AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA

MARY LOU WILLIAMS (1910-1981) 

Nome completo – Mary Elfrieda Scruggs

Nascimento – Atlanta-Georgia-EUA

Falecimento – Durham-North Carolina-EUA

Instrumento – piano

 

Comentário – Apesar de ter comandado uma orquestra durante apenas alguns anos, Mary Lou Williams merece estar nesta galeria porque participou ativamente da música orquestral das big bands, ganhando fama pelos arranjos feitos para ninguém menos do que Duke Ellington, Earl “Fatha” Hines, Louis Armstrong, Tommy Dorsey, Benny Goodman e Cab Calloway. Quando começou a aparecer como pianista, Mary adotou o sobrenome do padrasto e ficou conhecida como Mary Lou Burley, mas aos dezesseis anos ela se casou com o saxofonista John Williams e passou a usar o nome do marido. Mary Lou começou a tocar piano como autodidata com a idade de seis anos, e antes dos dez já se apresentava em público. Aos treze ela se iniciou no vaudeville, vindo mais tarde a conhecer John e se mudar para Memphis-Tennessee onde realizou algumas gravações para a Synco Jazzers Records. Tocou depois em Kansas City na orquestra de Andy Kirk, sendo em pouco tempo reconhecida como a principal solista do grupo. Mary se manteve com Andy Kirk até 1942, quando se divorciou de John Williams – que era um dos saxofonistas da orquestra – e se casou com o trompetista Harold “Shorty” Baker, ao lado de quem dirigiu a primeira – e única – orquestra da sua vida. Pianista das mais conceituadas, Mary Lou resolveu deixar o comando da big band e se dedicar integramente ao instrumento quando Shorty Baker foi tocar na orquestra de Duke Ellington, para quem ela começou a escrever alguns arranjos. Mary Lou foi uma das mentoras harmônicas da turma do bebop – Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Bud Powell e Tadd Dameron – não apenas colaborando com novas idéias como também compondo algumas peças, como é o caso de “Zodiac Suite” e “In The Land Of Oo-Bla-Dee”.  Ela viveu na Europa entre 1952 e 1954, ocasião em que se envolveu profundamente com a religião católica e gradualmente começou a abandonar a música, voltando esporadicamente para apresentações ao lado de Dizzy Gillespie, do pianista Cecil Taylor e da orquestra de Benny Goodman, além de outros concertos-solo em recitais e festivais de jazz. Debilitada por uma doença insidiosa, Mary Lou fez sua última apresentação em Tallahassee-Florida antes de morrer aos setenta e um anos, depois de uma carreira que durou praticamente toda a sua vida.

 

Algumas gravações 

From This Moment On (Cole Porter)

Just You, Just Me (Jesse Greer)

Lonely Moments (Mary Lou Williams)

Lover, Come Back To Me (Sigmund Romberg-Oscar Hammerstein II)

Mary Lou Blues (Mary Lou Williams)

My First Date With You (Mary Lou Willaims)

Oh Lady Be Good (George Gershwin-Ira Gershwin)

Oo-Bla-Dee (Mary Lou Williams-Milt Orent)

Out Of Nowhere (Edward Heyman-Johnny Green)

Roll ‘Em (Mary Lou Williams)

Sometimes I’m Happy (Vincent Youmans-Irving Caesar)

Stardust (Hoagland “Hoagy” Carmichael-Mitchell Parish)

The Sheik Of Araby (Harry Beasley Smith-Ted Snyder-Francis Wheeler)

There’s A Small Hotel (Richard Rodgers-Lorenz Hart)

Walking (Mary Lou Williams)

When Dreams Come True (Benny Goodman-Edgar Sampson-Chick Webb)

Would I Love You (Bob Russell-Bob Spina)

 

 

SINOPSE DE PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 09/12/2016
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

A ARTE DA BOSSA JAZZ

NOVAS ESTRUTURAS - LUIZ CARLOS VINHAS  /  EMBALO - TENÓRIO JR

A revolução estética da bossa nova não teve apenas repercussão na poesia e na música de banquinho e violão. Sua afinidade com o jazz e sua linha harmônica dissonante logo fez aparecer um grande número de músicos - boa parte deles pianistas - que começaram a instrumentalizar o movimento. Entre mais de uma dezena de trios, onde se destacam Zimbo Trio, Tamba Trio, Jongo Trio, Sambalanço Trio, Bossa Jazz Trio e outros, que se transformaram em quartetos, quintetos e outros "etos" iremos destacar dois em especial para entreter os ouvintes de jazz nesta sexta-feira. Trata-se dos grupos liderados por Luiz Carlos Vinhas e por Tenório Jr., em dois álbuns antológicos (Novas Estruturas e Embalo), ambos gravados em 1964. Aqui, a bossa nova é mostrada com toda a sua intensidade, com arranjos belíssimos que se perderam no tempo, dando espaço infelizmente a uma algaravia de sons que mais tarde tomaram conta da música contemporânea.      

