sábado, 14 de novembro de 2015







DUNGA NA FRIGIDEIRA 

Segunda-feira, dia 16 de novembro, o programa Bem Amigos, da Rede Globo, comandado pelo decano dos esportes globais Galvão Bueno, fará uma transmissão especial e exclusiva, transmitindo diretamente de Salvador na véspera do jogo Brasil x Peru que marcará a quarta exibição brasileira nas Eliminatórias da Copa 2018.
Para participar do programa, a produção convidou o ex-centroavante Careca, que será o assistente pontual de Dunga nesta rodada – uma excentricidade imposta pelo treinador para ter entre os atuais comandados algum jogador que tenha feito a diferença em alguma fase positiva da seleção no passado.
Foi gerada uma incerteza sobre a presença de Careca junto à equipe da Globo, pois a relação entre a emissora e a CBF azedou devido a uma notícia ventilada pelo experiente repórter Raul Quadros durante a transmissão de uma partida pelo campeonato francês: a CBF estaria cogitando a saída de Dunga do comando técnico da seleção.
O coordenador de seleções Gilmar Rinaldi ficou profundamente irritado com a notícia e em princípio vetou a presença de Careca no programa, exigindo uma explicação sobre de onde teria partido o boato.
Galvão contra-atacou bem a seu estilo e declarou alto e bom tom que o repórter tem credibilidade e que um jornalista jamais revela a fonte das suas notícias.
Antes que a coisa chegasse e explodir, Gilmar concedeu uma entrevista ao Seleção SporTV e disse ter havido “um problema de comunicação” e que Careca poderia participar sem problemas do programa. Só saberemos quando segunda-feira chegar.
Contratempos como esse fazem parte da democracia do esporte e acontecem aqui e acolá, com notícias, desmentidos, acusações, desculpas e retratações, de modo que o problema em si parece estar superado.
Resta no entanto aquele mosquito que continua zumbindo no ouvido da gente e reforça a possibilidade de Marco Polo Del Nero – já muito incomodado com os seus problemas pessoais – estar insatisfeito com o que a seleção vem apresentando desde a Copa América e ter conversado com um ou outro conselheiro sobre uma mudança na comissão técnica que pudesse trazer o gás necessário para uma renovação de conceitos, inclusive os da opinião pública a seu respeito – dele, presidente.
Na verdade, saiu Felipão e entrou Dunga, mas o conceito futebolístico continuou o mesmo – a dependência exclusiva de um só jogador, um meio campo travado e pouco criativo e os atacantes tentando acertar por meio de jogadas individuais.
Dunga está mais manso e menos arrogante, mas o que conta no momento não é a sua personalidade e sim a sua qualificação como técnico de uma seleção do porte do Brasil.
Del Nero deve estar atento no Campeonato Brasileiro, e percebido que a bola da vez é Tite.
Afinal, mesmo com o Corinthians contando com um elenco não tão melhor que os demais concorrentes, ele consegue extrair um futebol técnica e taticamente superior a ponto de livrar uma dezena de pontos sobre o segundo colocado e de garantir o título bem antes do campeonato acabar.
É de se esperar que Tite seja mais cedo ou mais tarde convidado para suceder Dunga, e que esta substituição apenas não ocorrerá se Dunga conseguir dar rapidamente um padrão ao time que coloque o Brasil no patamar do respeito ao qual estamos habituados, ou que Tite faça o que fez Muricy quando treinava o Fluminense – disse não à CBF e viu sepultada qualquer chance futura de ser chamado algum dia.  
Dunga tem uma boa oportunidade de melhorar a sua imagem e se defender dos críticos palacianos se tiver sapecado a Argentina na partida de ontem à noite em Buenos Aires e não passar nenhum aperto contra o Peru na próxima terça-feira em Salvador.

