sábado, 24 de agosto de 2019






À MODA DA CASA 
(Marchinha composta por Augusto Pellegrini em 1968)

Silenciosamente eu saio à rua
A manhã flutua
E o nevoeiro da noite passada passou
Silenciosamente cuido de mim
Num botequim
Cerveja preta gelada
E um misto quente na chapa
Indiferente
À moda e à marca da casa

Silenciosamente no barulho
Milhões de embrulhos
Pacotes muitos, laços cor de rosa nas mãos
Silenciosamente sons musicais
Sons guturais
São discos tocando alto
E gente ganhando a nota
Indiferentes
À moda da casa

O grande sucesso do momento
É de ciúme, de queixume
Ou puro ardume de amor
Com azedume eu saio à rua
Com coragem
Não é fácil enfrentar monstro-motor
À moda da casa eu vejo o caso
Com descaso
Por acaso eu sou alguém?
Não sei
Então eu sigo à moda da casa
Esqueço o caso num silêncio
Até que eu faço muito bem

Perigosamente o povo vive
Mais uma crise, mais uma virgem
Pétala de rosa no chão
Naturalmente sempre os dramas existem
E as damas insistem
A convidar na calçada
Ao menos lá na avenida
Indiferentes
Às coisas da vida





O ORGULHO  
(Excerto)


O palco da pantomima foi o escritório de uma poderosa estatal. Os personagens são o diretor geral Doutor Sacramento, a secretária Dona Júlia e eu, mísero office-boy.
Dona Júlia, um exemplo de dedicação, levantara aquele dia pisando com o pé esquerdo e num momento de irreflexão teve uma discordância com o chefe, que era um verdadeiro déspota.
Ele vestiu sua face com o seu olhar mais satânico e disse num tom tonitruante que pode ser ouvido em todo o andar: “Dona Júlia, chame o chefe do pessoal e peça para ele contratar uma nova secretária. E que seja bem rápido!”. Dona Júlia olhou com os olhos arregalados de quem está sendo despejada da casa e tendo que assinar a sua própria sentença. Aos cinquenta e alguns anos ela teria que ir à cata de um novo emprego, além de aturar o sorriso vencedor dos seus inimigos.
Dona Júlia desabou num desmaio que – comentam – teria sido mais histriônico que neurológico, mas eu me precipitei em socorrê-la, num ato de cavalheirismo extremo.   
Doutor Sacramento passou pelo corpo inerte e se dirigiu à sua sala como quem estivesse desviando de um cachorro morto. Bateu a porta com força sem olhar pra trás.
O chefe do pessoal veio e despediu não somente Dona Júlia por insubordinação, como a mim também, por conivência.

-0-0-0-

Nosso reencontro foi dramático.
Quase quinze anos haviam transcorrido. Continuei meus estudos, e tudo aconteceu numa sequência muito rápida: a graduação, o mestrado, o doutorado no exterior, o cargo de diretor numa grande empresa multinacional e a gestão dos negócios da empresa junto ao governo.
Convocado para uma reunião onde seria decidido o investimento de alguns bilhões de dólares, encontrei-me novamente com a fera, já meio gasta, os olhos opacos e os poucos cabelos já definitivamente brancos, embora apresentando o mesmo ar de empáfia e superioridade, usando na cabeça a mesma coroa de louros – “Ave, Sacramentus!” – embora invisível.
O encontro se deu no elevador todo envidraçado em fumê. Ele me reconheceu e fez um muxoxo de desagrado, e este muxoxo se transformou em espanto quando ele entendeu que caberia a mim a condução dos negócios, interpelando e orientando a todos naquela enorme mesa de jacarandá, tendo ao fundo uma pintura de Gainsborough.
Ao fim da reunião, derrotado em todos os seus argumentos, Sacramento parecia um vaso Ming se fragmentando, um pergaminho se desfazendo, um frade nu.   
Soube que ele morreu um mês depois da reunião, amaldiçoado pelas pragas solitárias de Dona Júlia agravada por uma úlcera perfurada – dizem os especialistas.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019






ABRACADABRA... PUFF !!!

Tinha dinheiro, mas eis que de repente
Minha polpuda carteira fica vaga
Pensando bem, é bem melhor pra gente
Se fazer de pão-duro diariamente
E não gastar dinheiro feito água

Mas os amigos, ah vêm os amigos
Que, sabedores da nossa poupança
Nos consideram santo salvador
E se aproximam cheios de esperança
Pedindo ajuda – “amigo, por favor”!

