quinta-feira, 8 de julho de 2021

 


A PREGUIÇA  

(Augusto Pellegrini) 

 

A preguiça é a mãe de todos os vícios.

A preguiça produz larápios das mais variadas espécies, desde o refinado trambiqueiro oficial que faz proezas com as finanças públicas e empresariais até o descarado batedor de carteiras ou o descuidista que é capaz de roubar doce de crianças. Ou o perigoso assaltante que leva o pânico no seio da sociedade, usando de violência se preciso for... desde que não dê muito trabalho...

Todos os gatunos indesejáveis, facínoras inconfessáveis e trapaceiros espúrios se tornaram gatunos, facínoras e trapaceiros porque tiveram preguiça de encarar uma forma mais salutar e honesta de sobrevivência.

A preguiça provoca malfeitos e coisas mal-acabadas.

 

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Mas a preguiça também é um bocejo e um tombar o corpo na poltrona mais próxima, e também a imprecação parida ao esticar a mão e não alcançar o objeto pretendido.

A preguiça é um bicho estranho que trepa em árvores e sobe tão lentamente como o crescimento da própria árvore.

A preguiça é um bicho terno que não tem pressa de ir para casa.

A preguiça é um bicho lerdo que tomou cem cápsulas de tranquilizante.

A preguiça é a falta de vontade, é a decisão de fazer nada.

A preguiça é ligar o modo “zen”.

A preguiça do escritor se chama “falta de inspiração”.

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