 

     

 

(artigo publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 13/11/2015)

 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015






EU E A MÚSICA
YEAH, THE BLUES!
(o Brasil no circuito mundial dos festivais) 

Desde o final dos anos 1980, o Brasil tem se tornado um lugar bastante concorrido para a realização de festivais de rock, jazz e blues.
Mas nem sempre foi assim.
Demorou algum tempo para que o público brasileiro viesse fazer parte do roteiro dos megafestivais de música.
Naquela época os festivais de rock faziam comercialmente mais sentido do que os seus congêneres de jazz, pois tinham como suporte de mídia alguns bem sucedidos encontros internacionais produzidos e trabalhados mundo afora pelo show business.
É claro que isto não significa que o jazz não estivesse acontecendo no cenário mundial, mas parecia mais acertado apostar num movimento mais performático, como as bandas, os astros do rock e os seus grandes espetáculos de luz e cor, do que numa música que privilegiava mais os ouvidos e a sensibilidade.
O rock possuía um apelo mais popular, talvez por ter tido um surgimento mais recente. Afinal, o velho jazz foi apresentado ao mundo no início do século vinte, cinquenta anos antes que Chuck Berry afinasse a sua guitarra e produzisse o fenômeno que na época foi conhecido como rock-a-billy – uma mistura de country music com rhythm & blues, derivando para o rock and roll com a posterior intromissão do boogie-woogie.
A modernidade do rock era portanto mais propícia para agregar o público mais jovem, que não se importava em deixar o conforto de lado para se divertir como bem entendesse.  
Desde o seu nascimento, o rock teve uma boa penetração na mídia e era divulgado, embora ainda timidamente, em programas radiofônicos e festinhas de família onde no final da década de 1950 Bill Haley disputava espaço com Cely Campello e Carlos Gonzaga.
E isto não acontecia com o jazz e com o blues.
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O Brasil da Era do Swing tinha programas radiofônicos de jazz com as grandes orquestras tocando ao vivo pela Voz da América, mas isto acabou com o fim da Segunda Guerra Mundial e com a mudança da mentalidade da juventude rebelde de então.
Por se constituírem num público menor e mais maduro, e por consumirem uma música mais sofisticada, jazzófilos e bluesófilos passaram então a viver num quase esquecimento, vendo-se obrigados a ouvir os seus estilos prediletos em casa por meio de gravações discográficas e a acompanhar de longe as trajetórias dos festivais de jazz mais famosos – Monterey (EUA), New York (EUA), Newport (EUA), Montreux (Suiça), JVC (França), Blue Note (Bélgica), North Sea (Holanda) e mais uma centena de outros – através de reportagens de colunas especializadas de jornais ou revistas, ou então por meio de discos long-play, cujas contracapas e encartes nos davam a noção do que se passava por lá, tudo documentado com as devidas fotos. Os discos muitas vezes traziam músicas gravadas ao vivo, o que adicionava uma emoção a mais ao ouvinte.
E a gente só sonhava, ainda que acordado.
De acordo com pesquisas não muito oficiais, o interesse que o jazz e o blues despertavam nos apreciadores de música era muito pequeno para se pensar num evento de largo consumo. Essa barreira, no entanto, foi de repente ultrapassada graças a alguns produtores arrojados que apostaram na inteligência do público e tiveram o apoio de patrocinadores fortes para tornar a ideia viável.
Estranhamente, apesar das pesquisas e da diferença na aceitação popular, jazz e rock foram apresentados pela primeira vez para as grandes plateias do Brasil no mesmo ano.
A primeira edição do Rock in Rio foi realizada entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985 – evidentemente na cidade do Rio de Janeiro. Ela foi absolutamente marcante e contou com a presença dos astros internacionais Queen, Iron Maiden, Whitesnake, James Taylor, George Benson, Rod Stewart, Scorpions, Yes, Ozzy Osbourne, Nina Hagen e AC/DC, e de Ivan Lins, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Lulu Santos, Pepeu Gomes & Baby Consuelo, Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Ney Matogrosso e Kid Abelha e outros, entre os artistas locais.
