AS CORES DO SWING
(Livro de Augusto Pellegrini)
FINAL DO CAPÍTULO 6 - A EXPANSÃO MUNDIAL DO SWING
Durante
a sua época áurea,
o swing representou para a classe
média americana a soberania do país, e foi um dos seus motivos de orgulho.
Mesmo quando teve
que enfrentar os tempos magros da Depressão e as suas consequências funestas, o
país se sentiu motivado e fortalecido pela força do swing.
Afinal, o swing conseguira o que centenas de
discursos de políticos e previsões de economistas não haviam logrado: trazer
confiança ao povo. E esta confiança aconteceu por conta da alegria da música.
Nem mesmo o
ingresso na Segunda Guerra Mundial, fato que normalmente levaria a população à
tristeza e ao pessimismo, conseguiu arrefecer o ânimo norte-americano.
Pelo contrário,
orquestras se uniram para promover bailes com a finalidade de angariar fundos
que seriam transformados em bônus de guerra. Muitos músicos se alistaram não
exatamente para pegar um fuzil e sair pelo front
atirando na cabeça dos soldados inimigos, mas para manusear o seu instrumento e
participar de um esforço concentrado a fim de restaurar o otimismo e o alto
astral das tropas.
Entre outras, duas
das mais formidáveis e mais bem pagas orquestras do país abdicaram dos cachês
altíssimos e do glamour dos salões para se embrenharem nas selvas das ilhas do
Pacifico, sujeitas a um oceano de mosquitos e doenças tropicais, ou nos campos
de batalha da Europa Ocidental, sujeitas à lama e ao inverno rigoroso: as
orquestras de Artie Shaw e Glenn Miller.
Mas o swing também se tornou querido porque
fez o povo dançar. E como o povo gostava de dançar o swing!
Apesar de uma
parte do público considerar que jazz era uma música para ser ouvida, permitindo
no máximo a batida dos pés ou o balanço do corpo, outra parte achava
maravilhoso poder combinar as duas coisas – ouvir e dançar.
Esta combinação de
jazz com dança foi o que de fato provocou a grande aproximação entre o swing e o povo americano, originando um
namoro e um casamento que duraram cerca de trinta anos.
Como o swing tinha na sua alma a parte negra do
blues, pela primeira vez na história
do país, brancos e negros se uniram ao redor de uma única ideia, ainda que
fosse musical. Esta comunhão ressaltou um sentimento de orgulho nacional que
ajudou muito a fortalecer o espírito americano durante a Segunda Guerra e
perdurou após o evento, se constituindo numa das molas propulsoras do progresso
local e da integração americana com o resto do mundo que se iniciara durante o
intervalo das duas Guerras, 1918 a 1938.
Dizer que o swing foi o responsável pela importância
que os Estados Unidos tiveram resto do mundo no mundo seria um exagero, posto
que esta importância acabou se evidenciando também nos campos econômico,
político e científico. Devemos admitir, no entanto, que foi a partir do jazz
tradicional dos anos 1910-1920 e do swing
dos anos 1930-1940 que a música americana se impôs praticamente em todo o
mundo, mesmo com a relutância dos blocos comunistas que durante muito tempo
vetaram a sua execução nos seus territórios, mormente nos tempos de Guerra
Fria.
Mas mesmo em
Moscou, Praga, e se duvidar, até em Pequim, ouvidos ávidos pela boa música
apreciavam o swing, o jazz e o rhythm & blues trancados em porões e
escondedouros clandestinos, desafiando o poder da autoridade.
O swing contribuiu para que as raízes
americanas se fincassem no solo europeu e colaborou para que uma grande
simpatia popular fosse devotada aos Estados Unidos também em outros campos de
atividades.
Depois da
Coca-Cola, lançada na Europa no começo do século vinte, o swing foi a mais marcante marca registrada dos Estados Unidos da
América no solo europeu.
E, assim como a
Coca Cola, o swing chegava para
ficar.
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