AS CORES DO SWING
(Livro de Augusto Pellegrini)
BANDLEADERS E DISCOGRAFIA
ROBERTO INGLEZ (1913-1978)
Nome completo – Robert Inglis
Nascimento – Elgin-Escócia
Falecimento – Santiago-Chile
Instrumento – piano
Comentário – Apesar tocar swing, o maestro e pianista Roberto Inglez não chega a ser
considerado específicamente um músico de jazz, pois seu repertório era composto
também por músicas latinas. Mas ele construiu um seu estilo jazz-dançante, e
com ele foi um líder de vendas de discos na Europa, nos Estados Unidos e na
América Latina. A sua inclinação pela música latina é relativamente estranha,
levando-se em consideração que ele nasceu na Escócia (em 1913, de acordo com
alguns pesquisadores, e em 1919, de acordo com outros) e morou no Reino Unido
até quase os quarenta anos de idade.
Sabe-se que ele aprendeu piano quando tinha cinco anos e que aos quinze
já possuía o seu próprio conjunto musical, chamado Melodymakers. No início da
sua carreira, Robert trabalhava como dentista durante o dia para conseguir
exercer sua função de músico à noite. Em 1937, quando estudava na Royal Academy
of Music, em Londres, Robert conheceu Edmund Ros, de origem venezuelana, que na
época tocava na Don Marino Barreto´s Cuban Orchestra. Quando Ros deixou a
orquestra para formar seu próprio grupo, ele indicou Robert para substituí-lo e
sugeriu a mudança do seu nome para Roberto Inglez por ser ele o único britânico
dentro daquela orquestra latina. Algum tempo depois, Roberto Inglez também
montou sua própria orquestra e foi contratado pelo Hotel Savoy, uma sofisticada
casa de Londres, mas manteve o estilo caribenho que herdara de Edmund Ros, sem
deixar de incluir o swing e o fox dançante. Teve discos lançados pelas
gravadoras Parlophone e Coral, e depois pela Odeon, que possuía filiais na
Espanha e na América do Sul. Seus discos com o molho latino tiveram uma grande
aceitação no Brasil, e em 1952 ele foi convidado para fazer duas temporadas, uma
no Hotel Casablanca, no Rio de Janeiro, e depois no Lord Hotel, em São Paulo,
liderando uma orquestra com trinta músicos, todos brasileiros. No Brasil,
Roberto Inglez acompanhou as cantoras Ângela Maria e Dalva de Oliveira, e ficou
até 1954, quando se casou e foi morar no Chile. Lá, ele montou a Roberto Inglez
y Su Orquestra Romanza, se tornou parceiro do cantor Lucho Gatica, e continuou
gravando e se apresentando na América do Sul, em Nova York e em Madri com o
mesmo sucesso. Esteve no Brasil para diversas outras temporadas e fez outras gravações
pela Odeon. Seu estilo pianístico econômico, com a melodia calcada nos graves
extraídos com a mão esquerda, teria influenciado diversos músicos brasileiros,
entre os quais Valdir Calmon, Britinho, João Donato e Tom Jobim. Ele se retirou
dos meios musicais no início dos anos 1960. De um modo geral, Roberto Inglez
não é citado em compêndios e discografias de jazz, possivelmente porque apesar
de a sua Orquestra Romanza ter tocado várias vezes em Nova York, ele tenha abandonado
o estilo orquestral jazzístico que cultivava nos anos 1940.
Algumas gravações:
Again (Dorcas Cochran-Lionel Newman)
Andalucia (The
Breeze And I) (Ernesto Lecuona)
Aquarela Do Brasil
(Ary Barroso)
Because Of You (Arthur
Hammerstein-Dudley Wilkinson)
Begin The Beguine (Cole
Porter)
Dancing In The Dark (Howard Dietz-Arthur Schwartz)
Daybreak (Ferde
Grofe-Harold Adamson)
Fantasie Impromptu (Fréderic Chopin)
Heart And Soul (Frank
Loesser-Hoagland “Hoagy” Carmichael)
In The Still Of The Night (Cole Porter)
Kalu (Humberto Teixeira)
Laura (Johnny
Mercer-Walter Donaldson)
Nocturne (Fréderic
Chopin)
Out Of My Dreams (Richard
Rodgers-Oscar Greeley Clendenning Hammerstein II)
Rio De Janeiro (Ary Barroso)
Temptation (Arthur
Freed-Nacio Herb Brown)
Tico Tico (José Gomes “Zequinha” de Abreu-Erwin Drake)
Tres Palabras (Osvaldo Farres)
Ya Que Te Vas (Ernesto Lecuona)
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