sábado, 23 de outubro de 2021

 


HELÔ 

1970

(Canção, com música de Renato Winkler e letra de Augusto Pellegrini)

 

Estou sozinho, Helô

Lápis na mão

Meus companheiros são

Papéis inúteis pelo chão

 

Paredes brancas

Quadros sem cor

Meus versos sem valor

Refletem só vazio, Helô

 

Velhas poltronas

Livros abertos

Cadeiras duras

Relógios lentos

Lâmpada acesa

Cinzeiro cheio

Mesa empoeirada

Porta se abrindo...

 

Noite outonada, Helô

Chuva sem graça, Helô

Estrada molhada, amor

Cansado o passo, Helô

 

 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

 

 


EU E A MÚSICA

YEAH, THE BLUES!

Augusto Pellegrini

(o Brasil no circuito mundial dos festivais)

Parte 4


Boa parte das histórias ouvidas nos bastidores do Festival acabaram se tornando descartáveis, e serviram  apenas para ilustrar alguns dos meus programas radiofônicos, mas uma conversa, em especial, ficou registrada, posto que histórica.
Bo Diddley, nascido Ellas Otha Bates, tinha sessenta e dois anos na ocasião do festival, embora aparentasse mais.
Ao contrário da maioria dos artistas presentes, que esbanjavam vitalidade, Diddley mantinha uma atitude melancólica, cansada e pouco sorridente, embora aparentemente tudo corresse sem qualquer problema na turnê blueseira.
Bo Diddley era o “low profile” que não combinava com a vibração do evento.
Cantor, guitarrista e compositor (suas músicas eram assinadas como Ellas McDaniels), Bo Diddley com sua guitarra quadrada foi talvez a figura mais emblemática do festival. Ele se constitui num dos elos mais importantes de um tipo de música que uniu o blues ao rock and roll e influenciou, entre outros, os astros Buddy Holly, Jimi Hendrix, Eric Clapton e Elvis Presley, além de Beatles e Rolling Stones. O que não é pouco.
Foi exatamente a menção a Elvis Presley que esquentou o assunto e soltou a língua do velho bluesman.
Apesar de ser mundialmente reconhecido como um dos maiores artistas do blues e do rhythm & blues, Bo Diddley reclamava que a sua carreira poderia ter sido muito mais bem sucedida se alguns produtores de discos e de shows não tivessem interferido de forma tão negativa e decisiva no seu desenvolvimento.
Ele, Diddley, teria sido o pioneiro a mostrar nos palcos a famosa performance do “rebolado do rock and roll” que se imortalizou com Elvis “The Pelvis” e que o público pudico dos anos 1950 considerava obscena e atentatória aos bons costumes (mas os jovens rebeldes sem causa simplesmente adoravam).
Possivelmente”, prosseguiu Diddley, “tenha sido um outro negro, Chuck Berry, quem realmente iniciou aquele tipo de dança lasciva, mas Berry podia ter tudo – ritmo, drive, empolgação – mas não conseguia passar para o público nem um pingo de malicia ou de sensualidade. Chuck era mais feio do que eu”. E riu, pela primeira vez durante a nossa conversa.  
Na sua própria descrição, Bo Didley era negro, feio e não tinha a estatura necessária para estar dentro dos padrões de beleza universalmente aceitos. No entanto, a novidade deste tipo de dança na nova música era tão empolgante que os produtores de shows decidiram que o rebolado devia ser incrementado por algum outro cantor, desde que fosse branco, bonito, atlético e sensual.
Assim, nos meados dos anos 1950, Bo Diddley foi descartado e caiu no limbo do rock and roll, derivando seu talento para uma área com menor apelo mercantil, o blues. 
Os produtores saíram então em campo à cata do homem com o biótipo ideal que tivesse o DNA para vender discos e aguçar o espírito da juventude, e descobriram um jovem cantor e guitarrista natural do Mississipi que estava fazendo um relativo sucesso no rádio e na televisão cantando uma espécie de ballad-country e de rock-blues.
Seu nome era Elvis Presley, ex-motorista de caminhão que estourou para o grande público com o bluesThat’s All Right Mama” (Arthur Crudup) e “Blue Moon Of Kentucky” (originalmente uma valsa escrita em 1946 por Bill Monroe), músicas que receberam um tratamento diferente por parte do guitarrista Scotty Moore e do baixista acústico Bill Black, nascendo daí – junto com o trabalho de outros pioneiros – o estilo “rock-a-billy”, uma fusão da country music com o rhythm & blues. 
O rebolado pra valer começou em 1957 com “Jailhouse Rock” e “King Creole” (ambas de Jerry Leiber e Mike Stoller), depois de uma série de baladas românticas, que no futuro iriam se constituir no ponto alto das suas interpretações – como “Love Me Tender” (George R.Poulton, W.W. Fosdick  e Ken Darby) e “Lovin’ You” (Jerry Leiber e Mike Stoller).
De acordo com Diddley, foi nestas circunstâncias  que os produtores “roubaram” a sua ideia e que um eventual título, “The King of Rock‘n’Roll”, lhe teria sido usurpado.
O depoimento histórico foi encerrado abruptamente com a chegada de alguém da produção convocando Diddley para uma foto, a pedido de um repórter.  Não tenho certeza, mas ficou a impressão de que sobrou no rosto do velho bluesman um certo ar de alívio quando ele se despediu de mim, o que provavelmente acontecia por quase quarenta anos sempre que seu coração se abria para algum desconhecido.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 