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini

 

 

 

AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA

LUIS RUSSELL (1902-1963) 

Nome completo – Luis Carl Russell

Nascimento – Careening Cay-Panamá

Falecimento – Nova York-New York-EUA

Instrumento – piano

 

Comentário – Luis Russell era filho de um professor de música, e desde cedo se dedicou ao estudo do violino, violão, trombone e piano. Em 1917, ele trabalhava como pianista tocando em sessões de cinema mudo na sua cidade quando foi convidado para ser a atração principal de um cassino em Colón, também no Panamá. Pouco tempo depois, ao ser premiado com três mil dólares na loteria, Luís decidiu mudar de ares e se transferiu com toda a família para Nova Orleans. Lá, ele teve a oportunidade de ingressar em algumas bandas de jazz tradicional, se apresentando com músicos de alto conceito, como Steve Lewis e Albert Nicholas, até que em 1925 recebeu um convite irrecusável para se juntar à banda de King Oliver em Chicago. No entanto, Russell ficou pouco tempo com Oliver. Inquieto, ele resolveu se desligar em 1926 para realizar as suas primeiras gravações como freelancer e depois se mudou para Nova York onde formou a sua primeira orquestra. Russell participou de grupos de jazzistas memoráveis, como os de Jelly Roll Morton, Red Allen e Louis Armstrong, com os quais gravou diversas músicas. Insatisfeito com o jazz puramente tradicional, Russell tentou então experimentar um novo estilo orquestral, que se antecipava ao swing. Mesmo assim, ainda trabalhou com Louis Armstrong de 1929 até 1935, e talvez por isso jamais tenha conseguido se livrar completamente das influências de Nova Orleans, o que de certa forma comprometeu o seu desempenho dentro do swing. Por conta disso, durante a explosão do swing a sua orquestra não ganhou força. Sentindo-se fora do mercado, apesar de bastante considerado dentro do estilo jazz hot, Russell resolveu abandonar a música em 1948 e, embora esporadicamente ainda ministrasse aulas para principiantes, acabou se transformando em um comerciante de doces e de brinquedos. Em 1959 Luis Russell visitou o Panamá pela última vez e executou ao piano um recital de música clássica. Se tivesse se concentrado no swing, provavelmente Luis Russell teria conseguido mais destaque no cenário jazzístico americano. Ele se manteve musicalmente ativo de 1925 até o final dos anos 1940.

 

Algumas gravações 

African Jungle (Spencer Williams)

Back O’Town Blues (Luis Russell-Louis Armstrong)

Darktown Strutter’s Ball (Shelton Brooks)

Doctor Blues (Luis Russell-Paul Barbarin)

Dolly Mine (Luis Russell-Paul Barbarin)

Higginbotham Blues (Luis Russell-J.C.Higginbotham)

Hokus Pokus (Luis Russell)

I Got Rhythm (George Gershwin-Ira Gershwin)

Jersey Lightning (Luis Russell)

My Blue Heaven (Walter Donaldson-George Whiting)

Ol’ Man River (Jerome Kern-Oscar Hammerstein II)

Panama (William H.Tyers)

Saratoga Drag (Luis Russell-Gresley Walton)

Savoy Shout (Luis Russell)

Song Of The Swanee (Luis Russell)

The Call Of The Freaks (Paul Barbarin-Luis Russell)

You Rascal You (Lovin’ Sam Theard)

 

 

NÃO VOU JAMAIS AMAR 

(Samba de Augusto Pellegrini – Marinho – Luís Albuquerque)

1976

 

Me vejo perdido num canto

A chorar de aflição

Passado, saudade

Lembrança, desilusão

Palavras que têm consistência

Num samba, é verdade

Mas que na realidade

Só fazem magoar um coração

 

Pedaços da minha vida

Espalhados ao chão

Colhidos e reconfessados

Por meu violão

Se toda a filosofia

Pudesse assim demonstrar

Toda a verdade contida

Num samba na mesa de um bar

Confesso, então eu diria

Ironia, melhor não falar

Em samba e na poesia

Não vou jamais amar

 

NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright FluentU) 

(ver tradução após o texto)

 

LOLLYGAG 

What a fantastic verb – to LOLLYGAG! Nothing to do with “lollies” or gags”. It actually means “to be idle” or “to waste time”. It’s most common in the USA. It’s not unusual to hear parents shout to their children to “stop LOLLYGAGGING!” – now you’ll know what they’re talking about! The word has been used since the 1800’s and nobody really knows where it came from through.

             “We can’t LOLLYGAG around and expect to have good results!”

           “They come from yards around to LOLLYGAG on my grass and under my bushes.”

 

            “This isn’t a course where you just come in and LOLLYGAG!”

 

 

           

            TRADUÇÃO

 

FAZER NADA

Que verbo fantástico – FAZER NADA! (em inglês – LOLLYGAG). LOLLYGAG não tem nada a ver com LOLLY (pirulito) ou GAG (mordaça). Na verdade, ele quer dizer “fazer nada, vadiar, ficar de papo pro ar”, e é muito usado nos Estados Unidos. É comum ouvir pais dizerem para os seus filhos “to stop lollygagging” (“vamos parar com essa vadiagem!”). Esta palavra é usada desde o século 19 e não se tem a menor ideia de como ela surgiu.