Por ter sido o primeiro festival desse porte, o Rock in Rio foi um evento que precisou de muito fôlego e coragem, mas no final correspondeu plenamente às expectativas.
O público total chegou a quase um milhão e quatrocentas mil pessoas e respondeu com entusiasmo à aposta do publicitário e produtor Roberto Medina, embora ele próprio tenha admitido que realizar o festival “foi uma maluquice”.
O projeto Rock in Rio foi tão bem sucedido que se multiplicou nos anos seguintes – até 2015 foram seis edições no Brasil, seis em Portugal, três na Espanha e uma nos Estados Unidos, sempre com o mesmo nome, o que acabou o transformando em uma lucrativa trademark.   
Surpreendentemente, foi também em 1985 que aconteceu ao mesmo tempo no Rio e em São Paulo o primeiro Free Jazz Festival, patrocinado pela Companhia Souza Cruz, que aproveitou o nome de um dos estilos de jazz – o free jazz – para promover em grande estilo o lançamento da sua marca de cigarros Free, naquele tempo em que não existiam restrições para a sua propaganda e que o hábito de fumar ainda tinha o seu lado romântico. A companhia aérea Pan-Am também deu o seu apoio, notadamente no que disse respeito às viagens internacionais.
Não se sabe ao certo quem foi o idealizador do festival, mas sabe-se que a Rede Globo de Televisão ficou o tempo todo supervisionando o espetáculo.
A primeira edição trouxe atrações especialíssimas – Bobby McFerrin, Chet Baker, Ernie Watts, Sonny Rollins, Pat Metheny, McCoy Tyner, Joe Pass, Hubert Laws, Phil Woods, Davis Sanborn e Toots Thielemans, e os brasileiros Azymuth, Cesar Camargo, Egberto Gismonti, Wagner Tiso, Grupo D’Alma, Luiz Eça, Hélio Delmiro, Heraldo do Monte, Orquestra Tabajara, Paulo Moura, Zimbo Trio e Uatki, entre outros.
Em 1986 tivemos vinte e dois participantes, sendo quatorze brasileiros e oito internacionais, média que continuou sendo mantida até o fim do projeto em 2001 (o Free Jazz Festival foi descontinuado devido às leis antitabagistas e em 2003 foi substituído pelo TIM Festival, que perdeu as características originais e passou a focar um tipo de música alternativa, que incluía indie, eletrônica, rock e – felizmente – o próprio jazz). A partir de 2005 o TIM Festival estendeu a sua abrangência para outras capitais como Curitiba, Belo Horizonte, Vitória e Porto Alegre.
A febre dos festivais se espalhou pelo Brasil, e agora a gente pode curtir a cada ano encontros menores, mas de alta qualidade, também em Ouro Preto e Governador Valadares-MG, Paraty, Rio das Ostras e Búzios-RJ, Guaramiranga-CE, Olinda e Garanhuns-PE, Cascavel-PR, Brasília-DF e São Luís-MA (este através do Lençóis Jazz & Blues festival, que já completou seis edições). 
Apesar de bastante popular, o Free Jazz Festival nunca chegou a causar o mesmo impacto do Rock in Rio, principalmente porque tradicionalmente o rock sempre costuma reunir multidões em festivais realizados em grandes áreas ao ar livre em todo o mundo – vide Woodstock (Nova York-EUA), Altamond (Califórnia-EUA), Central Park (Nova York-EUA), Hyde Park (Londres-Inglaterra) e Ilha de Wight (Inglaterra) – ao passo que o jazz sempre teve um público menor, mais comportado e, pode-se dizer, mais exigente em termos de estrutura e conforto.
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Foi nesse clima, em maio de 1990, que aconteceu o Segundo Festival de Blues no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (o Primeiro Festival havia acontecido em Ribeirão Preto-SP, na Cava do Bosque, no ano anterior).
O festival teve a produção da LUKR Eventos, comandada por Roberto Cocenza. Também fazia parte da equipe meu amigo e parceiro Renato Winkler que, parodiando Vinicius, viajou muitas canções comigo, e havia interpretado o mestre violonista na película “A Busca E A Fuga”, mencionada no capítulo de “Eu e a Música” dedicado a Dick Farney.
Renato e eu tivemos uma curta mas profícua história musical que havia começado em Serra Negra-SP, onde nos conhecemos em meados dos anos 1960. Começamos a compor juntos, e na maioria das nossas composições eu fazia a letra e ele colocava a música, ou eu colocava a letra numa melodia já feita, ou um pouco de cada coisa...

