EU
E A MÚSICA
UMA
ORQUESTRA DANÇANTE
Swing
pra que te quero
Parte
3 - Final
Harry James e sua orquestra encerrariam a sua temporada no
Brasil se apresentando em São Paulo no dia 27 de outubro, depois de passar pelo
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Esta seria a sua
última turnê pela América do Sul, pois o maestro estava enfrentando problemas
de saúde e começaria a rarear os shows – na verdade James viria a morrer cinco
anos depois, em Las Vegas.
O grande show em São Paulo foi realizado em grande estilo num grande salão chamado
Boite Aquarius, e eu novamente participei da grande festa, desta vez sem a
presença de Bob Mount.
A Aquarius era uma das discoteques
mais badaladas da cidade e a sua pista de dança normalmente fervilhava nas
noites de sexta e sábado com as músicas quentes do final dos anos 1970 como “I Will Survive” (Gloria Gaynor) com
Gloria Gaynor, “Macho Man” (Henri
Belolo, Victor Willis e Jacques Morali) com o Village People, “Stayin’ Alive” (Barry Gibb, Robin Gibb e
Maurice Gibb) com os Bee Gees e “Dancing
Queen” (Benny Andersson e Bjorn Ulvaeus) com o grupo ABBA e seus Bs
invertidos, com direito à devida decoração e efeitos psicodélicos especiais.
Aquela noite foi muito particular, tanto na sonoridade quanto na decoração do
salão que mudaram drasticamente, pois o ambiente voltou no tempo e as músicas
retrocederam quarenta anos, variando de “Ciribiribin”
(Alberto Pestalozza, Harry James e Jack Lawrence) e “Trumpet Blues” (Harry James) até “You Made Me Love You” (Joseph McCarthy e James V.Monaco), “It’s Been A Long Long Time” (Jule Styne
e Sammy Cahn), “Jealousie” (Jacob
Gade) e “Sleepy Lagoon” (Eric
Coates-Jack Lawrence), seis dos maiores sucessos de James que não haviam feito
parte do repertório de Belo Horizonte, fazendo com que a Aquarius se transformasse
num grande Savoy Ballroom dos anos 1940.
Depois da apresentação a orquestra se retirou do palco, mas as músicas do show haviam
sido gravadas e continuaram ecoando por cerca de quase uma hora para que o
pessoal pudesse continuar dançando, e alguns músicos caíram na gandaia junto
com o público.
Entre eles, lá estava o nosso amigo Sonny Payne, que esbanjava alegria e dançava
um insuspeito lindy hop, para a
alegria dos presentes.
Num momento de repouso, encontrei-me com ele e voltamos a trocar ideias junto
ao balcão do bar, relembrando a madrugada do Hotel Del Rey acompanhado por mais
outras tantas latinhas de cerveja.
Ele estava feliz em ter vindo para o Brasil e fazia planos para retornar num futuro
breve, talvez pegando carona com alguma orquestra que viesse fazer alguma
temporada por aqui.
Mas Sonny não conseguiu concretizar os seus planos, pois na sua volta para os
Estados Unidos ele contraiu uma gripe fortíssima que se transformou em uma
insidiosa pneumonia, à qual não resistiu.
Sonny Payne morreu três meses depois do nosso encontro, no dia 29 de janeiro de
1979, com apenas 53 anos de idade e toda uma carreira de baterista de jazz e swing pela frente.
Mas deixou seu nome registrado na história e particularmente na minha história.
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