segunda-feira, 27 de maio de 2019






UM GOLE DE ALEGRIA
(Augusto Pellegrini)

O homem entra no bar e pede
Uma dose de alegria
E o atendente lhe indica
Um lugar para sentar
Sai e procura uma bebida
Da mais suave à mais curtida
Pra satisfazer do cliente
O seu fino paladar

Mas permanece intrigado
Com pedido tão estranho
Tão notável, diferente
Obtuso e singular
Pois seu bar vende bebidas
Doces, amargas, ardidas
Porém não tem a alegria
no cardápio regular

Para o atendente atencioso
Este homem tão taciturno
Escolheu o lugar errado
Para encerrar o seu turno
Alegria não se compra
Não se empresta, vende ou bebe
Pois já vem engarrafada
Na alma de cada vivente

Pode ser distribuída
Aos goles, como a bebida
Sem dosagem e sem medida
Entre os amigos da gente
Em silêncio é consumida
Ou ao mundo alardeada
Mas não pode ser comprada
Em um boteco de esquina

Maio, 2019

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