quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

 


CARTAGO

(Augusto Pellegrini)

A morte rasga a carne da vil soldadesca
Em meio à intensa névoa e a um grande rebuliço
E a virgem segue nua e exposta ao sacrifício
Toda banhada em sangue na cena dantesca

A horda invade a praça, as ruas e as vielas
Ao som do grito louco dos conquistadores
O fogo queima tudo, portas e janelas
E os moradores lutam, sucumbindo em dores

O massacre segue solto, gritos e gemidos
Os animais se lançam numa cruel debandada
Espadas ceifam vidas em brutal alarido
E o sangue lava as ruas e corre nas calçadas

Como ponto final a um século de guerras
Um povo escravizado, a vida num impasse
O invasor espalha sal na conquistada terra
Para que o chão estéril nunca mais vicejasse

Não temos uma guerra, é execução, somente
Pois o povo indefeso não é feito de soldados
Pura maldade de um invasor inclemente
É Roma destruindo a República de Cartago
 

Fevereiro 2019

 

 

 

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