PÁGINAS ESCOLHIDAS
Do
livro O BRUXO DE CONCEPCIÓN (2011)
(Augusto Pellegrini)
O BRUXO DE CONCEPCIÓN
Tudo começara quando El Gran
Gachot, um prestidigitador e ilusionista venezuelano que andava pelo México
afora, precisou de um assistente para auxiliá-lo nos seus truques. Aos dezesseis
anos, Emerenciano Ycaplán, que era esperto e expedito, apesar de robusto e bem
cevado, assumiu a tarefa com tamanha perfeição que logo passou a comandar parte
da cena, ficando para o grande Gachot o lado mais complexo do espetáculo.
Fazer sumir e depois reaparecer lenços de seda coloridos e graciosas pombinhas
brancas, colocar moedas de diversos tamanhos atrás da orelha ou no bolso do
colete para depois reencontrá-las em outros lugares mais imprevistos, multiplicar
cigarros acesos por entre os dedos roliços e teimosos e encantar o público com
um baralho chinês eram algumas maravilhas que Emerenciano fazia sem pestanejar.
As mãos se moviam agilmente como duas aranhas espertas e a boca emitia sons
místicos e palavras de ordem, fazendo com que um relógio de ouro se
transformasse em um punhado de papel picado e reaparecesse no bolso de um
aparvalhado espectador.
O corpanzil se movimentava como um pião, enquanto surgiam da gola e das mangas
da camisa os mais variados objetos sob o aplauso frenético da turba excitada.
Finalmente, ele passou a adivinhar pensamentos, datas e nomes com uma precisão
impressionante, a ponto de começar a roubar o espetáculo para si, a despeito do
velho Gachot.
(Uma lenda tropical conta a saga
de um bruxo que desafiou a medicina)
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