Se a sombra agora mora em mim,
o meu porquê há de virar canção...
(estou triste, triste tanto...)
Só o sorriso bom de uma manhã
fará nascer o meu sorriso sol...
(estou triste, triste tanto...)
Só o renascer de todo amor
que imenso foi, vai me fazer feliz
(vem beijar meu desencanto...)
Volta, faz brilhar novamente a lua,
aquela mesma lua
que iluminou nossa grande noite...
Só o teu olhar traz o luar
pra iluminar o meu anoitecer,
só teu olhar me faz amanhecer...
Por que virar canção se é tão real,
venha depressa disfarçar o mal,
motivação da minha vida e paz,
cante comigo o meu sorriso sol
e o amor manhã também renascerá...

(“Amor ManhãAugusto Pellegrini e Renato Winkler) 

Renato possui uma harmonia diferente do convencional e passa para o ouvinte uma cadência bucólica. Ele é também um poeta de rara inspiração nas suas pinceladas cheias de um neologismo sagaz e de rimas no modelo haicai. É numerólogo nas horas vagas, tendo inclusive publicado um livro a respeito chamado “Guia Oracular – A Chave Do Poder Adivinhatório”.
Em termos de música, ao meu lado, foram doze composições ao longo de quatro anos, de 1970 a 1974, muitas delas regadas a muito vermute tinto com gelo, antes de a parceria ser interrompida pelo meu ingresso numa escola de samba, como mencionado no capítulo de “Eu e a Música” dedicado a Adoniran, e pela minha partida para São Luís-MA.
Em 1990 eu morava em São Luís, mas Renato insistiu para que eu fosse assistir ao festival em São Paulo e para tanto me enviou uma credencial de imprensa, dessas que a gente pendura no pescoço vinte e quatro horas por dia – “Pellegrini Augusto – Radio Mirante FM – São Luís-MA” – posto que eu era – e ainda sou – radialista especializado em jazz (e dizem que em blues, com o que não concordo).
O festival transcorreu de uma forma empolgante e reuniu no mesmo espaço músicos antológicos como Magic Slim, Bo Diddley, Buddy Guy, Junior Wells, Koko Taylor, John Hammond, The Blues Machine, Big Daddy Kinsey & The Kinsey Report e os blueseiros locais André Christóvam, Blues Etílicos e a Brasilian Blues All Stars, com Ed Motta, Flavio Guimarães e Roberto Frejat.
A grande vantagem de possuir uma credencial é poder ser uma sombra presente nas entrelinhas do espetáculo, nos bastidores, nos camarins e no hotel onde a troupe se hospedava, onde via de regra acontecia alguma jam session para confraternizar o blues, além da possibilidade de entrevistas nem sempre exclusivas, mas sempre muito especiais, e a descoberta maravilhosa de que por trás dos artistas consagrados de escondem seres humanos cheios de história para contar.
Boa parte das histórias acabaram se tornando descartáveis, e serviram  apenas para ilustrar alguns dos meus programas radiofônicos, mas uma conversa, em especial, ficou registrada, posto que histórica.
Bo Diddley, nascido Ellas Otha Bates, tinha sessenta e dois anos na ocasião do festival, embora aparentasse mais.
Ao contrário da maioria dos artistas presentes, que esbanjavam vitalidade, Diddley mantinha uma atitude melancólica, cansada e pouco sorridente, embora aparentemente tudo corresse às mil maravilhas na turnê blueseira.
Bo Diddley era o “low profile” que não combinava com a vibração do evento.
Cantor, guitarrista e compositor (suas músicas eram assinadas como Ellas McDaniels), Bo Diddley com sua guitarra quadrada foi talvez a figura mais emblemática do festival. Ele se constitui num dos elos mais importantes de um tipo de música que uniu o blues ao rock and roll e influenciou, entre outros, os astros Buddy Holly, Jimi Hendrix, Eric Clapton e Elvis Presley, além de Beatles e Rolling Stones. O que não é pouco.
