TEMPOS DIFÍCEIS
(Augusto
Pellegrini)
Tempos difíceis
vivemos
De confinamento e tédio
Mas nosso melhor remédio
É conformar com o que temos
Temos que ficar
em casa
Como fosse numa cela
E assim se esvai vida bela
Pois quebraram nossa asa
Mudou tudo em nossa
vida
A noite, a roda de amigos
Mesmo assim ainda consigo
Tê-la menos reprimida
Com a
tecnologia
Eu vejo de tudo um pouco
Mas o que me deixa louco
É a mesmice do dia-a-dia
Deixei de
cantar, é certo
Nas noites de vinho e jazz
Pois não posso por meus pés
Lá fora, no descoberto
Não posso pra
rádio ir
Pra fazer o Sexta Jazz
A assim fico, num viés
Sem falar, sem produzir
O meu programa
querido
Com quase quarenta anos
Com pesar e desengano
Passou a ser repetido
As minhas aulas
de inglês
Entre outras empreitadas
Começam a ser adiadas
Quem sabe pro outro mês
A alternativa,
então
Mesmo com vã contumácia
É caminhar até a farmácia
Para medir a pressão
Ou ir ao
supermercado
Nas horas mais sossegadas
Ver prateleiras esgotadas
Do produto procurado
E pra aumentar
a lambança
Dizem, se bem me lembro
Que antes de chegar setembro
Não haverá qualquer mudança
Já me sinto
enferrujado
Com a falta de movimento
Ansiando pelo momento
De ser enfim libertado
Poder cantar
como antes
Enturmar com quem se ama
Renascer com o programa
E levar a vida adiante
Março 2020
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