sábado, 14 de fevereiro de 2015





                                                     A HISTÓRIA SE REPETE 

 (ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 13/02/2015) 

Mostrando um futebol pouco convincente, a seleção do Brasil encerrou a sua participação no Campeonato Sul-Americano Sub-20 disputado no Uruguai amargando um modesto quarto lugar.
A despedida teve um toque de melancolia com uma derrota contundente para a Colômbia por 3x0.
Menos mal que, terminando entre os quatro primeiros, o Brasil pelo menos conquistou o direito de disputar o Mundial da categoria a ser jogado em maio e junho deste ano na Nova Zelândia, representando a América do Sul juntamente com a Argentina (campeã do Sul-Americano), o Uruguai e a Colômbia.
Era o mínimo que se esperava, pois seria absolutamente cruel e vexatório se o Brasil não ficasse entre os quatro primeiros colocados em um torneio de seis participantes.
Se as coisas não forem consertadas, porém, corremos o risco de passarmos por um vexame maior no Mundial.
A seleção brasileira Sub-20 tem entre os seus integrantes alguns jogadores que já atuam como titulares dos seus respectivos clubes – entre eles os zagueiros Marlon (Fluminense) e Nathan (Palmeiras), os laterais Auro (São Paulo), João Pedro (Palmeiras) e Caju (Santos), o meio-campista Boschilia (São Paulo) e os atacantes Gabriel (Santos), Kennedy (Fluminense), Thales (Vasco), Yuri (Botafogo) e Malcom (Corinthians), além do ex-Internacional Otávio, atualmente defendendo o FC Porto, e Lucas Evangelista, ex-São Paulo, que joga na Udinese, da Itália.
Parece então que material não falta, pois o time possui bons valores individuais.
A seleção, no entanto, carece de uma estruturação tática mais moderna, isto é, padece dos mesmos males da seleção principal que perdeu o Mundial de 2014.
Infelizmente, estes males não se restringem apenas ao futebol praticado em campo e se não forem corrigidos representarão mais uma decepção daqui a três meses.
Os jovens são promissores, mas aparentemente não tiveram a orientação necessária, evidenciando despreparo em campo e causando cenas de grande constrangimento fora dele.
Depois de uma circulada noturna pelo bar do hotel onde estavam hospedados, três atletas arrumaram uma grande confusão com outros hóspedes e funcionários do hotel.
O rebuliço adentrou a madrugada, comprometendo a concentração do time que iria enfrentar a Argentina algumas horas mais tarde, quando o Brasil perdeu por 2x0 e deu um adeus antecipado às pretensões ao título.
A CBF não se manifestou imediatamente nem sobre o incidente nem sobre as providências que seriam tomadas, mas acaba de demitir o técnico Alexandre Gallo, que não conseguiu se impor nem dar padrão de jogo à equipe.
Gallo fez parte da equipe coordenada por Parreira em 2014 e apesar de não ter tido nenhuma influência prática sobre o resultado patético da seleção principal na Copa, ele está contaminado por aquela filosofia perdedora, que teve na falta de liderança de grupo a principal razão para má produção dos jogadores.
Nossos atletas ficam ricos e famosos muito jovens e com pouca maturidade, e padecem de um deslumbramento que deveria ser controlado pelos dirigentes, principalmente quando a equipe está representando o nosso futebol e a nossa história em uma competição de porte.
Sem uma correção de rumo logo iremos mostrar os mesmos problemas das seleções africanas, que primam pela indisciplina e pela falta de coordenação.