sábado, 15 de agosto de 2020

 



AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

CAPÍTULO 7 - AS CORES DO SWING - Final


Buscando criar uma sonoridade diferente daquela que se ouvia na época, Glenn Miller inovou, colocando o clarinete como líder do naipe dos saxofones e fazendo-o tocar em uníssono com o sax-tenor, o que fez com que a orquestra adquirisse um som especial, suave e aveludado, principalmente nas músicas mais lentas. Diz a lenda que isto teria acontecido por acaso, quando o saxofonista líder machucou a boca durante um ensaio e os músicos tiveram que ser remanejados.

Quando a guerra recrudesceu, Miller trocou o paletó de gala pelo uniforme militar e se engajou nas forças armadas com a patente de capitão, formando a Glenn Miller Army Air Force Band, que durante dois anos fez mais de oitocentas apresentações para os soldados americanos na frente de batalha.

Nesses anos todos a sua popularidade ofuscou todos os outros bandleaders, inclusive Benny Goodman, lhe valendo um disco de ouro pela gravação de “Chattanooga Choo Choo” (Harry Warren e Mack Gordon) e, a exemplo de Harry James, a participação em alguns filmes de Hollywood, como “Orchestra Wives” e “Sun Valley Serenade”.

Em dezembro de 1944, o avião no qual Miller viajava de Londres para Paris desapareceu em pleno voo por sobre o Canal da Mancha, encerrando de maneira trágica a carreira de um músico que ajudou a construir uma parte importante da história da música norte-americana e que foi pranteado como herói.

No entanto, em que pesem as qualidades de Dorsey, Shaw, James, Miller e todas as outras bandas extraordinárias das décadas de 1930 e 1940, a orquestra de Benny Goodman é considerada pelos críticos especializados como a mais perfeita banda de swing, sendo a principal responsável pela forma com que o estilo se consolidou nos Estados Unidos e também no mundo. Pode-se afirmar que Benny Goodman conseguiu levar adiante a chama do swing durante mais de trinta anos, mesmo depois que outras orquestras desistiram e que outros estilos modernizaram e elitizaram o jazz, levando-o dos salões de danças para as salas de concerto.

Muitos críticos afirmam que a versatilidade de Goodman e a sua intimidade com o clarinete eram devidas à associação feita entre a música clássica e os pioneiros de Nova Orleans. Tocando uma música que continha um charme insuperável e uma alegria insuspeita, Goodman transformou o aspecto comercial das bandas de simplesmente dançantes para um jazz – por sinal, também dançante – de alta qualidade.

Benny Goodman começou a se apresentar em público em 1921, quando tinha onze anos, imitando o clarinetista Ted Lewis no Central Park Theater em Chicago, e a partir daí tocou numa banda de colégio chamada Austin High School Gang da qual faziam parte outros adolescentes que mais tarde se transformariam em excelentes músicos de jazz, como o trompetista Jimmy Mc Partland (eventual “substituto” de Bix Beiderbecke na opinião dos críticos), o saxofonista Bud Freeman e o trombonista Frank Teschemacher.

Depois, Goodman tocou com o próprio Bix e participou de gravações feitas pelas orquestras de Ben Pollack, Ted Lewis e Paul Whiteman, antes de decolar na sua carreira brilhante.

Benny Goodman resgatou a dignidade do clarinete quando o jazz já prescindia do instrumento – e isto também vale para Artie Shaw – deixando para trás na preferência do público jazzista muitos clarinetistas importantes, como Sidney Bechet, Johnny Dodds, Jimmy Noone, Buster Bailey, Barney Bigard e Jimmy Hamilton.

 

 

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