Foi exatamente a menção a Elvis Presley que esquentou o assunto e soltou a língua do velho bluesman.
Apesar de ser mundialmente reconhecido como um dos maiores artistas do blues e do rhythm & blues, Bo Diddley reclamava que a sua carreira poderia ter sido muito mais bem sucedida se alguns produtores de discos e de shows não tivessem interferido de forma tão negativa e decisiva no seu desenvolvimento.
Ele, Diddley, teria sido o pioneiro a mostrar nos palcos a famosa performance do “rebolado do rock and roll” que se imortalizou com Elvis “The Pelvis” e que os pudicos dos anos 1950 consideravam obscena e atentatória aos bons costumes (mas que os jovens rebeldes sem causa simplesmente adoravam).
Possivelmente”, prosseguiu Diddley, “tenha sido um outro negro, Chuck Berry, quem realmente iniciou aquele tipo de dança lasciva, mas Berry podia ter tudo – ritmo, drive, empolgação – mas não conseguia passar para o público nem um pingo de malicia ou de sensualidade. Chuck era mais feio do que eu”. E riu, pela primeira vez durante a nossa conversa.  
Na sua própria descrição, Bo Didley era negro, feio e não tinha a estatura necessária para estar dentro dos padrões de beleza universalmente aceitos. No entanto, a novidade deste tipo de dança na nova música era tão empolgante que os produtores de shows decidiram que o rebolado devia ser incrementado por algum outro cantor, desde que fosse branco, bonito, atlético e sensual.
Assim, nos meados dos anos 1950, Bo Diddley foi descartado e caiu no limbo do rock and roll, derivando seu talento para uma área com menor apelo mercantil, o blues.  
Os produtores saíram então em campo à cata do homem com o biótipo ideal que tivesse o DNA para vender discos e aguçar o espírito da juventude, e descobriram um jovem cantor e guitarrista natural do Mississipi que estava fazendo um relativo sucesso no rádio e na televisão cantando uma espécie de ballad-country e de rock-blues.
Seu nome era Elvis Presley, ex-motorista de caminhão que estourou para o grande público com o bluesThat’s All Right Mama” (Arthur Crudup) e “Blue Moon Of Kentucky” (originalmente uma valsa escrita em 1946 por Bill Monroe), músicas que receberam um tratamento diferente por parte do guitarrista Scotty Moore e do baixista acústico Bill Black, nascendo daí – junto com o trabalho de outros pioneiros – o estilo “rock-a-billy”, uma fusão da country music com o rhythm & blues. 
O rebolado pra valer começou em 1957 com “Jailhouse Rock” e “King Creole” (ambas de Jerry Leiber e Mike Stoller), depois de uma série de baladas românticas, que no futuro iriam se constituir no ponto alto das suas interpretações – como “Love Me Tender” (George R.Poulton, W.W. Fosdick  e Ken Darby), “Lovin’ You” (Jerry Leiber e Mike Stoller).
De acordo com Diddley, foi nestas circunstâncias  que os produtores “roubaram” a sua ideia e que um eventual título, “The King of Rock‘n’Roll”, lhe teria sido usurpado.
O depoimento histórico foi encerrado abruptamente com a chegada de alguém da produção convocando Diddley para uma foto, a pedido de um repórter.  Não tenho certeza, mas ficou a impressão de que sobrou no rosto do velho bluesman um certo ar de alívio quando ele se despediu de mim, o que provavelmente acontecia por quase quarenta anos sempre que seu coração se abria para algum desconhecido.