sexta-feira, 10 de abril de 2015







O ESTRESSE NO ESPORTE 


As pressões sofridas pelos profissionais das mais variadas espécies têm se evidenciado de uma forma bastante negativa aos olhos cada vez mais atentos do mundo, mostrando que mais do que nunca é chegado o momento de as empresas detectarem problemas existentes com os seus colaboradores, seja por meio de um diálogo franco entre chefia e subordinados, seja através do trabalho de um psicoterapeuta, psicólogo ou até mesmo de um psiquiatra.
O mundo ficou moderno e competitivo demais, e mais do que nunca se percebe a necessidade de uma alternância entre trabalho e lazer.
É claro que estas equações dependem do tipo de atividade e da responsabilidade que o empregado tem com a empresa, mas alguma coisa tem que ser pensada – e logo – por conta do crescimento das ocorrências que variam entre revolta, agressividade, distração e até negligência.
O caso mais grave no momento diz respeito ao piloto alemão que arremessou o jato que co-pilotava sobre uma montanha dos Alpes, causando a morte de 150 pessoas, incluindo a sua. Como se veio saber depois, o piloto trabalhava sob intenso estresse emocional por questões de saúde e de relacionamento e a explosão final se deu exatamente quando ele conseguiu ter o domínio da aeronave em pleno ar.
Há também comentários não autorizados de que o mecânico que trocou a pá do helicóptero que caiu em São Paulo matando cinco pessoas, entre elas o próprio mecânico e o filho do governador paulista, teria sido negligente, dada a natureza quase corriqueira do serviço. Como foi constatado pela perícia, a pá se soltou minutos antes da nave pousar.
No campo do esporte este tipo de estresse não provoca, felizmente, tragédias deste porte, mas pode originar intenso desconforto e questionamentos causados pelos profissionais sob tensão.
A milionária e bem treinada Fórmula Um enseja empregos entre os mais glamorosos e ao mesmo tempo mais exigentes, e já nos propiciou momentos de intensa apreensão quando rodas mal colocadas se soltaram ainda no pit-stop causando – ou não – acidentes ou quando pilotos irresponsavelmente jogaram seus bólidos a 300 km/h sobre o carro de um adversário.
O futebol também é pródigo em evidenciar o desequilíbrio emocional de jogadores, técnicos e dirigentes, o que além de causar intensas discussões pode também provocar problemas de ordem financeira e grandes possibilidades de tumulto entre torcedores.
O exemplo do último fim de semana - a reação despropositada do lateral Fabrício, do Internacional - faz com que profissionais do esporte e da imprensa voltem a se perguntar o que poderia levar uma pessoa a agir de maneira tão intempestiva diante de milhares de torcedores e telespectadores a ponto de gesticular gestos ofensivos, dirigir palavras impublicáveis e se lançar na direção da turba como um leão ensandecido, tirar a camisa do clube que lhe paga o salário e atirá-la ao chão.
O histórico do jogador é digno de reflexão, pois ele provocou nada menos de outros oito incidentes entre 2012 e 2014, entre discussões com técnicos, briga no vestiário com o jogador da própria equipe Rafael Moura, desentendimento com o jogador Willians durante um treino e tentativa de agressão ao árbitro Héber Roberto Lopes, além de brigas no gramado com jogadores adversários, sendo a última em novembro, quando se estranhou com o palmeirense Bruno Cesar e depois de contido ainda tentou invadir o vestiário do adversário. 
O lateral teve seu contrato rescindido pelo Inter e ganhou mais uma oportunidade de recuperar a sua reputação no Cruzeiro, que o acolheu. Resta ver como sua cabeça irá reagir às pressões tão comuns da torcida, do técnico e da diretoria no seu novo clube.

 

(Artigo publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 10/04/2015)