SINAL DE ALERTA
Depois
de disputar seis pontos e conseguir ganhar apenas dois em mais uma etapa de
duas rodadas das Eliminatórias para a Copa 2018, e seleção brasileira cai para
a sexta colocação e deixa o País do Futebol com a pulga atrás da orelha.
Pela
primeira vez na história chegamos a tal situação, e pela primeira vez na
história, disputado um terço do torneio, com seis rodadas já realizadas
conseguimos ganhar apenas dois jogos – Peru e Venezuela – realizados em
Fortaleza e em Salvador . Muito pouco.
Os
quatro primeiros colocados se classificam automaticamente e a quinta vaga será
disputada na repescagem.
É
muito cedo para entrar em desespero, e a distância entre as rodadas (as duas
próximas serão apenas em setembro) dá tempo de sobra para que todos repensem as
suas estratégias e as suas convocações, mas a situação é pelo menos incômoda.
O
Brasil está jogando mal, mostrando sérios problemas defensivos, com um meio de
campo botinudo e sem postura, e continua dependendo das individualidades para
sobreviver no ataque.
E
os problemas se acumulam.
Há
boatos de que estaria havendo uma certa desarmonia entre o técnico Dunga e alguns
jogadores que dividem a liderança do grupo, ou seja, a comissão técnica não é
mais unanimidade entre os jogadores e a Família Dunga já não funciona como era esperado.
Com
a CBF sem comando e algumas missões de resgate que temos pela frente, os problemas
tendem a se avolumar e a coisa pode sair do controle.
Em
junho a seleção principal se apresentará na edição especial da Copa América nos
Estados Unidos onde o Brasil é cabeça de chave ao lado do México, da Argentina
e da seleção local, com a participação de 16 países.
Este
torneio, além da sua importância natural, servirá como prova de fogo para o
técnico Dunga, que se verá numa encruzilhada: deverá convocar uma base jovem
para obter o entrosamento necessário para a disputa do ouro olímpico, abrindo mão
das ambições do torneio, ou deverá convocar a seleção das Eliminatórias visando
aprimorar o conjunto e testar novas opções?
Uma
coisa não deveria invalidar a outra, fosse o técnico olímpico outro que não
Dunga, que ao querer abraçar o mundo com as pernas e braços corre o risco de
uma lombalgia ou uma distensão muscular.
O
ideal seria um técnico específico para os Jogos Olímpicos que levasse a seleção
a uma série de amistosos ou pequenos torneios de preparação durante junho e
julho, e um técnico para a seleção principal que verificasse com exatidão o
comportamento dos jogadores no Brasil e no exterior antes de convocá-los.
As
duas recentes exibições contra o Uruguai em Recife e contra o Paraguai em
Assunção nos deram de presente dois empates imerecidos.
O
Uruguai, depois de um primeiro tempo irregular a atípico, sofrendo um gol aos
40 segundos, ditou as normas no segundo tempo graças a um banho tático dado
pelo seu técnico Oscar Tabárez, empatou o jogo e só não virou porque faltou
tempo. Tivesse o jogo mais dez minutos...
Contra
o Paraguai deu-se o processo inverso.
Os
guaranis, avassaladores fizeram dois gols e perderam outros tantos e ao tomarem
um frango do seu goleiro perderam a concentração, cansaram, deram espaço e o
Brasil chegou ao empate e só não ganhou porque a seleção canarinho é de fato
muito fraca ou está muito mal dirigida. Talvez tenha faltado o “efeito Neymar”,
ausente por suspensão.
É
de se imaginar que esta não é a hora correta de trocar de técnico, o que poderá
acontecer depois de um eventual fracasso na Copa das Confederações, nas
Olimpíadas e na volta das Eliminatórias, já na segunda quinzena de setembro.
Temos
sorte em disputar as Eliminatórias Sul-Americanas, bem mais fáceis que as
europeias. Na Europa, com esse futebolzinho, Dunga não conseguiria levar a
seleção à terra da perestróica nem na repescagem.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 01/04/2016)