ENGLISH IN DROPS

      Copyright Michael Strumpf & Auriel Douglas)

 (ver tradução abaixo) 

 

GRAMMATICAL CANNIBALS  

Question: A professor at a local university sent us this gem written in a term paper by one of his students. The sentence read, “The farmers have to raise the cattle so they will be strong and healthy enough to eat.

Answer: Who is eating whom in this farming community? Are the ranchers fattening up their own for shipment to the dog food local plant? Is cannibalism alive and well somewhere in rural Iowa? Of course not! The sentence contains a vague antecedent. Does the personal pronoun “they” applies to the farmers or to the cattle? It certainly refers to the cattle. The sentence should read, “The farmers have to raise their cattle to be strong and healthy enough to eat.
It behooves us all to practice the art of clear and concise writing and speech.    

 

 

TRADUÇÃO 

CANIBAIS DA GRAMÁTICA 

Pergunta: “Um professor de uma universidade local nos enviou esta joia, escrita em uma dissertação por um dos seus alunos. A sentença dizia, “Os fazendeiros devem criar seus bois a fim de que eles fiquem suficientemente fortes e salutares para se comer”.  

 

Resposta: Quem está comendo quem nesta fazenda? Os rancheiros estão num processo de engorda antes de serem enviados para uma fábrica de comida canina? Está sendo praticado algum tipo de canibalismo em algum lugar do interior de Iowa? É claro que não! A sentença contém um antecedente obscuro: o pronome pessoal “eles” diz respeito aos fazendeiros ou aos bois? Com certeza se refere aos bois. A sentença deveria ter sido escrita “Os fazendeiros devem criar o  seu gado de maneira que os bois fiquem suficientemente fortes e salutares para se comer”.
Portanto, cabe a nós a observância e prática da arte da escrita ou de um discurso que seja claro e preciso.

 


     PÁGINAS ESCOLHIDAS

O FANTASMA DA FM (1992)
(Augusto Pellegrini)

 O ORGULHO OU SOBERBA

A primeira coisa que me vem à mente é que a palavra mal-usada (ou bem-usada, dependendo do caso) pode mudar totalmente o sentido do pecado, transformando-o em virtude, e fazendo com que muita gente deseje ser não um pecador, mas um objeto do seu predicado ou, quem sabe, o próprio sujeito.