            “A gente não pode ficar sem fazer nada e pretender bons resultados!”

“Eles vêm de alguns quintais aqui por perto e ficam descansando na minha grama e debaixo das minhas plantas.”

“Este não é um curso onde você entra e fica vagabundeando!”

 

 

AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA

LUIS ARCARAZ (1910-1963) 

Nome completo – Luis Arcaraz Torrás

Nascimento – Cidade do México-México

Falecimento – San Luis Potosi-Mexico

Instrumento – piano

 

Comentário – O mexicano Luis Arcaraz foi um dos mais importantes músicos de orquestra surgidos após a primeira guerra. Apesar de não ser norte-americano, ele conseguiu dar à sua música uma interessante característica de jazz orquestrado, mesclando com autoridade os sons latinos com o swing que surgia nos Estados Unidos. Desde criança, Arcaraz apreciava ouvir a música orquestral norte-americana e quando começou a compor, ainda jovem, deixou patente a influência do som das grandes orquestras de Chicago e Nova York na música mexicana que ele trazia como raiz. Curiosamente, apesar de sua paixão pela música, Arcaraz tinha a intenção de se tornar toureiro; felizmente sua mãe o demoveu da ideia, convencendo-o a se dedicar ao estudo de piano e à engenharia (posteriormente ele abandonou a escola de engenharia e ficou apenas com a música). Luis Arcaraz passou algum tempo na Espanha, se aperfeiçoando, e quando retornou ao México, apesar de muito jovem, conseguiu emprego como pianista e cantor na Rádio XEW. Suas apresentações caíram no gosto popular, e quando ele formou a sua primeira orquestra em 1928, ainda com dezoito anos de idade, o público lotou o Teatro Palma, em Tampico, pressagiando uma carreira de enorme sucesso. A orquestra tocava um vasto repertório de standards americanos, mas também executava diversas das suas composições – que no futuro somariam mais de duzentas – em especial o seu maior hit, denominado “Sombra Verde”. Suas gravações de “September Song” e “Because Of You” ultrapassaram as fronteiras dos mercados mexicano e norte-americano e foram executadas em todo o mundo. Luis Arcaraz compôs músicas para vinte e três filmes do cinema mexicano e no início dos anos 1950 ele começou a se apresentar com brilho no sudoeste dos Estados Unidos, excursionando regularmente durante toda a década. Em 1960 Arcaraz se estabeleceu em Monterey, no México, onde montou sua própria casa noturna, que ele batizou de “Cita con Arcaraz” (“Um encontro com Arcaraz”). Três anos depois, com a idade de cinquenta e três anos, Luis Arcaraz morreu em um acidente de automóvel quando se deslocava de Monterey para a Cidade do México, onde faria mais uma apresentação com a sua orquestra. Ele estava no auge da fama e da glória.

 

Algumas gravações 

Because Of You (Oscar Hammerstein II-Dudley Wilkinson)

Bonita (Luis Arcaraz)

Caravan (Duke Ellington-Irving Mills-Juan Tizol)

Jealousy (Jacob Gade-Vera Bloom)

Laura (Johnny Mercer-David Raksin)

Love Letters In The Sand (Nick A.Kenny)

Prisionero Del Mar (Luis Arcaraz-Ernesto Cortázar)

Que Pronto Paso (Luis Arcaraz)

September Song (Kurt Weill-Maxwell Anderson)

Sombra Verde (Luis Arcaraz)

Stormy Weather (Harold Arlen-Ted Koehler)

Stranger In Paradise (George Forrest-Richard Wright)

Superstición (Luis Arcaraz)

Taboo (Margarita Lecuona-Sidney K.Russell)

Trumpet Mambo (Dámaso Pérez Prado)

Whispering (Malvin Schoenberger)

You’ll Never Know (Harry Warren-Mack Gordon)

 

 

 

O TOLO

(Augusto Pellegrini) 

O tolo é um rei no seu mundo
Querendo ser importante
Dono de um orgulho profundo
Pensa que é corda – (é barbante) 

Ele não sabe distinguir eira de beira
E acredita ser “o bom”, crê ser o maior filé
Quando lê, ele só escolhe o que é besteira
Sabe nada de tudo, sabe muito pouco, até

Não tem a menor noção de onde colocar os pés
De nada entende, mas se dá ares de erudição
Pensa ser grande mentor do clássico e do jazz
Mas daquele autor medíocre ele sempre faz menção

Ao corrigir coisas certas, sempre faz a coisa errada
Vê um mundo diferente, na sua visão retorcida
Caminha por meios-fios, nunca anda pela calçada
E vive num mundo oblíquo, como se fosse outra vida 

Seu julgamento é impreciso, tendencioso e distorcido
Julga todo mundo tolo, sem saber que o tolo é ele
Seus maneirismos não convencem nem o seu melhor amigo
E assim vai vivendo a vida no seu mundo paralelo

Atoleimado todo
Atoleimado tolo

maio/2021