HOMÔNIMOS
Certa vez estava eu no Aeroporto da Pampulha,
em Belo Horizonte, aguardando a chamada do voo para São Paulo quando a voz
aveludada da locutora oficial declinou “Sr. Augusto Pellegrini Filho” favor
comparecer ao balcão da Varig.
Fiquei curioso, pois já havia feito o
check-in, mas lá compareci e me avistei com um sujeito ligeiramente alterado brandindo
uma carteira de identidade e exigindo que fosse colocado no voo que continha
uma reserva feita em seu nome.
De fato, o cidadão também se chamava
Augusto Pellegrini Filho e tinha a ficha de reserva em seu nome para o mesmo
voo que o meu. O que me salvou foi a conferência do número da Carteira de Identidade,
mostrando que o embarque já havia sido registrado em meu nome, e o sujeito,
entre resmungos e a muito contragosto teve que remarcar seu bilhete para um
outro voo.
Talvez o nome e sobrenome em si não
sejam tão raros e difíceis de ser encontrados, mas foi muito peculiar que isto
acontecesse dentro das circunstâncias descritas.
Este episódio me veio à mente quando
outro dia, antes do início de uma partida pelo Campeonato Paulista, o
comentarista mencionou o encontro de Dorival Junior, técnico do São Paulo, com
Dorival Junior, técnico do Novorizontino, que trocavam cumprimentos amistosos.
Cada um deles possui um currículo igualmente
vitorioso, mas bastante diferentes.
O Dorival Junior do São Paulo se chama
Dorival Silvestre Junior, tem 55 anos e nasceu em Araraquara. Sobrinho de Dudu
– um ídolo da Ferroviária local que fez história no Palmeiras como parceiro de
meio-campo de Ademir da Guia – este Dorival adotou o nome de Junior e atuou durante
13 anos como volante, também começando pela Ferroviária, em 1982, e encerrando
a carreira jogando pelo Juventude-RS em 1995, após passagens por dez clubes,
entre eles o Palmeiras.
Formado em Educação Física, Dorival já
trabalhou como técnico em dezoito clubes desde 2002 – entre eles Atlético
Mineiro, Internacional, Flamengo, Vasco, Palmeiras, Fluminense, Santos e São
Paulo, onde está hoje.
O Dorival Junior do Novorizontino se
chama Dorival Guidoni Junior, tem 45 anos e nasceu em Nhandeara, interior de
São Paulo e adotou o nome de Doriva porque o seu técnico no início de carreira considerava
que Dorival não era nome de boleiro e que o futebol estava repleto de Juniors.
Também volante, começou em 1988 nas divisões de base do São Paulo, se
profissionalizou em 1991. Fez história no tricolor ao conquistar a Libertadores
e o Mundial como titular do time de Telê Santana para depois atuar em outros
onze clubes até 2007, encerrando a carreira no Mirassol quando o médico do
clube diagnosticou uma arritmia cardíaca que interrompeu sua carreira aos 35
anos de idade.
Jogou em Portugal, Itália, Espanha e
Inglaterra durante nove anos e fez quatorze apresentações pela Seleção
Brasileira de 1995 a 1998.
Como treinador, começou dirigindo o
Ituano em 2013, passando por sete equipes até o momento, entre elas o Vasco, o
Bahia e próprio São Paulo, em 2015.
Como se vê, tratam-se de duas
trajetórias distintas, que os torcedores ligam afetivamente ao Palmeiras e ao
São Paulo, muito embora ambos tivessem vestido muitas outras camisas.
Estas biografias não estariam sendo
esmiuçadas pelo cronista bisbilhoteiro se o destino fizesse com que eles se
tornassem conhecidos pelos sobrenomes Silvestre e Guidoni, nada muito marcante
na verdade, mas sem dúvida bastante sugestivos.
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