A NAU À DERIVA
Os vascaínos que me
perdoem, mas não é possível encerrar o ano sem comentar o destaque negativo do
Gigante da Colina, que cai para a Série B pela terceira vez nos últimos sete
anos.
É mais do que uma sina, é
uma provação!
Independentemente de
necessitar de uma quase improvável combinação de resultados na última rodada, o
Vasco sequer fez a sua parte, pois não passou de um empate sem gols com o
Coritiba.
Também em 2008 e 2013 o
time não venceu na rodada final – perdeu por 2x0 para o Vitória e por 5x1 para
o Atlético Paranaense, marcando assim os seus rebaixamentos de forma
melancólica.
A torcida e os analistas
procuram as causas deste desempenho desastroso, e a primeira coisa que vem à
mente é a briga política das diferentes alas, pois forças antagônicas vão
cavando um fosso cada vez mais profundo que vai solapando os alicerces do
clube.
O fato é que o time
disputou um primeiro turno tão ridículo que a sua queda já era preconizada no
início do returno. Então, mesmo contando com uma série de bons resultados nas
últimas partidas, com a direção segura do técnico Jorginho e com o sangue novo
do jogador Nenê, já era muito tarde para consagrar o milagre, pois as equipes
do bloco de trás também ganhavam seus pontos no suor e na raça.
O cabo de guerra tem de um
lado o ex-presidente Roberto Dinamite, que comandou o clube de 2008 a 2014, e o
atual presidente Eurico Miranda, que comandava o clube “sub-judice” quando
Dinamite assumiu, e retornou ao vencer as eleições no ano passado. Ambos têm a
sua parcela de culpa.
Cabe então à diretoria e
aos conselheiros corrigir a conduta dos adversários políticos, pregando uma
trégua que permita aos jogadores atuar com mais tranquilidade e voltar no ano que vem para
fazer um papel decente na Série A.
Afinal, o Vasco é um clube
com muita história.
O Vasco da Gama foi fundado
em 1898 por um grupo de remadores (daí o nome Clube de Regatas), e recebeu o
nome do navegador português porque naquele ano eram celebrados 400 anos da
descoberta do caminho marítimo para as Índias.
Nos seus 117 anos de
existência, o clube não conquistou nenhum título intercontinental de relevância
(apenas dois torneios internacionais em 1953 e 1957), mas ganhou o Campeonato
Sul-Americano de Clubes Campeões (um espécie de precursor da Copa Libertadores)
em 1948, a própria Libertadores em 1998 e a Copa Mercosul em 2000.
Adicionem-se a esses
títulos quatro Campeonatos Brasileiros (1974, 1989, 1997 e 2000), três Torneios
Rio-São Paulo (1958, 1966 e 1999), uma Copa dos Campeões Estaduais Rio-São
Paulo (1937), uma Copa do Brasil (2011) e um Torneio João Havelange (1993).
Como prêmio de consolação, o clube foi campeão da Série B em 2009.
No âmbito estadual, foram
23 títulos cariocas, conquistados entre 1923 e 2015, contra 33 do Flamengo, 31
do Fluminense, 20 do Botafogo, 7 do América, 2 do Bangu, 2 do São Cristóvão e
um do Paysandu em 118 campeonatos disputados.
O melhor grupo de
jogadores jamais formado pelo Vasco da Gama aconteceu na década de 1940 e
início dos anos 1950, quando se constituiu na base da seleção brasileira
vice-campeã mundial de 1950.
O time era chamado de “O
Expresso da Vitória” e teve entre os seus craques, além dos convocados Barbosa,
Augusto, Ely do Amparo, Danilo Alvim, Alfredo, Friaça, Maneca, Admir de
Menezes, Jair Rosa Pinto e Chico, também Heleno de Freitas, Tesourinha, Lelé,
Jorge, Ipojucan, Sabará e Djalma.
Ao longo da sua trajetória
o clube conheceu outros craques, como Fausto dos Santos, Pinga, Orlando
Peçanha, Almir Pernambuquinho, Mauro Galvão, Roberto Dinamite, Juninho
Pernambucano, Edmundo e Romário, entre outros.
É hora de o comandante
tirar a nau do mar proceloso em que se meteu e recolocá-la em águas mais
tranquilas.
Sua torcida merece.
-0-
Gol de Placa se despede em
2015 desejando a todos um Feliz Natal e um 2016 melhor. Estaremos de volta no
dia 15 de janeiro próximo.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 11/12/2015)