sábado, 17 de setembro de 2022

 


FLOR DO MANGUE

(Augusto Pellegrini)

Pobre puta de alma destroçada
Sem rumo exato e com destino incerto
É sempre vista e sempre rejeitada
Como o fio de esgoto que passa por perto

Rosa sem viço, flor despetalada
Olhar sem brilho, coração em postas
Voz sem vontade, imagem desfocada
Pesado fardo a carregar nas costas

Surge outro dia sem futuro ou paz
E ela oferece muito mais que um beijo
Quem passa sente um misto de desejo
E desolação, que a triste imagem traz

Falsa alegria, libido canhestro
De quem fez da vida um pacto de sangue
Uso e descarte é a sina que lhe resta
Estrela apagada, pobre flor do mangue

 

Fevereiro 2019

 

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