AS CORES DO SWING
(Livro de Augusto Pellegrini)
CAPÍTULO 3 - A MAGIA DO SWING
(epílogo)
Numa
banda de swing, muitas vezes o próprio maestro era o instrumentista-líder, o
que fazia com que os outros músicos gravitassem em torno do seu carisma
pessoal. Benny Goodman, Artie Shaw, Harry James, Tommy Dorsey e Woody Herman
são bons exemplos de maestros-solistas.
Na
maior parte das vezes, porém, quem emprestava o seu prestígio pessoal para o
sucesso da orquestra era algum componente de grande talento. Podemos mencionar alguns
exemplos, como o saxofonista-tenor Coleman Hawkins (destaque nas orquestras de
Fletcher Henderson e Benny Carter), o saxofonista-alto Johnny Hodges e o
trompetista Cootie Williams (orquestra de Duke Ellington), o saxofonista-tenor Lester
Young (Bennie Moten, Count Basie, Fletcher Henderson), o pianista Teddy Wilson
(Benny Goodman), o trompetista Roy Eldridge (Horace Henderson, Teddy Hill,
Fletcher Henderson) e o próprio trompetista Louis Armstrong (King Oliver,
Fletcher Henderson) entre outros.
As
orquestras de swing também se
diferenciavam entre si pelos cantores acompanhados pela orquestra, chamados de
“crooners”. Alguns bandleaders que tocavam instrumentos também
faziam o papel de crooner – como é o
caso de Ben Pollack, Bunny Berigan, Dizzy Gillespie, Don Redman, Jay McShann,
Kay Kyser, Lionel Hampton, Louis Jordan, Ray McKinley, Wingy Manone e Woody
Herman, além daqueles já mencionados antes. Como, porém, em geral os maestros
não possuíam o dom da bela voz, a maioria só cantava esporadicamente,
preferindo contratar cantores ou grupos vocais para colaborarem com o
brilhantismo das noitadas musicais.
Algumas
orquestras menos expressivas que necessitavam aumentar o seu prestígio junto ao
público contratavam louras “bombshell”
como crooners. Elas não precisavam
necessariamente cantar bem, desde que exibissem seus dotes físicos em vestidos
generosamente colados ao corpo.
Muitos
cantores se tornaram conhecidos e decolaram em suas carreiras-solo após participarem
das grandes orquestras. Em particular, podemos citar os casos de Ella
Fitzgerald (cantando na orquestra de Chick Webb), Frank Sinatra (com Tommy
Dorsey), e Jimmy Rushing (com Count Basie). As cantoras Billie Holiday e Lena
Horne se apresentaram por algum tempo com a orquestra de Artie Shaw, mas já
eram cantoras-solo.
Vale mencionar, como registro, alguns nomes entre
cantores e grupos vocais que abrilhantaram algumas orquestras, incluindo os já
mencionados: Kitty Kallen, The Songmasters, Helen Forrest, Doris Day, Dick
Haymes e Frank Sinatra (na orquestra de Harry James); Doris Day e Tony Bennett
(Les Brown); Lena Horne, Billie Holiday, Helen Forrest, Tony Pastor e Mel
Thormé & The Meltones (Artie Shaw); Pat Friday, Tex Beneke, Paula Kelly,
Marion Hutton e Ray Eberle & The Modernaires (Glenn Miller); Ivie Anderson
e Betty Roche (Duke Ellington); Helen Ward, Peggy Lee, Martha Tilton e The Pied
Pipers (Benny Goodman); Jimmy Rushing, Helen Humes, Billie Holiday e Joe
Williams (Count Basie); Jimmy Witherspoon (Jay McShann); Anita O’Day (Gene
Krupa); Anita O’Day, June Christy e Chris Connor (Stan Kenton); June Christy – usando
o nome Sharon Leslie (Boyd Raeburn); Billy Eckstine e Sarah Vaughan (Earl Hines);
Sarah Vaughan (Billy Eckstine); Mary Ann McCall, Jack Leonard, Jo Stafford
& The Pied Pipers, Edythe Wright, Dick Haymes e Frank Sinatra (Tommy
Dorsey); Ella Fitzgerald (Chick Webb); Harlan Lattimore (Don Redman); Bing
Crosby, Frank Hazzard, Frank Sylvano, Billy Scott, Arthur Jarrett, Eddie Stone
e Joe Martin (Isham Jones); Doris Day e Mary Ann McCall (Woody Herman); Mildred
Bailey, Ramona Davies, Bing Crosby, The Rhythm Boys e The Modernaires (Paul
Whiteman); e The Keller Sisters & Lynch, Frank Bessinger, Van Fleming e
Billy Murray (Jean Goldkette).
Mas
o swing não era só música. O swing era também espetáculo. Um
espetáculo de cor, som e movimento proporcionado pelos músicos e pela sua
alegria.
Pela
sua forma de expressão dramática, a música, de uma forma geral, e o jazz, por
tudo o que possui de especial, constituem um espetáculo comparável ao teatro, e
a relação do artista com a platéia funciona como um fator de envolvimento e
integração. Tanto o músico como o ator se transformam quando executam seus
solos, improvisos e textos, a ponto de chegarem a ser praticamente
desconhecidos quando agem anonimamente dentro das suas individualidades.
Os
músicos de jazz são chamados de entertainers,
performers, showmen ou até mesmo de clowns,
qualidades e definições histriônicas herdadas dos primórdios da época do vaudeville, dos minstrels ou do teatro de revista, quando eles executavam a função
dupla de músico e de ator.
Além
de serem os principais responsáveis em manter uma platéia animada por horas a
fio, os músicos das grandes orquestras também se esmeravam em bem vestir e em
executar coreografias para o entretenimento daqueles que não dançavam e se
limitavam a olhar.
Assim,
o brilho de uma big band não era
apenas medido pela sonoridade, mas também pelo visual, com os astros da noite
vestidos em trajes de gala coloridos e com todo o grupo mantendo uma agitação
feita de forma organizada, mas ao mesmo tempo frenética, num senta-levanta
constante e gestos coletivos cuidadosamente estudados para realçar os solistas
e manter viva a execução dos movimentos ensaiados.
De
fato, custava crer que os músicos conseguissem manter uma aparência limpa,
descansada e elegante tocando com toda esta euforia em noites quentes e
abafadas, dentro dos clubes dançantes rescendendo a fumaça de cigarro.
A
música do swing iluminava a noite,
pois o seu som maravilhoso comandava um espetáculo de luzes, cores e movimento.
Só quem teve a oportunidade de participar de uma noite abrilhantada por uma
orquestra de swing pode avaliar o seu
encanto em termos de emoção e deslumbramento.
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