sábado, 12 de novembro de 2022

 


ILUSÃO SONORA

(Augusto Pellegrini)

 

Hoje eu até ouvi seu riso
E seus passos no terraço
Como se fosse um aviso
Pra mitigar meu cansaço 

Pensei não estar mais sozinho
Ledo engano, não era ela
Era só um passarinho
Gorjeando na janela 

Novembro de 2022

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(EF – English Live)

Most common English idioms and phrases

 

(ver tradução após o texto) 

TO HIT THE NAIL ON THE HEAD  

 

This expression means “to describe exactly what is causing a situation or problem”.

 

“He hit the nail on the head when he said this company needs more HR support”    

 

 

           

TRADUÇÃO

 

Expressões idiomáticas mais comuns na língua inglesa

 

HIT THE NAIL ON THE HEAD (acertar o prego na cabeça). No Brasil, “ACERTAR EM CHEIO, ACERTAR NA MOSCA, MATAR A CHARADA”

 
A expressão significa “descrever exatamente o que está causando determinada situação ou problema”.

 
“Ele acertou na mosca quando disse que a companhia precisa de mai suporte na área de RH”

           

 

 

 


AMOR VOLTEI 

1975

(Samba de Augusto Pellegrini e João Apolinário ‘Poli’)

 

Amor, pra os seus braços voltei

Desta vez para dar

Aquilo que eu sempre jurei

Amor voltei

 

Amor, pra os seus braços voltei

Desta vez pra lhe dar

Aquilo que eu sempre jurei

 

De tanto andar ao léu

Cansei e desisti

Fui procurar um novo amor

Tentei, não consegui

Eu volto então pra lhe afirmar

Ando cheio de pecado

É sua vez de perdoar

Então voltei

 

terça-feira, 8 de novembro de 2022

 


POR TRÁS DO VIDRO
(Augusto Pellegrini)

Olhando pro vidro eu vejo
A imitação de mim mesmo
Traz o mesmo olhar sem pejo
A mesma pele e o mesmo pelo

Meus gestos são repetidos
Ele faz tudo o que eu faço
Por deboche ou amoralismo
Desfaçatez ou descaso

O boné de cor incerta
E a tatuagem no braço
São modismos de estação
Como a pulseira de aço

Faço careta, ele imita
Tudo bem sincronizado
Faço gestos esquisitos
Tentando ser engraçado

Isto é muita coincidência
Ou está bem ensaiado
Tudo que eu penso ele pensa
Ele faz tudo o que eu faço

Franzo a testa, cerro o cenho
Fecho os olhos, mostro a língua
Faço todos os trejeitos
De quem caçoa ou se vinga

Mas de repente percebo
E finalmente me acho
Que além de bancar o cego
Faço papel de palhaço

Pois o ator que me faz chiste
Sou eu mesmo, feio e velho
E o vidro no qual me fito
Não é mais que um grande espelho

2018

(baseado no conto “Do outro lado do espelho”, escrito em 2013)


segunda-feira, 7 de novembro de 2022

 


PÁGINAS ESCOLHIDAS

De um livro de contos que ainda não foi publicado
(Augusto Pellegrini)

O ATOR

A exibição de O Defunto Virgem foi repentinamente interrompida por três tiros de revólver disparados no peito do desditoso diretor Benito Rubaloca, disparados por sua mulher Ignes Rubaloca num acesso de ciúme, diante de algumas dúzias de testemunhas – atores e público – conforme constou nas manchetes dos jornais do dia seguinte e no boletim de ocorrência lavrado na delegacia horas depois do crime.
            A atriz e motivação do crime Dorotéa Vaughan trancou-se no banheiro e só foi de lá retirada quatro horas depois pelo servente do teatro, muito lívida e balbuciante, após a polícia ter levado madame Rubaloca – que depois do terceiro tiro não se preocupou em se livrar do flagrante e prostrou-se sentada numa cadeira esperando pelo seu inexorável destino.
            Dias depois, passado o susto, Dorotéa aproveitou para tirar vantagem do desditoso episódio e foi se expor em um programa da televisão marrom – para mais tarde contracenar um filme B onde expôs a sua natureza nua e crua para faturar o equivalente a cinco anos de apresentação no Teatro Aliança. No filme, sua beleza estática e sua falta de talento não chegaram a ser problema.
             Timóteo, o diretor-assistente, saiu de circulação, e a última vez que foi visto vendia frutas na feira, também sem exibir o menor talento.
             Rubaloca, o pivô da questão, teve enfim seu nome eternizado no Diário de Notícias como sempre fora o seu desejo, muito embora na página policial.
             Quanto a mim, desde então sou um mais um personagem da vida real à procura de uma persona no palco, saudoso do camarim que guarda aquele silêncio que antecede o espetáculo e daquele calafrio que antecipa a entrada triunfante no palco.
              E, na falta de um Tennessee Williams para produzir um texto, sigo à espera de um aprendiz para escrever as minhas falas.