sexta-feira, 21 de agosto de 2020

 



AS CORES DO SWING
            (Livro de Augusto Pellegrini)

CAPÍTULO 8 - O LINDY HOP
            (continuação)

Muitos homens e mulheres se destacaram na dança do lindy hop e construíram as suas vidas através desta dança. Muitos deles formaram seus próprios grupos e se deslocaram pelo país, ensinando como desenvolver o novo passo e abrilhantando salões de baile em todos os recantos com suas exibições.

Quase todos os pioneiros do lindy hop eram autodidatas, pois praticamente aprenderam a dançar nas ruas do Harlem, muitos deles em frente aos salões onde as orquestras se apresentavam ou ensaiavam, de onde o som da música irradiava para as calçadas.

Alguns puritanos torciam o nariz e condenavam a dança porque sentiam um certo ar de lascívia no comportamento dos casais – os homens requebravam de uma forma pouco recomendável para o bom-mocismo da época e as mulheres rodavam suas saias e seus vestidos largos, saltando com as pernas para cima sem estarem trajando roupas de baixo adequadas para permitir tais piruetas.

Com o passar do tempo, elas começaram a usar uma espécie de short, o que não era lá menos indecoroso – não podemos esquecer que estávamos em plena década de 1930 – mas dava pra quebrar o galho com a “censura”.

Muitos destes hoppers amadores acabavam sendo convidados por empresários e donos de clubes para ingressar em grupos de dança profissionais, contratados por salários relativamente baixos, se considerarmos a quantidade de dinheiro que circulava no mundo do show business.

É claro que, muito ou pouco, eles geralmente aceitavam o que lhes era oferecido, levando em conta que quase todos estavam desempregados e que a vida financeira do país ainda não havia conseguido se endireitar, apesar da gestão progressista do presidente Roosevelt.

Com o passar do tempo, porém, os rendimentos dos dançarinos começaram a ser corrigidos em função do seu talento, na medida em que os clientes, os band leaders e a concorrência passaram a exigir mais qualidade coreográfica.

Muitos dançarinos eram legalmente casados e formavam pares estáveis, apresentando-se regularmente em festas, salões e teatros.

Entre os dançarinos mais famosos de lindy hop podemos mencionar os pioneiros “Twistmouth” George Ganaway e Leroy “Stretch” Jones, e também Tiny Bunch & Dorothy “Dot” Johnson, Lawrence “Lolly” Wise & Lílian Arnold, Billy Ricker & Willa Mae Ricker, Maxie Dorf & Mary McCaslin, Frieda Washington, Naomi Waller, Ann Johnson, Sandra Gibson, George Grenidge, Al Minns e Mildred Pollard, além do californiano Ray Randazzle, que dançava e dirigia o grupo Ray Rand Dancers.

Havia também a dançarina Louise “Mama Lu” Parks, líder do grupo The Lindy Hopper Champion’s Champion, que permaneceu participando das noitadas do Savoy Balroom até o seu fechamento em 1958, e o fantástico Leon James, campeão de concursos no Savoy e um dos dançarinos do filme “A Day At The Races”, dos irmãos Marx.

De todos os lindy hoppers, porém, dois dançarinos acabaram fazendo parte da história e se destacaram pela criatividade ímpar, pelo respeito conquistado pelas suas apresentações, pela perfeição dos seus passos e pelo carisma imposto junto à crítica e público: são eles Frankie “Musclehead” Manning e Norma Miller.

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