AS CORES DO SWING
(Livro de Augusto Pellegrini)
CAPÍTULO 20 - O PÓS-SWING
(continuação)
Outro
trompetista,
Shorty Rogers, produziu uma espécie de “jazz-a-la-Basie”
com uma forte concepção de west coast
e muita inventividade. Rogers contava com os arranjos inteligentes de Quincy
Jones e com a qualidade do contrabaixista Oscar Pettiford, do trombonista Urbie
Green e do trompetista Herb Pomeroy.
Quincy Jones
também resolveu montar a sua própria orquestra, e contratou um time de respeito – Art Farmer (trompete), Lucky Thompson e
Zoot Sims (sax-tenor), Phil Woods (sax-alto), Herbie Mann e Jerome Richardson
(flauta), Jimmy Cleveland (trombone), Milt Jackson (vibrafone), Hank Jones e
Billy Taylor (piano), Charles Mingus e Paul Chambers (contrabaixo).
Quincy Jones nunca
foi um instrumentista brilhante, mas era um gênio da orquestração e tinha um
faro especial para ressaltar o ponto alto de cada solista, produzindo um som às
vezes tão perfeito que os jazzistas começaram a considerá-lo artificial. Por
essas e outras razões Jones acabou se aborrecendo e deixou o “pure jazz” de lado, ingressando com tudo
no mundo mágico do entretenimento. Ele passou a compor e produzir temas de
filmes e seriados de televisão, jingles
comerciais e peças musicais, se transformando no “músico de jazz” mais bem
remunerado do planeta.
No mesmo gênero de
Quincy Jones também surgiu a orquestra do pianista argentino Lalo Schifrin, que
fora parceiro de Dizzy Gillespie por algum tempo em diversas incursões
jazzistas, como em “Gillespiana” (1958) e “The New Continent” (1962). Mais
tarde, Schifrin se especializaria em compor música para cinema e televisão.
Outra orquestra
que se baseou no universo de Count Basie foi a do sax-barítono Gerry Mulligan.
Com seus arranjos corajosos e precisos, Mulligan criou uma sonoridade bastante
sofisticada. Foi o suficiente para ser acusado de – a exemplo de Quincy Jones –
estar superproduzindo o som do jazz. Na opinião de muitos críticos, a música de
Mulligan não incluía a alegria e a simplicidade do swing, nem a singeleza do blues
autêntico, nem a estruturação intelectual do bebop.
Algum tempo
depois, Mulligan desfez a orquestra e começou a liderar pequenos combos e praticar execuções como
solista, o que fez com maestria durante o resto da sua vida.
Os anos 1950
trouxeram para o cenário orquestral um músico que realmente revolucionou o
contexto de big band: Gil Evans.
Evans trabalhou
como arranjador da orquestra de Claude Thornhill, colaborando para o seu som
modernista, e mais tarde foi um parceiro constante do trompetista Miles Davis,
desde o tempo em que este comandava a Miles Davis’ Capitol Band.
É à influência de
Gil Evans que Miles Davis deve o timbre impressionista do seu trompete post-cool, um sopro oco e sofrido que
parecia vir das entranhas de uma caverna no deserto em uma noite de chuva.
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