ESQUEMAS TÁTICOS DO
FUTEBOL – PARTE 1
Quando o futebol começou a ser praticado
na metade final do século 19, a grande missão dos jogadores era colocar a bola
dentro do gol adversário. A princípio não havia organização nem planejamento
para que esse objetivo (“goal”, em inglês), fosse alcançado.
Os desenhos táticos eram inexistentes,
mas pode-se dizer com certa precisão que o esquema adotado de 1863 até 1871 era
o 1-1-8, isto é, apenas um “back” (à frente do goleiro), um “midfield” (fazendo
a transição entre a defesa e o ataque) e oito “forwards” (atacantes) buscando a
todo custo enfiar a bola por entre as traves adversárias.
Quando um time era atacado ele mantinha
os dez jogadores na defesa, mas quando recuperava a posse de bola partia em
massa para o contra-ataque, explorando a fragilidade de uma defesa composta
apenas por um vigia no meio de campo e um zagueiro solitário lá atrás. Na
verdade, o sistema provou ser pouco produtivo, pois o vai-e-vem de ataques e
contra-ataques tornava a partida extremamente exaustiva, numa época em que não havia
a marcação do impedimento, não se cogitava de preparo físico e o futebol estava
ainda longe do profissionalismo.
A partir de então os times começaram a
mudar o posicionamento dos jogadores, e alguns anos depois já se adotava um
sistema 2-3-5, com isso mantendo a vocação ofensiva, reforçando a parte
defensiva e fazendo com que três homens no meio de campo pudessem cadenciar
melhor a velocidade da partida e servissem de anteparo aos ataques e
contra-ataques. Este sistema era conhecido como “Pirâmide” ou “Sistema
Clássico”, e foi muito utilizado até a Copa de 1938.
Com a mudança na lei do impedimento nos
anos 1920, Herbert Chapman, treinador do Arsenal, inventou o WM (uma variação
de 3-2-2-3 e 3-4-3).
Este sistema foi bastante explorado e
originou muitas variações, mas alguns técnicos – principalmente na Itália e na
Suíça – o consideravam bastante vulnerável e reforçaram a defesa com o sistema
“Catenaccio” (“Ferrolho”) ou se valendo de um líbero, zagueiro que faz a
cobertura das jogadas em toda a faixa da zaga, contando com a colaboração de um
ala defensivo e de um meio-campo, como utilizado na Copa de 1962.
Na década de 1960 apareceu na Europa uma
outra formação, criada pelo técnico inglês Alf Ramsey, e denominada 4-4-2, onde
os quatro jogadores do meio-campo funcionavam como uma barreira protetora para
os zagueiros ao mesmo tempo em que atacavam em bloco auxiliando os dois
atacantes quando o time tinha a posse de bola.
Outros sistemas se sucederam, alguns
muito interessantes, mas difíceis de serem mantidos por exigirem jogadores
muito especiais para que o encaixe desse certo. Como exemplo, temos o
“Carrossel” ou “Futebol Total” holandês de 1974 criado pelo técnico Rinus
Michels , onde os jogadores mantinham suas posições quando estavam defendendo,
marcavam em bloco dificultando a saída de bola do adversário e não mantinham
suas posições quando partiam em massa para o ataque.
Sepp Pionek, um técnico alemão que treinava
a Dinamarca foi semifinalista na Eurocopa de 1984 inovando um esquema de três
zagueiros que não era defensivo, pois eles saíam para o jogo quando o time
estava com a posse da bola sob a proteção solitária de um volante. Este sistema
foi muito usado na Europa nos anos 1990.
As variações táticas no posicionamento e
nas funções dos dez jogadores de linha são numerosas e podem depender do
adversário, do resultado pretendido, das características dos jogadores e da
própria forma de jogar do adversário. Não existe uma fórmula mágica ou
infalível, pois todas estão sujeitas ao antídoto que será aplicado pelo técnico
adversário.
Como este é um assunto que não se esgota
em um só artigo, daremos prosseguimento na próxima semana.
(Artigo publicado no caderno de Esportes do
jornal O Imparcial de 12/08/2017)
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