AS CORES DO SWING
(Livro de Augusto Pellegrini)
CAPÍTULO 7 - AS CORES DO SWING - Final
Buscando
criar uma sonoridade
diferente daquela que se ouvia na época, Glenn Miller inovou, colocando o
clarinete como líder do naipe dos saxofones e fazendo-o tocar em uníssono com o
sax-tenor, o que fez com que a orquestra adquirisse um som especial, suave e
aveludado, principalmente nas músicas mais lentas. Diz a lenda que isto teria
acontecido por acaso, quando o saxofonista líder machucou a boca durante um
ensaio e os músicos tiveram que ser remanejados.
Quando a guerra
recrudesceu, Miller trocou o paletó de gala pelo uniforme militar e se engajou
nas forças armadas com a patente de capitão, formando a Glenn Miller Army Air
Force Band, que durante dois anos fez mais de oitocentas apresentações para os
soldados americanos na frente de batalha.
Nesses anos todos
a sua popularidade ofuscou todos os outros bandleaders,
inclusive Benny Goodman, lhe valendo um disco de ouro pela gravação de
“Chattanooga Choo Choo” (Harry Warren e Mack Gordon) e, a exemplo de Harry
James, a participação em alguns filmes de Hollywood, como “Orchestra Wives” e “Sun Valley Serenade”.
Em dezembro de
1944, o avião no qual Miller viajava de Londres para Paris desapareceu em pleno
voo por sobre o Canal da Mancha, encerrando de maneira trágica a carreira de um
músico que ajudou a construir uma parte importante da história da música
norte-americana e que foi pranteado como herói.
No entanto, em que
pesem as qualidades de Dorsey, Shaw, James, Miller e todas as outras bandas
extraordinárias das décadas de 1930 e 1940, a orquestra de Benny Goodman é
considerada pelos críticos especializados como a mais perfeita banda de swing, sendo a principal responsável
pela forma com que o estilo se consolidou nos Estados Unidos e também no mundo.
Pode-se afirmar que Benny Goodman conseguiu levar adiante a chama do swing durante mais de trinta anos, mesmo
depois que outras orquestras desistiram e que outros estilos modernizaram e
elitizaram o jazz, levando-o dos salões de danças para as salas de concerto.
Muitos críticos
afirmam que a versatilidade de Goodman e a sua intimidade com o clarinete eram
devidas à associação feita entre a música clássica e os pioneiros de Nova
Orleans. Tocando uma música que continha um charme insuperável e uma alegria
insuspeita, Goodman transformou o aspecto comercial das bandas de simplesmente
dançantes para um jazz – por sinal, também dançante – de alta qualidade.
Benny Goodman
começou a se apresentar em público em 1921, quando tinha onze anos, imitando o
clarinetista Ted Lewis no Central Park Theater em Chicago, e a partir daí tocou
numa banda de colégio chamada Austin High School Gang da qual faziam parte outros
adolescentes que mais tarde se transformariam em excelentes músicos de jazz,
como o trompetista Jimmy Mc Partland (eventual “substituto” de Bix Beiderbecke
na opinião dos críticos), o saxofonista Bud Freeman e o trombonista Frank
Teschemacher.
Depois, Goodman
tocou com o próprio Bix e participou de gravações feitas pelas orquestras de
Ben Pollack, Ted Lewis e Paul Whiteman, antes de decolar na sua carreira
brilhante.
Benny Goodman
resgatou a dignidade do clarinete quando o jazz já prescindia do instrumento –
e isto também vale para Artie Shaw – deixando para trás na preferência do
público jazzista muitos clarinetistas importantes, como Sidney Bechet, Johnny
Dodds, Jimmy Noone, Buster Bailey, Barney Bigard e Jimmy Hamilton.
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