

Eu me ponho a refletir
Sobre tanta incoerência
Será que a chuva faz falta
E me dói a tua ausência?

Ou será que o que me aflige
É somente a solidão
E esta busca intermitente
Da verdadeira paixão?

Pois, se a chuva me deprime
Sua falta me faz suar
E as duas coisas se completam
Estão no mesmo patamar

Por isso, tome cuidado
Ao ler uma poesia
Muitas vezes o poeta
Não faz mais que fantasia

 

Novembro 2020

 

 

 



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