Assim, quando se diz que Frederico tem orgulho da inteligência do seu cachorro Pazzo não se pratica nenhum pecado – a não ser quando o cachorro Pazzo deixa de ser inteligente e abocanha os dedos de Frederico junto com o pedaço de carne que o dono lhe oferece. Nessa situação, Frederico deixa de ter orgulho e incorre num outro pecado – a ira.  

Também quando se afirma de Doralice tem uma bunda soberba, não existe menção alguma sobre o ar de superioridade que suas protuberâncias possam ter em relação à magra Henriqueta, mas sim à crescente admiração que seu caminhar regurgitante provoca, mas aqui também estamos falando de um outro pecado.

Na verdade, orgulho lembra o samba de Billy Blanco que “não fala com pobre, não dá mão a preto nem carrega embrulho” – até que algum dia cai do alto e termina com terra por cima e na horizontal.

(Um pequena análise sobre o orgulho, ou soberba, como queiram)

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 

SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 05/07/2019
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA



AL HIRT - SWINGIN DIXIE!

HIS TRUMPET & DIXIELAND ORCHESTRA AT DAN'S PIER 600

Produto de uma série de ingredientes – ragtime, blues, spiritual, canções de trabalho e bandas militares, entre outros – o jazz tradicional é uma das mais puras manifestações da música americana. Nascido no sul dos Estados Unidos no início do século 20, o estilo se propagou em pouco tempo e, sob diversas denominações, como Traditional Jazz, Stomp, New Orleans, Dixieland e Chicago Style, ele também atravessou o país, alcançou gerações e foi o responsável pelo surgimento de diversos músicos que escreveram o seu nome na história. Entre eles, Al Hirt, que desembarcou na segunda leva dos grupos de Dixieland no "revival" dos anos 1950, e ficou conhecido pela intensa vibração que dava às suas interpretações. Nesta gravação, feita em 1958 no Dan's Pier 600, em Nova Orleans, ele mostra toda a força e qualidade da sua música e do seu trompete, com músicas que marcaram o estilo, como "Mississipi Mud", "New Orleans", "Floatin' Down to Cottontown" e "I Want a Big Butter & Egg Man".  

 Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini

 

domingo, 17 de outubro de 2021

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright FluentU) 

(ver tradução após o texto)

 

LOSE and LOOSE 

We spell these words differently and pronounce them differently, but English speakers still use them incorrectly. Luckily, they’re easy to distinguish.

LOSE – pronounced with a “Z” sound is a verb meaning “to not have something anymore”, “to be unable to find something” or “to not win”. You LOSE your cellphone, or you LOSE on a bet.

 

“I don’t want my football team to LOSE this game.”

  

            “She will LOSE her money if she gambles with it.”

 

            LOOSE – with an “S” sound, is an adjective that means “free”, “floppy”, “unattached” or “not tight”. It’s also a verb meaning “to untie or let go something”.

 

             “The door handle fell off because it was too LOOSE.”

 

            “A LOOSE sweater feels very comfortable.”

 

 

            

            TRADUÇÃO

 

PERDER e AFROUXAR  

Em inglês, estas palavras (LOSE e LOOSE) são soletradas e pronunciadas de forma diferente, mas costumam ser usadas de maneira incorreta. Felizmente, porém, é bastante fácil de diferenciá-las.

LOSE – pronunciada com som de “Z”, é um verbo que significa “perder” (“não ter mais alguma coisa”, “não conseguir encontrar alguma coisa” ou “não vencer”). Você pode perder (LOSE) o seu telefone celular ou uma aposta.  

            “Eu não quero que o meu time perca.”

“Ela vai perder dinheiro se entrar nesse jogo.”

LOOSE – tem o som de “S”, e é um adjetivo que significa “livre”, “frouxo” “solto” ou “não apertado”. Como verbo, significa “afrouxar ou soltar alguma coisa”.

 

 

“A maçaneta caiu porque estava solta.”

“Uma blusa folgada é muito confortável.”