O bolso então aos poucos esvazia
E os juros da poupança vão pro ralo
E na devolução, conforme o caso
Se o empréstimo foi feito a bolso raso
Vêm náuseas naturais, vem pressão alta

Mas felizmente isso não é comigo
Graças aos céus algum provento tenho
O que faz da devolução simples rotina
Mesmo pensando no quanto eu não retenho

De quem me salva eu sou também amigo
E para os meus devoto um forte empenho
Pra nunca ser chamado de sovina
Pra nunca ser cobrado numa esquina







THE GRAMMAR BIBLE

ENGLISH IN DROPS
      Copyright Michael Strumpf & Auriel Douglas)

                                   (ver tradução abaixo)


THE COPIOUS DRINKER AND HER PILE  
Question: “Is this ad correct?” asked an astute beer drinker. “It reads, ‘She is sitting among a pile of beer cans.’”
Answer: Structurally, “among a pile” is correct, but logically it doesn’t make sense. You can not sit “among a pile”, which is defined as a single heap. You can sit “on” a pile or “next to” a pile or “between two piles” but not “among” one. The sentence needs to be reworded:
She is sitting among many beer cans.
She is sitting on a pile of beer cans.
She is sitting in the midst of many beer cans.

Any of these will work. Why was she there anyway? Doesn’t she have better things to do with her time? And who drank all that beer? The possibilities boggle the mind.  


TRADUÇÃO

A GRANDE BEBEDORA E A CERVEJA EMPILHADA


Pergunta: “Isto está correto?” perguntou um bebedor de cerveja esperto. “Está escrito ‘Ela está sentada entre uma pilha de cervejas’”.  

Resposta: A sentença “sentada entre uma pilha de cervejas” não faz sentido dentro da lógica. Você não pode se sentar “entre uma pilha”, pois “uma pilha” define uma única unidade. Você pode se sentar “numa pilha”, ou “perto de uma pilha” ou “entre duas pilhas”, mas não “entre uma pilha”. A sentença necessita ser refeita:

Ela está sentada entre muitas latas de cerveja.

Ela está sentada numa pilha de latas de cervejas.

Ela está sentada no meio de muitas latas de cerveja.

Nota: “Among” e “between” são traduzidas indistintamente como “entre” na língua portuguesa. Usa-se “among” quando você se refere a estar entre mais de duas coisas e “between” quando vocè se refere a estar entre apenas duas coisas:

She distributed the candies among the twelve children (Ela distribuiu os doces entre as doze crianças).

She distributed the candies between the two children (Ela distribuiu os doces entre as duas crianças).


segunda-feira, 19 de agosto de 2019







SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 21/04/2017
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

MIKE NOCK TRIO
  
Michael Anthony "Mike" Nock é um pianista neozelandês que alcançou grande sucesso na Austrália, Nova Zelândia e Europa com o seu jazz cheio de estilo. Quando eu digo cheio de estilo, eu convido o ouvinte do Sexta Jazz para conferir. É muito interessante constatar que tanto o seu ritmo quando a sua melodia têm uma indelével afinidade com a música brasileira dos grandes mestres do piano reportando ao final do século 20 - de Antonio Carlos Jobim a Antonio Adolfo, de Wagner Tiso a Gilson Peranzetta, de Edu Lobo a Cesar Camargo Mariano. Mike Nock vem acompanhado pelos irmãos Ben Waples no contrabaixo acústico e James Waples na bateria, interpretando músicas da sua autoria e outras praticamente desconhecidas do público brasileiro de autores como Gigi Gryce, Bill Reid e Russ Freeman. O concerto foi gravado ao vivo em outubro de 2008 no Sound Lounge Sydney, na Austrália. 

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini







NOVOCABULÁRIO INGLÊS
(Copyright MacMillan)

(ver tradução após o texto)

SHEEPLE

The power of 21st century media tricks many of us into following the most fashionable ideas of the moment. If you’re one of those people who tends to follow popular trends and bases their opinions on what everyone else is saying, then count yourself among the SHEEPLE. A blend of the words “sheep” and “people”, SHEEPLE describes people who are easily persuaded and tend to follow what others do.

            “Unfortunately, voters succumbed to the bullying tactics of our elected officials… These increased taxes will harm the economy and hurt families. Hopefully, voters will remember in the future that it’s ‘We the people’ not ‘We the SHEEPLE’.” (Macon Telegraph, 22nd June 2005)
  

TRADUÇÃO

CARNEIROS AMESTRADOS
A força da mídia do século 21 ilude muitas pessoas para que elas sigam as ideias da moda. Se você é um desses que costuma seguir tendências populares e baseia a sua opinião naquilo que os outros estão dizendo você faz parte dos CARNEIROS AMESTRADOS. “SHEEPLE” é uma mistura das palavras “sheep” (carneiro) e “people (gente) e descreve as pessoas que são convencidas com facilidade a fazer aquilo que os outros querem.

 “Infelizmente, os eleitores sucumbiram às táticas de intimidação dos candidatos eleitos... O constante aumento de impostos vai levar a economia a pique e prejudicar muitas famílias. Esperamos que os eleitores se lembrem no futuro que o correto é “nós, o povo” e não “nós os CARNEIROS AMESTRADOS”.   (Publicado no Macon Telegraph em 22 de junho de 2005)