sexta-feira, 11 de outubro de 2013


 
 A SELEÇÃO DE TODOS 

As pessoas têm o hábito de selecionar e classificar tudo o que existe na face da terra. Isso vale para as espécies da natureza, para concursos de beleza, para festivais de música, mostras de cinema, programas de calouro, e até para a disputa entre compositores eruditos que nunca imaginaram esta situação de confronto, até porque não eram contemporâneos.

No futebol, então, isso virou mania: é seleção da rodada, seleção do campeonato, os melhores times de todos os tempos, o gol mais bonito do ano, e por aí vai.

Como regra geral, há os que concordam e os que não concordam com as escolhas porque, como diz o ditado, em cada cabeça uma sentença.

Uma das revistas esportivas mais conceituadas do mundo, a inglesa World Soccer, realizou recentemente uma eleição para a escolha de um time com os melhores jogadores da história. A escolha foi feita por 73 jornalistas de diversas partes do mundo que deram a sua opinião sobre a escalação desta mega seleção, possivelmente levando em conta aqueles jogadores que eles próprios viram atuar.

Tarefa difícil e improdutiva. Com certeza cada analista (e cada leitor) faria uma escolha diferente em pelo menos meia-dúzia de posições.

Considerando a plêiade de futebolistas brasileiros que já encantaram o mundo desde a época de Leônidas da Silva, muitos deverão achar estranho que esta seleção maior tenha só dois jogadores tupiniquins.

Um deles, provavelmente sem qualquer contestação, é Pelé. O outro, dependendo do leitor, poderia ser o próprio Leônidas, ou Garrincha, Didi, Romário ou Ronaldo, todos eles seres iluminados que desequilibraram nas Copas do Mundo em que participaram.

No entanto, pasmem os senhores, a comissão julgadora optou por Cafu, um jogador esforçado, mas tecnicamente mediano e inferior a, por exemplo, Carlos Alberto Torres, na mesma posição. Digamos que Cafu seja uma mistura do voluntarioso Maicon com o arisco Daniel Alves, sem muito pedigree para fazer parte de um universo tão seleto, nem na vida real nem no imaginário popular.

É bem verdade que Cafu foi o jogador selecionado que obteve o menor numero de votos (24 no total), ao lado de Bobby Moore. Isto pode significar que foi difícil alcançar uma unanimidade sobre a existência de um “craque” nas suas respectivas posições.

Por outro lado, craques indiscutíveis como Di Stefano e Zidane também foram escolhidos com poucos votos (26 e 27 respectivamente), mas aqui cabe outro tipo de raciocínio: possivelmente a existência de muitos meio-campistas e pontas de lança de estirpe – como Schiafino, Liedholm, Puskas, Didi, Platini, Xavi e Iniesta – tenha pulverizado a votação, ou seja, muitos nomes foram citados para esta posição.

A seleção mais votada teve o goleiro Lev Iashin (da antiga União Soviética), os laterais Cafu (Brasil) e Paolo Maldini (Itália), os zagueiros Bobby Moore (Inglaterra) e Franz Beckenbauer (Alemanha), os meio-campistas Johann Cruyff (Holanda), Alfredo Di Stefano (Argentina), Zinedine Zidane (França) e Diego Maradona (Argentina), e os atacantes Pelé (Brasil) e Lionel Messi (Argentina), o único que está na ativa.

O mais votado foi Beckenbauer, com 68 indicações entre as 73 possíveis.

Trata-se de uma superseleção para ser pôster de revista, mas se conseguisse ser formada provavelmente acabaria não dando certo, pois tantos craques juntos carecem de um carregador de piano pra segurar as pontas.

Pensando bem, acho que a escalação de Cafu acabou sendo acertada.