domingo, 20 de fevereiro de 2011

...FUI !!!


(Este artigo foi publicado na coluna Bola Alta do jornal O Estado do Maranhão do dia 21 de fevereiro de 2011, e fala sobre a despedida do atacante Ronaldo Nazário, o Fenômeno, que começou no dia 14 e aparentemente não tem data para acabar. Maior artilheiro das Copas do Mundo, Ronaldo passou boa parte da sua carreira nos departamentos médicos dos clubes pelos quais atuou, e sem conseguir controlar seu exceso de peso nem manter o velho arranque, preferiu se aposentar antes de dar vexame em campo. Ronaldo já ingressou no jet-set e provavelmente se manterá nele por muito tempo ao lado de outras celebridades, de mulheres bonitas (apesar de casado), de champanhes francesas e de festas deslumbrantes. Infelizmente, ele já foi flagrado com um cigarro na mão, mas como ninguém é perfeito, ele tem o direito de curtir a sua vida de milionário como melhor lhe aprouver)

A despedida de Ronaldo foi um autêntico carrossel de emoções. Sedas foram rasgadas, agradecimentos foram proferidos aos borbotões e todo mundo chorou.
Ronaldo chorou, Andres chorou, jornalistas e telespectadores choraram, os brucutus da Gaviões choraram, até o gato da vizinha chorou.
Na verdade, a despedida do Fenômeno, analisadas as circunstâncias, foi precoce.
Se ele não dependesse tanto do físico e da velocidade, talvez se acomodasse em outra posição e jogasse mais três ou quatro anos.
Na coletiva sobrou alguma informação desencontrada, mas o que significa uma informação desencontrada diante da magnitude do evento? O que representa um hipotireoidismo corriqueiro diante da artilharia em todas as Copas?
Evidentemente nenhum repórter iria esmiuçar qualquer questionamento constrangedor que pudesse empanar o brilho da festa, então a nave caminhou em águas tranqüilas, sem marolas.
Ninguém pode negar que Ronaldo chegou, viu e venceu no Corinthians.
Ele foi um vencedor, mesmo contando com os recentes fracassos no Campeonato Brasileiro e na Pré-Libertadores.
Estes títulos ele não ganhou, mas ganhou dois nos primeiros seis meses, e deu alguma contribuição para a história do clube.
Sua carreira foi marcada de forma decisiva pelas grandes atuações no Barcelona e na Seleção Brasileira, mesmo que não tenha luzido como devia no futebol italiano e no Real Madrid. Tivesse fracassado na Seleção, como outros grandes jogadores, Ronaldo não teria alcançado este status.
Diz a lenda que quando Ronaldo nasceu, uma vidente falou para dona Sônia Nazário que “este menino fará tanto sucesso na vida que a senhora nem imagina!”.
Lenda ou realidade, o magrelinho de Bento Ribeiro – subúrbio do Rio – começou a brilhar ainda muito jovem, e sua ida do São Cristóvão para o Cruzeiro foi o passo inicial de uma carreira que em pouco tempo o levaria para a Europa e para a consagração.
Aos 34 anos, ele já viveu seguramente 50, tantas foram as aventuras e peripécias com as quais se envolveu na vida profissional e pessoal. Problemas de sensacionalismo e de contusões foram uma constante na sua vida, fazendo dele um dos objetos do desejo de jornais, revistas e televisão.
Como eu costumo andar na contramão da história, volto a repetir que nunca vi no Fenômeno este tamanho de craque que o mundo inteiro lhe dedica, e acho que há um certo exagero quando se diz que Ronaldo foi o maior atacante da história do futebol mundial.
Talvez por não ser fã de trombadores, prefiro o refinamento à voluntariedade. Vejo muita gente à frente do 9 famoso, como seus contemporâneos Zidane, Romário, Hagi e Stoichkov, os seus “antepassados” Zico, Maradona, Van Basten e Platini ou os jurássicos Pelé e Di Stefano.  E o atual Messi.
No fim da entrevista, o que ficou foi a promessa de que Ronaldo continuará trabalhando para o Corinthians, embora não se saiba como, e que seu contrato milionário com a Hypermarcas deverá ser revisto, o que definitivamente não fará dele um pobre brasileiro desempregado.